REFORMA PARA PIOR
Estrutura precária afeta serviços em delegacias. Mesmo após obras, 3ª DPPA teve de deixar prédio onde funcionava na Capital
JOSÉ LUÍS COSTA
Dois meses após a reforma de uma antiga agência do Banrisul no bairro São João, em Porto Alegre, gastando R$ 480.456.80 para instalar duas delegacias da Polícia Civil, parte do prédio de 925m² teve de ser desocupada por problemas estruturais. Acomodando a 3ª Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (3ª DPPA) e a 4ª Delegacia da Polícia Civil (4ª DP), o local soma precariedades em dose dupla. Vítimas têm dificuldades de chegar por falta de estacionamento, e policiais não conseguem trabalhar por causa de condições inadequadas do ambiente.
Ontem, agentes da 3ª DPPA começaram a abandonar o imóvel, voltando para a sede anterior no bairro Navegantes. Para a mudança, um caminhão ocupou parte da calçada, interrompendo o trânsito de uma das três pistas na frente do prédio, na Avenida Benjamin Constant. Acessar o prédio, aliás, é um drama. Localizado em uma curva, sem área de estacionamento para visitantes, quem busca atendimento se obriga a parar o veículo em cima da calçada.
Se a vítima é idosa ou tem alguma deficiência motora pode utilizar um elevador, mas o equipamento, novinho em folha, ao que parece, é pouco usado. Ainda está envolto em plástico, e o portão de acesso, trancado. Mesmo que estivesse ligado, o elevador só sobe até o primeiro piso, onde estava a 3ª DPPA. Se o assunto for referente à 4ª DP, no segundo andar, os agentes precisam descer para falar com a vítima.
Um estacionamento lateral, reservado para viaturas da Brigada Militar e da 3ª DPPA, é acanhado. Caso chegue um guincho rebocando um carro, terá de ficar sobre a calçada. A área para as viaturas da 4ª DP é no subsolo e, quando chove forte, pode molhar os carros a meio metro de altura.
As repartições internas do prédio são divisórias envidraçadas, com privacidade mínima. Se uma vítima estiver em uma sala e o agressor dela, em outra, elas poderão se enxergar.
O prédio tem só uma chave de energia elétrica para os dois andares, obrigando que todas as lâmpadas fique ligadas ou desligadas ao mesmo tempo. Como o serviço da 3ª DPPA era de 24 horas, todas ficavam acesas. As instalações não comportam a carga de consumo e não permitem instalação de ar-condicionado, causando danos a computadores e desconforto ao servidores. No segundo piso, nove das 12 salas são desprovidas de janelas.
O prédio ainda tem uma estranha abertura no segundo piso, a “porta suicida” como é conhecida, pois quem a abre depara com o “nada” .
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