ZERO HORA 02 de setembro de 2013 | N° 17541
GIOVANI GRIZOTTI | RBS TV
ESQUEMA DE CARROS. Policiais fraudavam registros de roubo
Duas investigações da corregedoria da Polícia Civil do Rio Grande do Sul apontam envolvimento de policiais na liberação fraudulenta de carros roubados. Para isso, seriam forjadas ocorrências de recuperação e restituição dos veículos aos donos. Um agente de Novo Hamburgo está afastado, por suspeita de participação no esquema.
Reveladas pelo Teledomingo, da RBS TV, as investigações, feitas em períodos distintos, apontam para 19 carros roubados “esquentados”.
– A fraude, em resumo, consiste nisso, na retirada do sistema (o registro de roubo ou furto), por meio de boletins de ocorrências, fraudulentos, que são registrados em delegacias de polícia – diz o delegado Paulo Rogério Grillo, da corregedoria.
Concluída em 2010, mas ainda em exame pelo Ministério Público (sem denúncia), uma das investigações teve como alvo policiais plantonistas da Operação Verão na Delegacia de Cidreira, Litoral Norte. Nos próximos dias, a promotoria de Tramandaí deve denunciar pelo menos 15 suspeitos (incluindo três policiais).
De acordo com o relatório da corregedoria, os agentes registraram ocorrências fraudulentas indicando que pelo menos seis veículos roubados haviam sido recuperados. Depois, indicando endereços de laranjas, a quadrilha pedia a segunda via do documento desses automóveis, que eram negociados em lojas especializadas. Funcionários de um Cartório de Registro de Veículos Automotores (CRVA) do Detran são citados como envolvidos na fraude.
A outra investigação, ainda em andamento, apura a “maquiagem” nos registros policiais de pelo menos 13 carros roubados. Usando documentos falsos, bandidos se faziam passar pelos donos dos carros. Nas delegacias, informavam que haviam recuperado os veículos. Os policiais, então, faziam a liberação no sistema.
– Esse carro deixa de constar no sistema como furtado e roubado e pode passar a circular normalmente – explica Grillo.
Grande parte dos automóveis pertencia a donos segurados
A maioria dos automóveis envolvidos na fraude pertencia a donos que tinham seguro. Como o prêmio já havia sido pago, as seguradoras passavam a ser as donas desses veículos liberados de maneira fraudulenta. Uma delas procurou a corregedoria para denunciar o crime.
Entre as vítimas, o funcionário de uma empresa na serra gaúcha rodou por três anos com um carro roubado, que comprou por R$ 69 mil. Agora, com a fraude descoberta, ele teve o veículo apreendido:
– Fui abordado por agentes da polícia, alegando que esse carro era proveniente de furto. Tinham um mandado, tive de entregar o carro.
Entre as delegacias que mais registraram a fraude, está a 22ª DP, na Zona Norte, com cinco casos, incluindo o veículo da Serra. Em Novo Hamburgo, um policial, afastado pela chefia. teria liberado mais cinco veículos. Segundo a investigação, um ex-presidiário acusado de fazer parte da quadrilha confessou o envolvimento do agente no esquema. A suspeita da corregedoria é de que um grupo possa estar agindo no RS.
G1 RS - 02/09/2013 01h12
Corregedoria investiga atuação de policiais em fraude com carros no RS. Policiais são suspeitos de forjar recuperação de seis automóveis roubados. Revendas e funcionários do Detran também podem estar envolvidos.
Do G1 RS
A corregedoria da Polícia Civil do Rio Grande do Sul investiga uma fraude que pode ter a participação de policiais. Usando documentos falsos, bandidos se faziam passar pelos donos dos carros e informavam na delegacia que haviam recuperado os veículos. Os policiais, então, faziam a liberação no sistema sem vistoriar os carros, que passavam a rodar sem qualquer restrição, como mostra a reportagem do Teledomingo, da RBS TV (confira no vídeo ao lado).
Segundo o corregedor que apura o esquema, há indícios de que uma quadrilha organizada esteja agindo no estado. Até agora, a fraude envolve 13 casos, mas o número pode aumentar. Nos próximos dias, o Ministério Público deve denunciar pelo menos 15 acusados que pertencem a outra quadrilha, envolvida no mesmo tipo de crime. Policiais são suspeitos de forjar a recuperação de pelo menos seis carros roubados. Revendas de automóveis e até funcionários de cartórios do Detran também podem estar envolvidos.
“A fraude consiste na retirada do sistema informatizado da condição de veículo furtado ou roubado. Isso se dá, em princípio, através de uma recuperação do registro do boletim de ocorrência de recuperação fictício, não real, desse veículo, e a posterior devolução do mesmo. A partir dessas ocorrências, que é feita em uma Delegacia de Polícia, o carro deixa de constar no sistema como furtado e roubado e pode passar a circular normalmente. Se esse carro for pego em alguma barreira, por exemplo, é lógico que ele vai passar”, explica o delegado Paulo Rogério Grillo, da corregedoria da Polícia Civil.
