JOSÉ LUÍS COSTA
DESTINO EM ALTA. Valor maior pago por receptadores em Florianópolis atrai bandios que agem na Grande Porto Alegre
Entre os destinos dos carros que desaparecem nas mãos de bandidos em Porto Alegre, um deles desponta em alta no mercado do crime. Uma azeitada engrenagem entre quadrilheiros gaúchos e catarinenses – incluindo até policiais – tem levado dezenas de veículos clonados para o Estado vizinho. São automóveis de luxo, esquentados com documentos e placas frias, revendidos com descontos de até 80% em relação ao valor de mercado. Nos últimos dois meses, pelo menos 20 carros foram apreendidos nessa situação pela Polícia Civil de Santa Catarina.
Os veículos são roubados por quadrilhas baseadas em Sapucaia do Sul com ramificações em uma dezena de cidades na Grande Porto Alegre e no Vale dos Sinos. Em oficinas clandestinas, os carros têm os sinais identificadores adulterados como os números do chassi e do motor. Ganham placas novas, com os mesmos algarismos e dígitos de um veículo de modelo semelhante, e documentos falsos em nome de laranjas.
Depois, os criminosos fazem contato com quadrilhas de Florianópolis, onde os automóveis são revendidos até pela internet na capital catarinense, cidades vizinhas e Litoral Norte, como Balneário Camboriú, Itajaí e Itapema. O comprador recebe uma procuração, que o permite rodar com o veículo. Precavidamente, ele não transfere a posse para o próprio nome. Caso fizesse isso, antes teria de submeter o automóvel a uma vistoria, a falsificação poderia ser descoberta, e o carro, apreendido.
Uma das evidências do aquecimento da conexão Porto Alegre-Florianópolis foi a captura de 26 pessoas, no começo de junho, pela Delegacia de Furto e Roubo de Veículos (DFRV) de Canoas. O bando é suspeito de roubar, em Porto Alegre, 150 automóveis e caminhonetes de luxo – entre eles modelos como Edge, Cruze e Santa Fé – no primeiro semestre do ano e remeter grande parte deles para Santa Catarina, já clonados.
Conforme o delegado Thiago Almeida Lacerda, que comandou as prisões, quase diariamente, ele recebe telefonemas de colegas policiais de Florianópolis, perguntando sobre a situação de placas de carros apreendidos naquele Estado:
– Como os sistemas e os bancos de dados não são integrados, eles ligam para a gente localizar o dono do carro e verificar se é caso de clone.
Conforme Lacerda, existe uma rede criminosa altamente articulada e com muitos contatos entre os dois Estados.
– É uma questão de mercado. Aqui a oferta é maior, e os receptadores pagam menos. Como em Santa Catarina tem menos carros, o clone vale mais lá – avalia Lacerda.
PMs envolvidos com quadrilhas
Nos últimos 45 dias, em duas operações, a polícia catarinense capturou quatro gaúchos que atravessaram o Rio Mampituba para entregar veículos clonados encomendados por quadrilheiros catarinenses. Uma dupla foi flagrada em Araranguá, no sul de SC, com um C4. Outra, pega com uma Tucson, em um shopping de São José, na Grande Florianópolis.
Conforme o delegado Rafael Werling, da Divisão de Furtos e Roubos de Veículos (DFRV) catarinense, um dos mais atuantes receptadores era um mato-grossense, que vive em Florianópolis – já preso por tráfico de drogas e clonagem de cartões bancários. Ele teria negociado mais de 50 veículos clonados em um intervalo de um ano.
O esquema também conta com o envolvimento de policiais militares. Em 19 de agosto, policiais prenderam um PM por receptação em Itajaí. Ele estava com um Civic clonado. Três dias antes, em Palhoça, agentes civis prenderam outro PM, com um Vectra, também clonado.
MAPA DO CRIME
DESTINO EM ALTA. Valor maior pago por receptadores em Florianópolis atrai bandios que agem na Grande Porto Alegre
Entre os destinos dos carros que desaparecem nas mãos de bandidos em Porto Alegre, um deles desponta em alta no mercado do crime. Uma azeitada engrenagem entre quadrilheiros gaúchos e catarinenses – incluindo até policiais – tem levado dezenas de veículos clonados para o Estado vizinho. São automóveis de luxo, esquentados com documentos e placas frias, revendidos com descontos de até 80% em relação ao valor de mercado. Nos últimos dois meses, pelo menos 20 carros foram apreendidos nessa situação pela Polícia Civil de Santa Catarina.
