ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.

sábado, 12 de janeiro de 2013

CHAMA O LADRÃO

FOLHA.COM 12/01/2013 - 03h30

Laura Capriglione


SÃO PAULO - É apavorante a resolução do secretário da Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella Vieira, proibindo policiais de atender feridos em casos de tentativa de homicídio e latrocínio, de sequestro e de lesão corporal grave. Tem de chamar o Samu, diz a resolução, publicada nesta semana.

Diz-se que, assistidos por profissionais de saúde, os feridos serão mais bem atendidos --como se os PMs não aprendessem primeiros socorros na academia-- e que, assim, se garantirá a preservação dos locais de crime para a realização de perícia e investigações.

Viu-se na TV em novembro do ano passado a cena chocante do sujeito vivo e sacudido que apareceu morto logo depois de topar com PMs num bairro pobre da capital. O governador Alckmin reconheceu que "houve execução de preso por parte de policial militar".

Em 2012, foram ao menos 24 chacinas (80 mortos) na Grande São Paulo, só uma esclarecida. E 2013 começou mal, com sete homens assassinados por um grupo de mascarados. Testemunhas dizem que os matadores anunciaram-se gritando "Polícia!".

Apenas policiais estão proibidos de socorrer. Eu posso. Você, leitor, pode. O dono da padaria pode. Mas, na periferia profunda da cidade, muitas vezes é apenas a PM que está lá para ajudar. E ela, agora, não pode mais. A mensagem que o governo dá é clara: a tropa está sob suspeita. Entrar em um carro da PM, sei lá... quem tem juízo não deveria fazê-lo.

Tem razão o deputado Olímpio Gomes (PDT), major da reserva da PM, ao dizer que, em vez de apertar os controles sobre a polícia, punindo os maus soldados, monitorando por áudio e vídeo a conduta deles (a tecnologia já permite inclusive acoplar uma microcâmera à boina do policial), o secretário optou por lançar a sombra da suspeita sobre toda a corporação. A população perde. Mas, convenhamos, se é ele quem desconfia, quem sou eu para confiar?

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