TV GLOBO FANTÁSTICO, 22/12/2013 23h43
Testemunha narra suposto assassinato de homem por PMs. Crime teria sido cometido por policiais da Tropa de Elite de São Paulo. Esses PMs já foram julgados e absolvidos.
O Fantástico mostra, com exclusividade, uma ligação telefônica, onde uma testemunha narra, em tempo real, os detalhes de um crime. Um crime que teria sido cometido por policiais da Tropa de Elite de São Paulo. Esses PMS já foram julgados e absolvidos. Mas a Justiça mandou os soldados de volta para o banco dos réus .
PM: PM, boa noite.
Mulher: Moço, eu to aqui na Via Parque e os policial, desceu um homem da viatura e deu tiro nele.
PM: Deu tiro em quem?
Mulher: Deu tiro no cara. Desceu um cara da viatura e deu tiro nele.
A ligação telefônica foi feita à polícia, pelo 190, na noite do dia 28 de maio do ano passado. A chamada é de uma moradora da Zona Leste de São Paulo. Nervosa, ela diz que policiais atiram em um homem.
Mulher: São três policial.
PM: Os três atiraram?
Mulher: Eu não sei se atiraram os três. Eu to longe, não da pra mim ver direito. Mas é uma pessoa. Eu vi quando o homem começou a brigar com ele. Ele desceu da viatura, aí começaram a brigar, aí ele foi e deu 3 tiro.
O carro da Polícia Militar que a testemunha viu estava parado no acostamento da Rodovia Ayrton Senna, uma das principais estradas do estado de São Paulo.
Mulher: Ai, mais tiro, ai meu Deus. Ele está atirando e vai atirar de novo. Ai misericórdia. Ai, Jesus, mais tiro. Isso é a queima-roupa mesmo, viu.
De acordo com a investigação, o homem levado na viatura pelos três policiais estava sendo socorrido depois de ser baleado em uma troca de tiros, no estacionamento de um restaurante naquela mesma região. Ali, uma quadrilha discutia a libertação de bandidos das cadeias do estado. Na versão oficial, Anderson Minharo foi levado ainda com vida para um hospital, mas não resistiu. Não é o que conta a testemunha que ligou pra polícia.
Mulher: Ai, ai mais tiro, mais tiro, ai meu deus. Não, não sei o nome da avenida, ele está dando mais tiro, acho que o homem está resistindo, meu Deus. Ai moço, pelo amor de Deus.
O policial tenta identificar o local do crime.
PM: Qual o endereço?
Mulher: Eu não sei explicar. É aqui perto do Parque do Tiete, o começo da Via Parque.
PM: Eu não conheço aí.
Mulher: Eu também não sei falar, não sei o nome da avenida.
A testemunha se apavora.
Mulher: Ai, mais tiro, ai, mais tiro, ai moço.
PM: Aguarda na linha, por favor.
Em seguida, os policiais vão embora, levando o homem na viatura.
Mulher: Ele acabou de jogar ele dentro do carro, acabou de tirar ele do chão e jogaram dentro do carro, mortinho. Acabou. Agora já estão indo embora, é da Rota sim, deu pra ver. É viatura da Rota.
Câmeras de fiscalização da rodovia registraram a viatura da Rota parada por 12 minutos. É o mesmo local citado pela testemunha e no mesmo horário da chamada para o 190. Os três policiais acabaram presos na mesma semana.
Segundo o Ministério Público, tudo o que a testemunha contou por telefone foi comprovado durante as investigações. A promotoria não tem duvida de que os policiais executaram o homem nesse trecho da rodovia naquela noite.
Os três policiais foram julgados em novembro do ano passado. E deram uma mesma versão. Diferente do que mostra o telefonema da testemunha. Segundo eles, a parada no acostamento foi pra socorrer um dos policiais, que estava com câimbras, como contaram durante o julgamento.
“Ele não tava conseguindo suportar as dores. Como nós já estávamos indo pro PS, eu até questionei ele: ‘você não consegue segurar a dor ate chegar no PS?’ Ele disse que não”, diz o sargento Carlos Aurélio.
O soldado que teria sentido as dores disse que em seguida, o socorro ao homem baleado prosseguiu normalmente.
