CORREIO DO POVO, 20/07/2012
Carro de publicitário foi alvejado a tiros na zona Oeste de São Paulo
Crédito: werther santana / ae / cp
Um publicitário e um jovem de 19 anos foram mortos a tiros em São Paulo em abordagens realizadas pela Polícia Militar (PM), na madrugada de ontem. Na zona Oeste da capital paulista, o publicitário e chef de cozinha Ricardo Prudente de Aquino, 39 anos, foi morto com dois tiros na cabeça.
De acordo com a versão dos policiais, o Fiesta do publicitário passou em alta velocidade pela Praça da Paz, no Sumaré, no momento da abordagem a outro veículo. "Eles desconfiaram do carro e iniciaram uma perseguição", disse o delegado Dejair Rodrigues. Dez minutos depois, o Fiesta bateu em uma viatura, na avenida das Corujas. "Aí houve falha na abordagem. Eles acharam que um objeto preto na mão do publicitário fosse uma arma", disse. Segundo o delegado, o publicitário portava 50 gramas de maconha. "Não sei se esse foi o motivo da fuga, mas há um protocolo de abordagem que deve ser seguido pelos policiais e isso não aconteceu", apontou.
Foram disparados três tiros a curta distância - dois acertaram a cabeça de Ricardo Aquino. Ele foi levado para o Hospital das Clínicas, onde morreu.
Os policiais foram presos em flagrante por homicídio doloso e transferidos para o Presídio Militar Romão Gomes, no Tremembé. O comandante interino da PM, Hudson Camille, evitou admitir erros dos policiais. "Foi uma ação legalmente inadequada, já que não houve injusta agressão por parte da vítima", disse.
Em Santos, a perseguição a um carro com seis pessoas resultou na morte de Bruno Vicente Gouveia Viana e em outros dois feridos: um rapaz, 20, e uma adolescente, 15. Por não atenderem a ordem de parada dos policiais, o veículo foi alvejado com mais de 25 tiros. Segundo o condutor de veículo, 28, ele não parou por não ter CNH. O homem negou que tivesse atirado na Polícia, embora os PMs tenham afirmado que encontraram um revólver calibre 22 e uma arma de brinquedo, no assoalho do carro. No quartel do 6 Batalhão da PM, em Santos, nenhum comandante quis se pronunciar até o início da noite de ontem.
A Policia exerce função essencial à justiça. Não é instrumento político-partidário. A segregação pela justiça e a ingerência partidária em questões técnicas e de carreira dificultam os esforços dos gestores e operadores de polícia, criam animosidade, desviam efetivos e reduzem a eficácia e a confiança do cidadão nas leis, na polícia e no sistema de justiça criminal que, no Estado Democrático de Direito, garante a ordem pública e os direitos da população à justiça e segurança pública.
ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.
sexta-feira, 20 de julho de 2012
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