CORONEL ASSASSINADO
Pistola de PM foi usada em crime. Exame apontou que cápsulas recolhidas próximas ao corpo da vítima foram expelidas de arma apreendida na casa de soldado
JOSÉ LUÍS COSTA
JOSÉ LUÍS COSTA
Aumentaram as suspeitas de participação de PMs da Brigada Militar na morte do coronel do Exército Julio Miguel Molinas Dias, 78 anos, assassinado em um tentativa de assalto à casa dele, em 1º de novembro, no bairro Chácara das Pedras, em Porto Alegre. Divulgado ontem, o resultado de exame de balística em uma pistola calibre. 380, apreendida na casa do soldado Denys Pereira da Silva, 23 anos, confirmou que a arma foi usada no crime.
Denys e o colega dele, o soldado Maiquel de Almeida Guilherme, 31 anos, estão presos provisoriamente desde 18 de dezembro por suspeita de envolvimento no caso. O objetivo do ataque seria invadir a casa do militar para roubar a coleção particular de 23 armas dele.
Peritos do Departamento de Criminalística (DC) analisaram quatro cápsulas deflagradas, recolhidas próximas ao corpo do militar, e comprovaram que elas foram expelidas pela mesma arma encontrada na casa do soldado Denys. O exame realizado consistiu em comparar as características das cápsulas, também chamadas de estojos.
Para isso, os peritos dispararam com a pistola do PM durante os testes e analisaram as marcas produzidas nas cápsulas com a batida da agulha. Os técnicos chegaram à conclusão que as marcas são idênticas às existentes nos estojos encontrados na cena do crime.
Tiro que matou vítima partiu de atirador que saiu de Gol
A pistola seria de uso particular de Denys. Outra pistola, calibre .40, apreendida na casa dele, foi periciada e teve resultado negativo. Também teve laudo negativo exame em uma outra pistola calibre .380 que estava no apartamento de Maiquel.
Os peritos fizeram, ainda, testes de balística com projetis (chumbo) extraídos do corpo de Molinas, alvejado por três tiros – no rosto, no tórax e no braço esquerdo. Mas o resultado ficou prejudicado porque os pedaços de chumbo estavam muito amassados, possivelmente por terem atingido algum osso. Embora esse laudo tenha sido inconclusivo, para o delegado Luís Fernando Martins de Oliveira, não resta dúvida de que a arma recolhida na casa do PM matou o coronel.
– O laudo pericial descreve a dinâmica dos tiros, e aponta que o tiro fatal (no rosto do militar) partiu do atirador que saiu do Gol e caminha em direção à vitima – afirma o delegado.
Policiais negam participação no assassinato
O teste de balística é mais uma prova técnica, reforçando as suspeitas contra os PMs. Até ontem, a polícia tinha desconfiança da participação dos soldados por causa de um outro exame pericial: impressões digitais de um cunhado de Denys e da namorada de Maiquel dentro de um Gol, roubado, usado pelos bandidos que mataram o coronel. Além disso, Denys tinha sido reconhecido por foto como o condutor do Gol.
Diante dessas evidências, os dois soldados, lotados na 3ª Companhia do 11º Batalhão de Polícia Militar, admitiram em depoimento que dirigiram o Gol por determinado tempo, mas negaram envolvimento no assassinato. Conforme o delegado, Denys teria dito que usou o veículo por uma semana, pois estava interessado em comprar o carro, mas não soube dizer quem seria o dono do Gol. E Maiquel teria afirmado que pediu o Gol emprestado ao colega. Os PMs garantiram desconhecer que o veículo era roubado e clonado.
Embora a arma que matou Molinas seja do soldado Denys, não existe a certeza de quem executou o coronel. Assim como também é desconhecida a identidade do homem que estava sentado na carona do C4.
Os dois soldados também estão presos, preventivamente, sob suspeita de roubo a uma farmácia.
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