FOLHA.COM 18/07/2012 - 04h00
Morte de advogado por policial causa mobilização em rede social
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE GOIÂNIA
Quase no mesmo horário em que virou pai, um advogado de 38 anos foi morto numa operação da Polícia Militar em Goiânia. O caso causou protestos e motivou a criação de um grupo numa rede social que já tem mais de 9.000 pessoas.
Davi Sebba foi morto a tiros no estacionamento do supermercado Carrefour Sudoeste, por volta das 19h do dia 5.
O nome do soldado suspeito de ter atirado, Jonathas Atenevir Jordão, só foi divulgado anteontem pela Polícia Civil. A PM apurava o caso, mas mantinha a identidade sob sigilo.
O grupo Justiça por Davi! reunia 9.018 membros no Facebook até ontem à noite. No dia 11, amigos fizeram um protesto em frente ao estacionamento do supermercado.
Segundo a Polícia Civil, o suspeito e dois outros PMs disseram em depoimento que receberam informações da Polícia Federal de que Sebba vendia drogas no local.
Durante a operação, disseram, o advogado apontou um revólver contra Jordão, que atirou. Mesmo baleado no peito, Sebba arrancou com o carro e bateu numa pilastra do estacionamento. Segundo a Polícia Civil, não foram encontradas drogas com Sebba.
O advogado da vítima, Manoel Rocha, disse que "Sebba era usuário de drogas e sofria extorsão por policiais".
Segundo a PM, os militares estão afastados do serviço operacional. Dois inquéritos foram abertos: um administrativo, que pode levar à exclusão dos envolvidos, e outro criminal. (CARLA GUIMARÃES)
A Policia exerce função essencial à justiça. Não é instrumento político-partidário. A segregação pela justiça e a ingerência partidária em questões técnicas e de carreira dificultam os esforços dos gestores e operadores de polícia, criam animosidade, desviam efetivos e reduzem a eficácia e a confiança do cidadão nas leis, na polícia e no sistema de justiça criminal que, no Estado Democrático de Direito, garante a ordem pública e os direitos da população à justiça e segurança pública.
ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.
quarta-feira, 18 de julho de 2012
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