“Permanecemos ali no local durante um certo tempo ate que eu me recuperasse das câimbras e retornasse os movimentos da perna normal, tendo colocado o individuo novamente na viatura e tendo prosseguido até o Hospital Hermelino Matarazzo”, afirma Levi Cosme da Silva, policial há 13 anos, é da Rota.
A juíza pergunta sobre os disparos na rodovia. Os policiais negam.
Fantástico: Foi dado algum tiro lá na Ayrton Senna?
Marcos Aparecido da Silva: De maneira alguma.
Os jurados não foram convencidos pela acusação. E os três policiais foram absolvidos.
“Não havia condições daquela senhora que ligou pro Copom, de ver o que ela disse que viu na distancia que ela estava. Ali onde ela morava é uma biqueira de trafico de entorpecente. E todos nos sabemos que no Rio de Janeiro, como em São Paulo os meliantes soltam rojões avisando que a policia esta próxima. E o sargento parou ali na Ayrton Senna porque um policial tem problema na perna. Nós provamos isso com documentos”, explica Celso Vandramini, advogado dos policiais.
O Ministério Público recorreu e o Tribunal de Justiça de São Paulo anulou o julgamento. Os policiais vão passar por um novo júri em março do ano que vem.
“A decisão dos jurados foi absurdamente contraria a prova. Somente nessa situação que o legislador permite que uma decisão do júri seja anulada e as provas são evidentes, são comprometedoras, tanto que o tribunal acolheu o parecer e determinou que os réus fossem submetidos a um novo julgamento. Nós não podemos colocar nas mãos de policiais, a liberdade de decidir quem vive e quem morre, eles tem que agir rigorosamente dentro da lei”, afirma Francisco José Tadei Cembranelli, promotor.
Consultada, a Secretaria de Segurança do Estado de São Paulo não informou se os policiais continuam ou não trabalhando.
Depois que prestou depoimento, por segurança, a mulher entrou para o programa de proteção à testemunha e mudou de endereço.
Mulher: Moço, foi uns 10 tiros, viu, foi a queima roupa mesmo. Olha, só Deus na vida desse homem, se ele sobreviver, pra contar a historia.
Testemunha narra suposto assassinato de homem por PMs. Crime teria sido cometido por policiais da Tropa de Elite de São Paulo. Esses PMs já foram julgados e absolvidos.
O Fantástico mostra, com exclusividade, uma ligação telefônica, onde uma testemunha narra, em tempo real, os detalhes de um crime. Um crime que teria sido cometido por policiais da Tropa de Elite de São Paulo. Esses PMS já foram julgados e absolvidos. Mas a Justiça mandou os soldados de volta para o banco dos réus .
PM: PM, boa noite.
Mulher: Moço, eu to aqui na Via Parque e os policial, desceu um homem da viatura e deu tiro nele.
PM: Deu tiro em quem?
Mulher: Deu tiro no cara. Desceu um cara da viatura e deu tiro nele.
A ligação telefônica foi feita à polícia, pelo 190, na noite do dia 28 de maio do ano passado. A chamada é de uma moradora da Zona Leste de São Paulo. Nervosa, ela diz que policiais atiram em um homem.
Mulher: São três policial.
PM: Os três atiraram?
Mulher: Eu não sei se atiraram os três. Eu to longe, não da pra mim ver direito. Mas é uma pessoa. Eu vi quando o homem começou a brigar com ele. Ele desceu da viatura, aí começaram a brigar, aí ele foi e deu 3 tiro.
O carro da Polícia Militar que a testemunha viu estava parado no acostamento da Rodovia Ayrton Senna, uma das principais estradas do estado de São Paulo.
Mulher: Ai, mais tiro, ai meu Deus. Ele está atirando e vai atirar de novo. Ai misericórdia. Ai, Jesus, mais tiro. Isso é a queima-roupa mesmo, viu.
De acordo com a investigação, o homem levado na viatura pelos três policiais estava sendo socorrido depois de ser baleado em uma troca de tiros, no estacionamento de um restaurante naquela mesma região. Ali, uma quadrilha discutia a libertação de bandidos das cadeias do estado. Na versão oficial, Anderson Minharo foi levado ainda com vida para um hospital, mas não resistiu. Não é o que conta a testemunha que ligou pra polícia.
