SUA SEGURANÇA | Humberto Trezzi
A sucessão de erros cometidos na malfadada ação que resultou na morte do policial civil Marcos Kaefer é tamanha que não há como atenuar: foi desastre total.
Primeiro, porque um PM que não é do serviço reservado estava atuando como se fosse, interrogando, investigando. Foi além de sua função. Para piorar, se envolveu numa discussão com parentes de suspeitos de assassinato que chegou a um descontrole tal que ele teve de sacar sua arma. E aí vem a pior parte: a arma disparou, matando seu colega da Polícia Civil.
Para quem conhece um pouco de armas, não custa clarear a situação: pistolas possuem uma trava, geralmente na lateral. Com ela travada, impossível disparar o gatilho. Mesmo que a arma caia no chão. Mesmo que seja usada para dar coronhadas, como dizem que ocorreu em frente ao hospital de Alvorada, nesse episódio. Ainda que se justifique sacar a arma e usá-la como tacape – algo que foge ao costumeiro – por que o PM estava com dedo no gatilho, e a pistola, destravada?
Imprudência ou imperícia, ao que tudo indica. Apavorado, o policial fugiu do local ao saber que atingira o colega. E, na culminância de um episódio desastroso, há suspeitas de que a arma do crime pode ser outra que não aquela que ele apresentou ao delegado que investiga o caso. O uso de calibre restrito seria mais um equívoco, na sucessão de erros cometidos. Qual o efeito de trocar a arma? É que se o calibre é permitido, o crime é afiançável. Se for restrito, não há fiança e a prisão acontece, de fato. Os testemunhos apontam para homicídio culposo, não intencional. Uma falta de treino ou destempero que se revelou fatal.
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