ESQUEMA DE CARROS. Policiais fraudavam registros de roubo
Duas investigações da corregedoria da Polícia Civil do Rio Grande do Sul apontam envolvimento de policiais na liberação fraudulenta de carros roubados. Para isso, seriam forjadas ocorrências de recuperação e restituição dos veículos aos donos. Um agente de Novo Hamburgo está afastado, por suspeita de participação no esquema.
Reveladas pelo Teledomingo, da RBS TV, as investigações, feitas em períodos distintos, apontam para 19 carros roubados “esquentados”.
– A fraude, em resumo, consiste nisso, na retirada do sistema (o registro de roubo ou furto), por meio de boletins de ocorrências, fraudulentos, que são registrados em delegacias de polícia – diz o delegado Paulo Rogério Grillo, da corregedoria.
Concluída em 2010, mas ainda em exame pelo Ministério Público (sem denúncia), uma das investigações teve como alvo policiais plantonistas da Operação Verão na Delegacia de Cidreira, Litoral Norte. Nos próximos dias, a promotoria de Tramandaí deve denunciar pelo menos 15 suspeitos (incluindo três policiais).
De acordo com o relatório da corregedoria, os agentes registraram ocorrências fraudulentas indicando que pelo menos seis veículos roubados haviam sido recuperados. Depois, indicando endereços de laranjas, a quadrilha pedia a segunda via do documento desses automóveis, que eram negociados em lojas especializadas. Funcionários de um Cartório de Registro de Veículos Automotores (CRVA) do Detran são citados como envolvidos na fraude.
A outra investigação, ainda em andamento, apura a “maquiagem” nos registros policiais de pelo menos 13 carros roubados. Usando documentos falsos, bandidos se faziam passar pelos donos dos carros. Nas delegacias, informavam que haviam recuperado os veículos. Os policiais, então, faziam a liberação no sistema.
– Esse carro deixa de constar no sistema como furtado e roubado e pode passar a circular normalmente – explica Grillo.
Grande parte dos automóveis pertencia a donos segurados
A maioria dos automóveis envolvidos na fraude pertencia a donos que tinham seguro. Como o prêmio já havia sido pago, as seguradoras passavam a ser as donas desses veículos liberados de maneira fraudulenta. Uma delas procurou a corregedoria para denunciar o crime.
Entre as vítimas, o funcionário de uma empresa na serra gaúcha rodou por três anos com um carro roubado, que comprou por R$ 69 mil. Agora, com a fraude descoberta, ele teve o veículo apreendido:
– Fui abordado por agentes da polícia, alegando que esse carro era proveniente de furto. Tinham um mandado, tive de entregar o carro.
Entre as delegacias que mais registraram a fraude, está a 22ª DP, na Zona Norte, com cinco casos, incluindo o veículo da Serra. Em Novo Hamburgo, um policial, afastado pela chefia. teria liberado mais cinco veículos. Segundo a investigação, um ex-presidiário acusado de fazer parte da quadrilha confessou o envolvimento do agente no esquema. A suspeita da corregedoria é de que um grupo possa estar agindo no RS.
G1 RS - 02/09/2013 01h12
Corregedoria investiga atuação de policiais em fraude com carros no RS. Policiais são suspeitos de forjar recuperação de seis automóveis roubados. Revendas e funcionários do Detran também podem estar envolvidos.
Do G1 RS
A corregedoria da Polícia Civil do Rio Grande do Sul investiga uma fraude que pode ter a participação de policiais. Usando documentos falsos, bandidos se faziam passar pelos donos dos carros e informavam na delegacia que haviam recuperado os veículos. Os policiais, então, faziam a liberação no sistema sem vistoriar os carros, que passavam a rodar sem qualquer restrição, como mostra a reportagem do Teledomingo, da RBS TV (confira no vídeo ao lado).
Segundo o corregedor que apura o esquema, há indícios de que uma quadrilha organizada esteja agindo no estado. Até agora, a fraude envolve 13 casos, mas o número pode aumentar. Nos próximos dias, o Ministério Público deve denunciar pelo menos 15 acusados que pertencem a outra quadrilha, envolvida no mesmo tipo de crime. Policiais são suspeitos de forjar a recuperação de pelo menos seis carros roubados. Revendas de automóveis e até funcionários de cartórios do Detran também podem estar envolvidos.
