ENTREVISTA
“Nessas horas, o pânico mata”
Tenente-coronel que matou assaltantes
O tenente-coronel falou ontem com ZH. Ele pediu para não ser identificado. Confira:
ZH – Como foi a abordagem?
Tenente-coronel da BM – Quando passei em frente ao mercado, um dos homens saiu, me abordou e encostou uma arma na altura do rim. Pediu para eu ficar quieto e entrar no mercado. Foi então que eu empurrei ele e saquei a pistola e efetuei um disparo contra ele. Ele não esperava a reação e correu em direção ao mercado, e eu não vi se o acertei. Ele revidou com um disparo contra mim, mas não acertou.
ZH – E o momento da reação ao assalto?
Tenente-coronel – Foi só porque tive calma que eu consegui me desvencilhar, pegar a arma e destravá-la. Se tivesse nervoso, não conseguiria. Nessas horas, o pânico mata. Mas é difícil. É como se fosse um relâmpago, passa muito rápido, não tem muito tempo para pensar.
ZH – Como surgiu o segundo bandido?
Tenente-coronel – Com os tiros que dei no primeiro homem, aquele que estava rendendo as pessoas (um casal de clientes e a dona do estabelecimento) saiu do mercado atirando – primeiro a esmo e depois na minha direção. Eu revidei para parar com a agressão dele, e um dos tiros o atingiu.
ZH – O senhor foi ferido?
Tenente-coronel – Não, mas passou perto. Acertaram o tiro no chão.
ZH – Quantos tiros foram disparados pelo senhor?
Tenente-coronel – Onze tiros. Eu fiquei até sem munição na hora.
ZH – O senhor já tinha entrado em confronto com bandido e matado alguém?
Tenente-coronel – Não, a minha ficha está limpa. Nunca precisei fazer nada disso, nunca houve necessidade, embora eu já tenha participado de cercos policiais. Foi algo inédito para mim, só tinha lido em crônica policial.
ZH – Apesar de aposentado, o senhor seguia tendo contato com armas?
Tenente-coronel – Fui instrutor de tiros e sempre pregava isso aí: tem que treinar muito com a arma para ela ser bem manuseada. Justamente porque se trabalha em locais onde, geralmente, existem aglomerações de pessoas. Tem que se ter uma determinada técnica de utilização para bem utilizá-la.
ZH – Com o episódio, o senhor se considera um herói?
Tenente-coronel – Não, não, não. Foi a preservação da vida, não tem nada de herói. Tive sorte ao reagir e nada mais.
Não foi durante os 30 anos na ativa da Brigada Militar (BM) que um tenente-coronel de Porto Alegre trocou tiros com bandidos. Ele viveu essa experiência 15 anos após se aposentar, na quinta-feira.
Opolicial reformado de 63 anos, que pediu para não ser identificado, entrou em confronto e matou dois assaltantes em um mercado na erma localidade de Ponta Rasa, a cerca de 50 quilômetros do centro de Triunfo. Trajava apenas bermuda, camisa de botões aberta e tênis – a farda já foi guardada no armário.
Por volta das 21h, ao caminhar na estrada em frente a sua chácara, que visita semanalmente, o tenente-coronel foi abordado por um homem, portando uma arma de calibre 38, que o coagiu a entrar no pequeno mercado onde estavam sendo feitos reféns, por outro criminoso, a dona do estabelecimento comercial e dois clientes.
Numa reação instintiva, o oficial que atuou em Taquara, Osório, Novo Hamburgo, Guaíba e Montenegro se desvencilhou do homem, sacou a própria arma, uma pistola calibre .40, e atirou contra o bandido, que revidou. Ao ouvir o barulho, o outro assaltante saiu do mercado e começou a disparar. Houve troca de tiros.
Devido à pouca iluminação e à falta dos óculos, que estavam guardados no bolso da bermuda, naquele momento o tenente-coronel apenas notou que os dois homens fugiram baleados. A dupla foi encontrada morta, um pouco mais tarde, nas proximidades, por agentes da BM que atenderam à ocorrência.
Até o final da tarde de ontem, apenas um dos dois assaltantes havia sido identificado. Segundo o major Marcus Vinicius Souza Dutra, responsável pelo 5º Batalhão de Polícia Militar de Montenegro, Alexandre Aguiar de Oliveira, 24 anos, tem passagens pelo Presídio Central de Porto Alegre e pela Penitenciária Modulada de Osório por homicídio e porte ilegal de arma. Ele estava em liberdade desde julho. A delegacia da Polícia Civil de Triunfo ficará encarregada da investigação para averiguar as circunstâncias do caso.