Mulher: Ai, ai mais tiro, mais tiro, ai meu deus. Não, não sei o nome da avenida, ele está dando mais tiro, acho que o homem está resistindo, meu Deus. Ai moço, pelo amor de Deus.
O policial tenta identificar o local do crime.
PM: Qual o endereço?
Mulher: Eu não sei explicar. É aqui perto do Parque do Tiete, o começo da Via Parque.
PM: Eu não conheço aí.
Mulher: Eu também não sei falar, não sei o nome da avenida.
A testemunha se apavora.
Mulher: Ai, mais tiro, ai, mais tiro, ai moço.
PM: Aguarda na linha, por favor.
Em seguida, os policiais vão embora, levando o homem na viatura.
Mulher: Ele acabou de jogar ele dentro do carro, acabou de tirar ele do chão e jogaram dentro do carro, mortinho. Acabou. Agora já estão indo embora, é da Rota sim, deu pra ver. É viatura da Rota.
Câmeras de fiscalização da rodovia registraram a viatura da Rota parada por 12 minutos. É o mesmo local citado pela testemunha e no mesmo horário da chamada para o 190. Os três policiais acabaram presos na mesma semana.
Segundo o Ministério Público, tudo o que a testemunha contou por telefone foi comprovado durante as investigações. A promotoria não tem duvida de que os policiais executaram o homem nesse trecho da rodovia naquela noite.
Os três policiais foram julgados em novembro do ano passado. E deram uma mesma versão. Diferente do que mostra o telefonema da testemunha. Segundo eles, a parada no acostamento foi pra socorrer um dos policiais, que estava com câimbras, como contaram durante o julgamento.
“Ele não tava conseguindo suportar as dores. Como nós já estávamos indo pro PS, eu até questionei ele: ‘você não consegue segurar a dor ate chegar no PS?’ Ele disse que não”, diz o sargento Carlos Aurélio.
O soldado que teria sentido as dores disse que em seguida, o socorro ao homem baleado prosseguiu normalmente.
“Permanecemos ali no local durante um certo tempo ate que eu me recuperasse das câimbras e retornasse os movimentos da perna normal, tendo colocado o individuo novamente na viatura e tendo prosseguido até o Hospital Hermelino Matarazzo”, afirma Levi Cosme da Silva, policial há 13 anos, é da Rota.
A juíza pergunta sobre os disparos na rodovia. Os policiais negam.
Fantástico: Foi dado algum tiro lá na Ayrton Senna?
Marcos Aparecido da Silva: De maneira alguma.
Os jurados não foram convencidos pela acusação. E os três policiais foram absolvidos.
“Não havia condições daquela senhora que ligou pro Copom, de ver o que ela disse que viu na distancia que ela estava. Ali onde ela morava é uma biqueira de trafico de entorpecente. E todos nos sabemos que no Rio de Janeiro, como em São Paulo os meliantes soltam rojões avisando que a policia esta próxima. E o sargento parou ali na Ayrton Senna porque um policial tem problema na perna. Nós provamos isso com documentos”, explica Celso Vandramini, advogado dos policiais.
O Ministério Público recorreu e o Tribunal de Justiça de São Paulo anulou o julgamento. Os policiais vão passar por um novo júri em março do ano que vem.
“A decisão dos jurados foi absurdamente contraria a prova. Somente nessa situação que o legislador permite que uma decisão do júri seja anulada e as provas são evidentes, são comprometedoras, tanto que o tribunal acolheu o parecer e determinou que os réus fossem submetidos a um novo julgamento. Nós não podemos colocar nas mãos de policiais, a liberdade de decidir quem vive e quem morre, eles tem que agir rigorosamente dentro da lei”, afirma Francisco José Tadei Cembranelli, promotor.
Consultada, a Secretaria de Segurança do Estado de São Paulo não informou se os policiais continuam ou não trabalhando.
Depois que prestou depoimento, por segurança, a mulher entrou para o programa de proteção à testemunha e mudou de endereço.
Mulher: Moço, foi uns 10 tiros, viu, foi a queima roupa mesmo. Olha, só Deus na vida desse homem, se ele sobreviver, pra contar a historia.
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