FOLHA.COM 12/10/2012 - 06h30
Investigação aponta que morte de traficante motivou ataques a PMs
AFONSO BENITES e ROGÉRIO PAGNAN DE SÃO PAULO
JOSMAR JOZINO DO "AGORA"
Investigações do Ministério Público e da Polícia Civil apontam relação entre a série de assassinatos de policiais militares em São Paulo e a morte de um dos líderes da facção criminosa PCC em janeiro deste ano em São Bernardo do Campo, no ABC.
O criminoso morto foi Paulo Sérgio Gonçalves, 33, conhecido como Olívia Palito, em um suposto confronto com policiais da Rota (tropa de elite da PM). Conforme documentos obtidos pela Folha, ele era um dos responsáveis por um centro de distribuição de drogas da facção.
As investigações do Ministério Público e da Polícia Civil mostram que a ordem para o assassinato dos "botas", como os criminosos chamam os policiais militares, partiu de um preso chamado Roberto Soriano, o Betinho Tiriça.
Mortes na Grande São Paulo
Eduardo Anizelli/Folhapress Anterior Próxima
CARTA
Uma carta escrita por ele foi interceptada, em maio, por um agente penitenciário no momento em que ele lançava o documento do raio 3 para o raio 4 da penitenciária 2 de Presidente Venceslau.
O destinatário do recado era o preso conhecido como Judeu e tido como um dos responsáveis pelas finanças da organização criminosa.
Na carta, conforme a reportagem apurou com advogados, promotores e policiais, Betinho Tiriça cita o nome de seis PMs da Rota que participaram da ação que resultou na morte de Olívia Palito e pede para que os criminosos matem esses militares.
Até ontem, nenhum desses policiais tinha sido assassinado. O documento também falava que outros PMs, sem citar nomes, deveriam ser mortos. Desde o período em que a ordem foi dada, em maio, até ontem, 50 PMs da ativa e da reserva tinham sido assassinados. Ao todo, neste ano, 83 foram mortos.
Cópias dessa carta constam de processos judicial e administrativo contra o preso Soriano, ambos sigilosos.
Um exame grafotécnico comprovou que foi ele quem escreveu o recado. Após a constatação, o preso foi enviado ao presídio de segurança máxima de Presidente Bernardes e submetido ao regime disciplinar diferenciado, a "tranca-dura". Lá, o detento fica isolado em uma cela durante 22 horas por dia.
Editoria de arte/Folhapress
Oficial aposentado da PM é encontrado morto na zona norte
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Irineu Marola, 83, oficial aposentado da Polícia Militar, foi achado morto na noite desta quinta-feira (11) em sua residência, na Vila Brasil, zona norte de São Paulo. O idoso era viúvo e morava sozinho, mas, segundo informações, não era visto havia alguns dias. Os vizinhos de Irineu estranharam o desaparecimento e acionaram a Polícia Militar. Os policiais foram até o local e, como não havia qualquer movimento no interior, decidiram entrar. A casa estava revirada, e o militar foi encontrado morto, caído na porta do quarto, com as mãos amarradas e um pedaço de pano em volta do pescoço. O caso está registrado no 73° DP, no Jaçanã, e será investigado pelo DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa).
A Policia exerce função essencial à justiça. Não é instrumento político-partidário. A segregação pela justiça e a ingerência partidária em questões técnicas e de carreira dificultam os esforços dos gestores e operadores de polícia, criam animosidade, desviam efetivos e reduzem a eficácia e a confiança do cidadão nas leis, na polícia e no sistema de justiça criminal que, no Estado Democrático de Direito, garante a ordem pública e os direitos da população à justiça e segurança pública.
ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.
sexta-feira, 12 de outubro de 2012
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