A Policia exerce função essencial à justiça. Não é instrumento político-partidário. A segregação pela justiça e a ingerência partidária em questões técnicas e de carreira dificultam os esforços dos gestores e operadores de polícia, criam animosidade, desviam efetivos e reduzem a eficácia e a confiança do cidadão nas leis, na polícia e no sistema de justiça criminal que, no Estado Democrático de Direito, garante a ordem pública e os direitos da população à justiça e segurança pública.
ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.
quinta-feira, 4 de outubro de 2012
MAIS DE CINCO HORAS PARA REGISTRAR ROUBO
Mulher espera mais de cinco horas para registrar roubo sofrido em ônibus na Lagoa. Ela foi levada com o ladrão, preso, a tiracolo à 15ª DP (Gávea) por PMs. De lá, o comboio seguiu para a 14ª DP (Leblon), e retornou à delegacia de Gávea, onde o registro foi enfim feito
Emanuel Alencar - O GLOBO 4/10/12 - 9h17
A dona de casa Claudeni Alves aguarda para ser atendida na delegacia da Gávea: registro só foi feito cinco horas depois Marcelo Carnaval / O Globo
RIO - Abordada por um criminoso, ela percorreu seis quilômetros sob constante ameaça do bandido. Somente após cinco horas e meia voltou para casa, aliviada. Não se trata de mais um caso de sequestro-relâmpago: desta vez, por causa da morosidade da Polícia Civil em fazer uma simples ocorrência, a dona de casa Claudeni Alves, de 40 anos, sofreu novo desrespeito após ter um cordão arrancado do pescoço. Assaltada num ônibus às 12h30m, na Lagoa, ela foi levada com o ladrão, preso, a tiracolo à 15ª DP (Gávea) por policiais militares. De lá, o comboio seguiu para a 14ª DP (Leblon), e retornou à delegacia de Gávea, onde o registro foi enfim feito. A vítima só foi liberada às 18h.
Claudeni contou ao GLOBO que embarcou no ônibus da linha 476 (Méier-Leblon, via Túnel Rebouças) no bairro de Del Castilho, na companhia de uma filha e de outras cinco crianças do bairro, todas entre 10 e 16 anos. Todas fazem natação no Clube de Regatas do Flamengo. Quando o coletivo passava pela Avenida Borges de Medeiros, um homem que estava sentado no último banco levantou-se e arrancou um cordão banhado a ouro do pescoço da dona de casa. O criminoso, que não estava armado, desceu do coletivo e embarcou num outro, que vinha logo atrás. Claudeni, então, avisou à patrulha do 23º BPM (Leblon) que fica em frente à Hípica. Dois PMs conseguiram prender o criminoso, que não reagiu.
Para delegado, procedimento normal
Foi aí que começou o périplo dos policiais, da vítima e do criminoso. A dona de casa conta que o setor de atendimento da 15ª DP, delegacia responsável pelas ocorrências na região, informou que não havia como fazer o registro ali, pois só havia um delegado naquele momento. Ela diz que chegou ao local por volta das 13h.
— A gente seguiu então para a delegacia do Leblon. Para a minha surpresa, na 14ª DP nos mandaram voltar para a 15ª DP. Só então eu pude fazer o registro. A todo o momento, o ladrão ficava me ameaçando. Ele dizia: “Eu vou ficar dois meses preso e depois estarei na rua de novo. E moro no mesmo bairro que você”. Foi horrível — disse a dona de casa, que teve o pescoço ferido durante a ataque do bandido.
O sargento Linhares, lotado no 23º BPM, também se queixou:
— O pior é que não é a primeira vez que isso acontece. A vítima estava ferida e nos mandaram de um lado para o outro, com o ladrão junto. A gente ficou sem poder voltar às ruas por conta dessa confusão toda.
O delegado titular da 15ª DP (Gávea), Fábio Barucke, contestou a versão de que os PMs, a vítima e o ladrão tenham chegado por volta das 13h à unidade. Ele acrescentou que o procedimento foi “normal”, e que a ida do comboio para a delegacia do Leblon em nada prejudicou o atendimento.
— Na hora em que eles chegaram eu estava fazendo um flagrante de assalto à residência. Então os mandei para a 14ª DP, porque o outro delegado que trabalha comigo estava fora. Imaginava que poderia adiantar lá. Prender uma pessoa não é um processo simples, requer a emissão de um monte de documentos. A ida deles para o Leblon não atrapalhou em nada. Eles teriam que esperar eu acabar o primeiro flagrante. Não tem como fazer dois flagrantes ao mesmo; é uma responsabilidade muito grade — justificou o delegado. — E eles chegaram pela primeira vez à minha delegacia às 15h04m. É o que consta nos nossos registros.
O assaltante, que identificou-se como Marcos Vinícius de Almeida, de 23 anos, foi autuado por roubo e ficou preso. Ele tinha passagens na polícia por agressão e receptação e afirmou morar numa favela de Del Castilho.
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