“A fraude consiste na retirada do sistema informatizado da condição de veículo furtado ou roubado. Isso se dá, em princípio, através de uma recuperação do registro do boletim de ocorrência de recuperação fictício, não real, desse veículo, e a posterior devolução do mesmo. A partir dessas ocorrências, que é feita em uma Delegacia de Polícia, o carro deixa de constar no sistema como furtado e roubado e pode passar a circular normalmente. Se esse carro for pego em alguma barreira, por exemplo, é lógico que ele vai passar”, explica o delegado Paulo Rogério Grillo, da corregedoria da Polícia Civil.
Polícia investiga fraude com carros roubados
no RS (Foto: Reprodução/RBS TV)
Com a restrição retirada do sistema, os carros não poderiam ser recuperados pela polícia, pois apareciam nos computadores como se tivessem sido localizados pelos donos. A denúncia que deu início a investigação foi feita por uma seguradora, que passou a ser a dona de um desses carros depois de ter pago a indenização.
“É um processo que tem que existir, mesmo sendo de uma forma tecnológica, através de sistemas. Alguém aperta lá no teclado, então isso não acontece por acaso. Se a restrição foi retirada, e o carro não teve a sua legalidade e a sua devolução à seguradora, que já indenizou, é obviamente que há um ato criminoso", diz o presidente do Sindicato de Seguradoras do Rio Grande do Sul, Júlio César Rosa.
Policiais de pelo menos três delegacias estão sendo investigados. Em uma delas, na Zona Norte de Porto Alegre, golpistas conseguiram retirar o registro de roubo de cinco veículos. Em outra, em Novo Hamburgo, no Vale do Sinos, a Corregedoria reuniu indícios para afastar um policial, acusado de liberar outros cinco carros roubados.
“Dos casos que temos tratado, existe um em que há evidências importantes, evidências bem fortes em relação à participação dolosa de um policial na liberação desses casos. Por essa razão, a própria chefia de polícia imediatamente afastou esse policial”, explica Grillo.
Um homem que não quer se identificar conta que foi vítima da fraude. Ele comprou um carro que aparentemente tinha a documentação em dia e impostos pagos. Entretanto, tudo era apenas aparente.
“Três anos depois de eu fechar negócio, fui abordado por agentes da polícia na empresa em que eu trabalho, alegando que o carro era proveniente de furto. Eles tinham um mandado, e eu tive que entregar o veículo”, lembra o homem.
Antes de ser comprado pela vítima, o carro passou por quatro donos e esteve à venda até em uma concessionária. O veículo foi levado por bandidos na capital há cinco anos e registrado como furtado. Por isso, não poderia estar circulando, ser vendido, ou receber nova documentação.
"Era um veículo que estava em ocorrência de furto, e de forma alguma podia estar circulando", defende o advogado da vítima, Faviano Mortari.
no RS (Foto: Reprodução/RBS TV)
Com a restrição retirada do sistema, os carros não poderiam ser recuperados pela polícia, pois apareciam nos computadores como se tivessem sido localizados pelos donos. A denúncia que deu início a investigação foi feita por uma seguradora, que passou a ser a dona de um desses carros depois de ter pago a indenização.
“É um processo que tem que existir, mesmo sendo de uma forma tecnológica, através de sistemas. Alguém aperta lá no teclado, então isso não acontece por acaso. Se a restrição foi retirada, e o carro não teve a sua legalidade e a sua devolução à seguradora, que já indenizou, é obviamente que há um ato criminoso", diz o presidente do Sindicato de Seguradoras do Rio Grande do Sul, Júlio César Rosa.
Policiais de pelo menos três delegacias estão sendo investigados. Em uma delas, na Zona Norte de Porto Alegre, golpistas conseguiram retirar o registro de roubo de cinco veículos. Em outra, em Novo Hamburgo, no Vale do Sinos, a Corregedoria reuniu indícios para afastar um policial, acusado de liberar outros cinco carros roubados.
“Dos casos que temos tratado, existe um em que há evidências importantes, evidências bem fortes em relação à participação dolosa de um policial na liberação desses casos. Por essa razão, a própria chefia de polícia imediatamente afastou esse policial”, explica Grillo.
Um homem que não quer se identificar conta que foi vítima da fraude. Ele comprou um carro que aparentemente tinha a documentação em dia e impostos pagos. Entretanto, tudo era apenas aparente.
“Três anos depois de eu fechar negócio, fui abordado por agentes da polícia na empresa em que eu trabalho, alegando que o carro era proveniente de furto. Eles tinham um mandado, e eu tive que entregar o veículo”, lembra o homem.
Antes de ser comprado pela vítima, o carro passou por quatro donos e esteve à venda até em uma concessionária. O veículo foi levado por bandidos na capital há cinco anos e registrado como furtado. Por isso, não poderia estar circulando, ser vendido, ou receber nova documentação.
"Era um veículo que estava em ocorrência de furto, e de forma alguma podia estar circulando", defende o advogado da vítima, Faviano Mortari.
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