Os veículos são roubados por quadrilhas baseadas em Sapucaia do Sul com ramificações em uma dezena de cidades na Grande Porto Alegre e no Vale dos Sinos. Em oficinas clandestinas, os carros têm os sinais identificadores adulterados como os números do chassi e do motor. Ganham placas novas, com os mesmos algarismos e dígitos de um veículo de modelo semelhante, e documentos falsos em nome de laranjas.
Depois, os criminosos fazem contato com quadrilhas de Florianópolis, onde os automóveis são revendidos até pela internet na capital catarinense, cidades vizinhas e Litoral Norte, como Balneário Camboriú, Itajaí e Itapema. O comprador recebe uma procuração, que o permite rodar com o veículo. Precavidamente, ele não transfere a posse para o próprio nome. Caso fizesse isso, antes teria de submeter o automóvel a uma vistoria, a falsificação poderia ser descoberta, e o carro, apreendido.
Uma das evidências do aquecimento da conexão Porto Alegre-Florianópolis foi a captura de 26 pessoas, no começo de junho, pela Delegacia de Furto e Roubo de Veículos (DFRV) de Canoas. O bando é suspeito de roubar, em Porto Alegre, 150 automóveis e caminhonetes de luxo – entre eles modelos como Edge, Cruze e Santa Fé – no primeiro semestre do ano e remeter grande parte deles para Santa Catarina, já clonados.
Conforme o delegado Thiago Almeida Lacerda, que comandou as prisões, quase diariamente, ele recebe telefonemas de colegas policiais de Florianópolis, perguntando sobre a situação de placas de carros apreendidos naquele Estado:
– Como os sistemas e os bancos de dados não são integrados, eles ligam para a gente localizar o dono do carro e verificar se é caso de clone.
Conforme Lacerda, existe uma rede criminosa altamente articulada e com muitos contatos entre os dois Estados.
– É uma questão de mercado. Aqui a oferta é maior, e os receptadores pagam menos. Como em Santa Catarina tem menos carros, o clone vale mais lá – avalia Lacerda.
Nos últimos 45 dias, em duas operações, a polícia catarinense capturou quatro gaúchos que atravessaram o Rio Mampituba para entregar veículos clonados encomendados por quadrilheiros catarinenses. Uma dupla foi flagrada em Araranguá, no sul de SC, com um C4. Outra, pega com uma Tucson, em um shopping de São José, na Grande Florianópolis.
Conforme o delegado Rafael Werling, da Divisão de Furtos e Roubos de Veículos (DFRV) catarinense, um dos mais atuantes receptadores era um mato-grossense, que vive em Florianópolis – já preso por tráfico de drogas e clonagem de cartões bancários. Ele teria negociado mais de 50 veículos clonados em um intervalo de um ano.
O esquema também conta com o envolvimento de policiais militares. Em 19 de agosto, policiais prenderam um PM por receptação em Itajaí. Ele estava com um Civic clonado. Três dias antes, em Palhoça, agentes civis prenderam outro PM, com um Vectra, também clonado.
MAPA DO CRIME
PASSO A PASSO. Um banco de dados em zerohora.com permite consultar ocorrências de roubos e furtos na Capital
1 Na tela inicial, é possível visualizar o número de ocorrências de todos os bairros de Porto Alegre no primeiro semestre, além da lista com os cinco bairros e ruas com mais roubos e furtos.
2 Ao clicar em um ícone, aparecem os detalhes do bairro, com a lista das ruas com mais ocorrências.
3 Selecionando o botão Mostrar Ruas no box, o mapa informa o número de roubos e furtos em cada rua do bairro selecionado.
O QUE FAZER - Serviço a vítimas de roubo - Informações sobre apreensões em Santa Catarina de carros furtados e roubados podem ser obtidas na Divisão de Furtos e Roubos de Veículos (DFRV) da Diretoria Estadual de Investigações Criminais, em Florianópolis. O telefone de contato é (48) 3281-4200.
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - O Delegado não referiu, mas, além de PMs, há policiais civis também envolvidos nestas quadrilhas, fraudando registros para legalizar os carros roubados.
http://mazelaspoliciais.blogspot.com.br/2013/09/policiais-fraudavam-registro-para.html
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