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PROTEÇÃO A BINGOS. BM investiga 10 PMs por envolvimento com o jogo. Soldado que revelou cobrar propina de contraventores foi preso ontem - GIOVANI GRIZOTTI | RBS TV
O comando da Brigada Militar solicitou à Justiça Militar a prisão de 10 PMs suspeitos de envolvimento com a exploração de jogos de azar. Um deles, o soldado Valdir Sidinei Costa, 44 anos, foi preso ontem, um dia após reportagem da RBS TV mostrá-lo revelando que cobra propina em troca de proteção a bingos clandestinos.
Preso pelo comandante do Policiamento da Capital, coronel Antero Batista, Costa teve a prisão decretada pela Justiça Militar, que ainda não se manifestou sobre os outros nove pedidos. Na reportagem, o soldado afirmou cobrar R$ 500 semanais para garantir proteção a bingos clandestinos na Capital.
Entre os indícios que embasam a investigação da BM, estão documentos de uso exclusivo da corporação, apreendidos no carro de um contraventor pela Força-Tarefa de Combate aos Jogos Ilegais do Ministério Público. São 31 lacres usados pela Brigada Militar em caça-níqueis durante as operações. No versos desses lacres, que usaram papel reaproveitado, aparecem referências à corporação.
Os documentos incluem um e-mail enviado pelo Comando de Policiamento da Capital a oficiais. Até a escala de trabalho dos PMs aparece no verso de um dos lacres. Em outro, cópia de um documento reservado sobre a estratégia para garantir a segurança da governadora durante um evento.
Ontem, uma nova investigação foi aberta depois que o RBS Notícias exibiu um vídeo mostrando um soldado fardado abrindo duas máquinas caça-níqueis com pé-de-cabra. Durante a ação, ele olha para os lados, para ter certeza de que ninguém está o observando. Recolhe o dinheiro e coloca no bolso. Depois, outro soldado fardado aparece e ajuda o colega a retirar noteiros e placas-mães das máquinas. Registrado por uma câmera de segurança da casa de jogos, o vídeo foi entregue à reportagem por uma fonte que pediu para não ser identificada.
O comandante do Policiamento da Capital acredita que o policial esteja lotado no 1º BPM (Zona Sul), onde um inquérito vai investigar o caso. Para o coronel Antero Batista, o procedimento não pode ser considerado “normal”.
– A postura não é daquela forma adotada, realmente, leva à alguma desconfiança e nós vamos abrir um outro procedimento para investigar essa situação – afirmou.
O MP anunciou que vai investigar os contraventores que pagam propina a policiais.
– Nós vamos identificar as casas em que existem PMs trabalhando como segurança e vamos chamar à responsabilidade penal os contraventores, donos das casas, por corrupção ativa – disse a promotora Sônia Mensch.
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