O DIA 24/09/2013 00:25:23
Sargento que criou a ‘UPP’ da Praça Seca é afastado. PM acusado de transportar armamento e milicianos usaria imóvel para reuniões do grupo e também hospedar paramilitares de outros bairros
JOÃO ANTONIO BARROS
Rio - Idealizador da ‘UPP da Milícia’ na Praça Seca, o sargento Ronald César Força, do Batalhão de Choque, foi afastado do policiamento de rua por ordem do comando da PM, após O DIAmostrar ontem que o policial transformou a casa da família na Rua Parintins, na Favela da Chacrinha, numa base da milícia liderada pelo ex-sargento Luiz Monteiro Doem. Ele pintou paredes e muros nas cores azul e branca — bem semelhantes aos tons usados pela Polícia Militar — e cunhou a expressão ‘UPP’ na fachada e no muro lateral da residência, em referência à Unidade de Polícia Pacificadora.
O sargento Força é investigado num Inquérito Policial Militar (IPM), aberto após investigação preliminar da Coordenadoria de Inteligência da PM, em junho. Nesta segunda-feira, ele foi novamente ouvido no processo. O agente é acusado de transportar armas e milicianos do bando de Doem e usar a casa para reuniões do grupo, além de hospedar paramilitares de outros bairros.
Atuação em protestos
Ronald Força, segundo o coronel Cláudio Costa, relações públicas da PM, vai realizar apenas serviços burocráticos enquanto durar o IPM. Ele atuava no policiamento motorizado e, inclusive, trabalhou nas ruas durante as manifestações de protesto de junho. O IPM está correndo sob sigilo e, inicialmente, tem o prazo estipulado de 40 dias para a conclusão.
No muro e na parede de uma casa azul e branca que seria de miliciano na Praça Seca, a inscrição ‘UPP’Foto: Reprodução Internet
Outra investigação para apurar o envolvimento do sargento com as milícias da Praça Seca foi aberta ontem pelo delegado Marcus Vinícius Braga, da 28ª DP (Campinho). Ele esteve no imóvel, constatou que havia a inscrição UPP na casa e pediu o laudo técnico da perícia do Instituto de Criminalística Carlos Éboli. Ele convocou o sargento Força a prestar depoimento durante a semana e ouvirá outras testemunhas. O policial pretende também anexar as informações que constam no inquérito da PM.
A Favela da Chacrinha é uma das comunidades carentes de Jacarepaguá que são monitoradas por policiais militares desde a morte de um subtenente do Batalhão de Operações Especiais (Bope), sexta-feira. Ontem, a PM informou que localizou acampamentos e casas usados por bandidos para se refugiar na região. As operações não têm data para acabar.
Especialista: deboche ou desafio?
A instalação de uma ‘UPP informal’ na Favela da Chacrinha, na Praça Seca, foi um ‘tiro no pé dado pela milícia’, segundo o sociólogo Ignácio Cano, professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) e especialista em violência urbana. Ele acredita que a visibilidade negativa dada pela manchete desta segunda do DIA vá atingir a ação do grupo. “O que eles menos querem é ser vistos. A reportagem mostrou a cara deles, que terão de lidar com a opinião pública”, opinou o especialista. O caso, segundo ele, serve para ‘lembrar da necessidade de criar uma política pública de retomada dos territórios controlados por milicianos’.
O objetivo da inscrição da sigla ‘UPP’ seria mostrar às 13 comunidades do bairro que a milícia será a responsável pela ‘pacificação’ das favelas, mesmo objetivo da polícia. Ignácio forneceu outras duas interpretações. “Não sei se é um deboche, ou se eles querem dizer que aquela área nunca será contemplada com uma UPP”, argumentou o professor. “É necessário não apenas a prisão dos chefes, mas o desmonte desses grupos”, sugeriu.
Sargento que criou a ‘UPP’ da Praça Seca é afastado. PM acusado de transportar armamento e milicianos usaria imóvel para reuniões do grupo e também hospedar paramilitares de outros bairros
JOÃO ANTONIO BARROS
Rio - Idealizador da ‘UPP da Milícia’ na Praça Seca, o sargento Ronald César Força, do Batalhão de Choque, foi afastado do policiamento de rua por ordem do comando da PM, após O DIAmostrar ontem que o policial transformou a casa da família na Rua Parintins, na Favela da Chacrinha, numa base da milícia liderada pelo ex-sargento Luiz Monteiro Doem. Ele pintou paredes e muros nas cores azul e branca — bem semelhantes aos tons usados pela Polícia Militar — e cunhou a expressão ‘UPP’ na fachada e no muro lateral da residência, em referência à Unidade de Polícia Pacificadora.
O sargento Força é investigado num Inquérito Policial Militar (IPM), aberto após investigação preliminar da Coordenadoria de Inteligência da PM, em junho. Nesta segunda-feira, ele foi novamente ouvido no processo. O agente é acusado de transportar armas e milicianos do bando de Doem e usar a casa para reuniões do grupo, além de hospedar paramilitares de outros bairros.
Atuação em protestos
Ronald Força, segundo o coronel Cláudio Costa, relações públicas da PM, vai realizar apenas serviços burocráticos enquanto durar o IPM. Ele atuava no policiamento motorizado e, inclusive, trabalhou nas ruas durante as manifestações de protesto de junho. O IPM está correndo sob sigilo e, inicialmente, tem o prazo estipulado de 40 dias para a conclusão.
No muro e na parede de uma casa azul e branca que seria de miliciano na Praça Seca, a inscrição ‘UPP’Foto: Reprodução Internet
Outra investigação para apurar o envolvimento do sargento com as milícias da Praça Seca foi aberta ontem pelo delegado Marcus Vinícius Braga, da 28ª DP (Campinho). Ele esteve no imóvel, constatou que havia a inscrição UPP na casa e pediu o laudo técnico da perícia do Instituto de Criminalística Carlos Éboli. Ele convocou o sargento Força a prestar depoimento durante a semana e ouvirá outras testemunhas. O policial pretende também anexar as informações que constam no inquérito da PM.
A Favela da Chacrinha é uma das comunidades carentes de Jacarepaguá que são monitoradas por policiais militares desde a morte de um subtenente do Batalhão de Operações Especiais (Bope), sexta-feira. Ontem, a PM informou que localizou acampamentos e casas usados por bandidos para se refugiar na região. As operações não têm data para acabar.
Especialista: deboche ou desafio?
A instalação de uma ‘UPP informal’ na Favela da Chacrinha, na Praça Seca, foi um ‘tiro no pé dado pela milícia’, segundo o sociólogo Ignácio Cano, professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) e especialista em violência urbana. Ele acredita que a visibilidade negativa dada pela manchete desta segunda do DIA vá atingir a ação do grupo. “O que eles menos querem é ser vistos. A reportagem mostrou a cara deles, que terão de lidar com a opinião pública”, opinou o especialista. O caso, segundo ele, serve para ‘lembrar da necessidade de criar uma política pública de retomada dos territórios controlados por milicianos’.
O objetivo da inscrição da sigla ‘UPP’ seria mostrar às 13 comunidades do bairro que a milícia será a responsável pela ‘pacificação’ das favelas, mesmo objetivo da polícia. Ignácio forneceu outras duas interpretações. “Não sei se é um deboche, ou se eles querem dizer que aquela área nunca será contemplada com uma UPP”, argumentou o professor. “É necessário não apenas a prisão dos chefes, mas o desmonte desses grupos”, sugeriu.
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