SUA SEGURANÇA | HUMBERTO TREZZI
Nem todo criminoso é igual. Assaltantes vivem na correria, sem paradeiro fixo, pela necessidade de atacar e fugir. Não podem parar, ou caem nas garras da lei. Outras atividades ilegais, como o tráfico de drogas e a exploração de jogos de azar, exigem domicílio conhecido. Ambos, traficante e bicheiro (assim como o dono de caça-níqueis ou de apostas virtuais em cavalos) são comerciantes que, por contingências jurídicas, estão fora da lei. Mas continuam tendo que se comportar como comerciantes: ter um ponto fixo, arranjar clientela, entregar a mercadoria e receber por ela.
É por isso que fica difícil entender que policiais aleguem desconhecer que atividades como essas acontecem na sua área de atuação. Bicheiros são comerciantes, logo, muito conhecidos. Via de regra, são também excelentes informantes a respeito das coisas do submundo – daí que muitos policiais preferem fazer vista grossa a suas atividades. Até aí é como a prostituição: todo mundo sabe que existe, mas muita gente prefere fazer de conta que não.
O problema aumenta quando o policial, além de fingir não enxergar, extorque o contraventor. É o que parece ter ocorrido neste caso na zona norte de Porto Alegre, envolvendo PMs. Fato até comum, não fosse o desfecho. A contraventora resolveu falar, mesmo estando fora da lei. E a polícia agiu como deve, prendendo os que se achavam espertos. Caso exemplar, a mostrar que nem tudo é arreglo no submundo.
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