Editorial
Empenhado em conter a violência policial no Estado de São Paulo, o novo secretário da Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, assinou nesta semana uma polêmica resolução que proíbe aos policiais paulistas socorrer vítimas de ferimentos graves.
A partir de agora, eles serão obrigados a avisar o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) para que uma equipe médica faça o atendimento no local.
A medida abriu uma crise com a Polícia Militar. Setores da corporação entendem que, no intuito de combater maus policiais, a nova determinação põe sob suspeita toda a instituição. Com efeito, o objetivo da norma é inibir graves desvios, como alterações na cena de um crime e a morte suspeita de vítimas socorridas por PMs.
A Ouvidoria da Polícia já constatou a inverossimilhança de registros sobre feridos leves que morrem "ao dar entrada no hospital".
A situação parece ter se agravado em 2012, quando, em meio a uma onda de assassinatos de policiais, o então secretário Antonio Ferreira Pinto --conhecido por combater a corrupção na polícia-- acirrou o enfrentamento do crime organizado.
Desgastado, Ferreira Pinto foi substituído em novembro por Fernando Grella. O novo titular vem emitindo sinais de que pretende alterar a orientação da pasta.
Do ponto de vista médico, parece consensual que foi acertada a decisão de transferir o atendimento para o Samu. É melhor que um profissional cuide dessas vítimas. Não faltam exemplos de danos irreversíveis provocados até por pessoas com treinamento mínimo.
Verdade que, sob pena de ser processado por omissão de socorro, um policial não pode ficar de braços cruzados diante de uma vítima agonizante. O dilema se esvai, no entanto, com um telefonema: basta que o policial avise o Samu para que tal responsabilidade se dilua, mesmo porque, em casos de emergência, o agente receberá instruções do médico por telefone.
A medida do governo estadual, assim, transfere para o Samu, uma estrutura federal, a responsabilidade exclusiva pelo socorro. Resta esclarecer se o Samu terá condições de dar conta do encargo.
É ainda assim preocupante outro efeito colateral da medida. Objeto das novas restrições, a Polícia Militar pode se sentir desmotivada no exercício de seu trabalho, responsável por uma sensível redução da criminalidade no Estado nos últimos anos.
É imperioso que o governo deixe claro que toda a corporação sairá fortalecida com o fim das antigas suspeitas sobre execuções. Nesse intuito, a fim de restabelecer o equilíbrio entre a Polícia Militar e a Polícia Civil, a secretaria não pode incorrer no erro de restringir demais a atuação da primeira e tolerar abusos na segunda.
A partir de agora, eles serão obrigados a avisar o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) para que uma equipe médica faça o atendimento no local.
A medida abriu uma crise com a Polícia Militar. Setores da corporação entendem que, no intuito de combater maus policiais, a nova determinação põe sob suspeita toda a instituição. Com efeito, o objetivo da norma é inibir graves desvios, como alterações na cena de um crime e a morte suspeita de vítimas socorridas por PMs.
A Ouvidoria da Polícia já constatou a inverossimilhança de registros sobre feridos leves que morrem "ao dar entrada no hospital".
A situação parece ter se agravado em 2012, quando, em meio a uma onda de assassinatos de policiais, o então secretário Antonio Ferreira Pinto --conhecido por combater a corrupção na polícia-- acirrou o enfrentamento do crime organizado.
Desgastado, Ferreira Pinto foi substituído em novembro por Fernando Grella. O novo titular vem emitindo sinais de que pretende alterar a orientação da pasta.
Do ponto de vista médico, parece consensual que foi acertada a decisão de transferir o atendimento para o Samu. É melhor que um profissional cuide dessas vítimas. Não faltam exemplos de danos irreversíveis provocados até por pessoas com treinamento mínimo.
Verdade que, sob pena de ser processado por omissão de socorro, um policial não pode ficar de braços cruzados diante de uma vítima agonizante. O dilema se esvai, no entanto, com um telefonema: basta que o policial avise o Samu para que tal responsabilidade se dilua, mesmo porque, em casos de emergência, o agente receberá instruções do médico por telefone.
A medida do governo estadual, assim, transfere para o Samu, uma estrutura federal, a responsabilidade exclusiva pelo socorro. Resta esclarecer se o Samu terá condições de dar conta do encargo.
É ainda assim preocupante outro efeito colateral da medida. Objeto das novas restrições, a Polícia Militar pode se sentir desmotivada no exercício de seu trabalho, responsável por uma sensível redução da criminalidade no Estado nos últimos anos.
É imperioso que o governo deixe claro que toda a corporação sairá fortalecida com o fim das antigas suspeitas sobre execuções. Nesse intuito, a fim de restabelecer o equilíbrio entre a Polícia Militar e a Polícia Civil, a secretaria não pode incorrer no erro de restringir demais a atuação da primeira e tolerar abusos na segunda.
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Esta medida é inconstitucional, absurda e totalmente equivocada, pois trata o policial como se fosse um bandido, presumindo a suspeita e descartando a fé de ofício que caracteriza a conduta deste agente público.
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