O tenente-coronel falou ontem com ZH. Ele pediu para não ser identificado. Confira:
ZH – Como foi a abordagem?
Tenente-coronel da BM – Quando passei em frente ao mercado, um dos homens saiu, me abordou e encostou uma arma na altura do rim. Pediu para eu ficar quieto e entrar no mercado. Foi então que eu empurrei ele e saquei a pistola e efetuei um disparo contra ele. Ele não esperava a reação e correu em direção ao mercado, e eu não vi se o acertei. Ele revidou com um disparo contra mim, mas não acertou.
ZH – E o momento da reação ao assalto?
Tenente-coronel – Foi só porque tive calma que eu consegui me desvencilhar, pegar a arma e destravá-la. Se tivesse nervoso, não conseguiria. Nessas horas, o pânico mata. Mas é difícil. É como se fosse um relâmpago, passa muito rápido, não tem muito tempo para pensar.
ZH – Como surgiu o segundo bandido?
Tenente-coronel – Com os tiros que dei no primeiro homem, aquele que estava rendendo as pessoas (um casal de clientes e a dona do estabelecimento) saiu do mercado atirando – primeiro a esmo e depois na minha direção. Eu revidei para parar com a agressão dele, e um dos tiros o atingiu.
ZH – O senhor foi ferido?
Tenente-coronel – Não, mas passou perto. Acertaram o tiro no chão.
ZH – Quantos tiros foram disparados pelo senhor?
Tenente-coronel – Onze tiros. Eu fiquei até sem munição na hora.
ZH – O senhor já tinha entrado em confronto com bandido e matado alguém?
Tenente-coronel – Não, a minha ficha está limpa. Nunca precisei fazer nada disso, nunca houve necessidade, embora eu já tenha participado de cercos policiais. Foi algo inédito para mim, só tinha lido em crônica policial.
ZH – Apesar de aposentado, o senhor seguia tendo contato com armas?
Tenente-coronel – Fui instrutor de tiros e sempre pregava isso aí: tem que treinar muito com a arma para ela ser bem manuseada. Justamente porque se trabalha em locais onde, geralmente, existem aglomerações de pessoas. Tem que se ter uma determinada técnica de utilização para bem utilizá-la.
ZH – Com o episódio, o senhor se considera um herói?
Tenente-coronel – Não, não, não. Foi a preservação da vida, não tem nada de herói. Tive sorte ao reagir e nada mais.
REAÇÃO A ASSALTO
Oficial da reserva mata dois bandidos. Tenente-coronel da BM foi abordado durante ataque a mercado em Triunfo
MATHEUS PIOVESAN
MATHEUS PIOVESAN
Não foi durante os 30 anos na ativa da Brigada Militar (BM) que um tenente-coronel de Porto Alegre trocou tiros com bandidos. Ele viveu essa experiência 15 anos após se aposentar, na quinta-feira.
Opolicial reformado de 63 anos, que pediu para não ser identificado, entrou em confronto e matou dois assaltantes em um mercado na erma localidade de Ponta Rasa, a cerca de 50 quilômetros do centro de Triunfo. Trajava apenas bermuda, camisa de botões aberta e tênis – a farda já foi guardada no armário.
Por volta das 21h, ao caminhar na estrada em frente a sua chácara, que visita semanalmente, o tenente-coronel foi abordado por um homem, portando uma arma de calibre 38, que o coagiu a entrar no pequeno mercado onde estavam sendo feitos reféns, por outro criminoso, a dona do estabelecimento comercial e dois clientes.
Numa reação instintiva, o oficial que atuou em Taquara, Osório, Novo Hamburgo, Guaíba e Montenegro se desvencilhou do homem, sacou a própria arma, uma pistola calibre .40, e atirou contra o bandido, que revidou. Ao ouvir o barulho, o outro assaltante saiu do mercado e começou a disparar. Houve troca de tiros.
Devido à pouca iluminação e à falta dos óculos, que estavam guardados no bolso da bermuda, naquele momento o tenente-coronel apenas notou que os dois homens fugiram baleados. A dupla foi encontrada morta, um pouco mais tarde, nas proximidades, por agentes da BM que atenderam à ocorrência.
Até o final da tarde de ontem, apenas um dos dois assaltantes havia sido identificado. Segundo o major Marcus Vinicius Souza Dutra, responsável pelo 5º Batalhão de Polícia Militar de Montenegro, Alexandre Aguiar de Oliveira, 24 anos, tem passagens pelo Presídio Central de Porto Alegre e pela Penitenciária Modulada de Osório por homicídio e porte ilegal de arma. Ele estava em liberdade desde julho. A delegacia da Polícia Civil de Triunfo ficará encarregada da investigação para averiguar as circunstâncias do caso.
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