ZERO HORA Atualizada em 12/03/2013 | 06h02
Confusão do Tatu-Bola, Soldado ferido durante protesto apresenta doença neurológica. Brigadiano envolvido em conflito no Largo Glênio Peres está internado desde 18 de dezembro
Um soldado da Brigada Militar envolvido em um conflito no Largo Glênio Peres, em outubro do ano passado, teve traumatismo craniano devido a uma pedrada na cabeça.
A isso se seguiu uma doença neurológica grave que, segundo médicos, não tem relação com o incidente – mas manteve o policial hospitalizado.
Internado na Capital em 18 de dezembro, Eriston Mateus de Moura Santos, 25 anos, teve melhora em um quadro de saúde complicado.
Apesar de ainda não haver confirmação por exames, a suspeita é de que ele tenha uma rara doença neurológica, a Encefalite Anti-receptores de NMDA. Santos ficou com a fala comprometida.
– Não há registro na literatura médica que relacione traumatismo craniano à doença. O tratamento dispensado ao paciente na época foi bastante adequado, mas depois ele desenvolveu essa doença muito rápido. Estamos tratando, mas é um processo longo e delicado – explica o neurologista Ricardo Santin, que cuidou de Santos no Hospital Ernesto Dornelles, na Capital.
– Além de ser uma doença muito rara, as principais causas são infecção e tumores paraneuplásicos – esclarece o neurologista Luis Marrone, do Hospital São Lucas e do Instituto do Cérebro da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).
Santos passou por cinco especialistas e dois hospitais
O diagnóstico afasta uma indagação do pai do soldado, Ari Luz dos Santos, 48 anos: de que a pedrada tenha relação com a doença. O filho foi ferido na manifestação de outubro, quando houve pancadaria perto de um mascote do Tatu-Bola, relativo à Copa de 2014. Acabou atingido por um paralelepípedo que danificou o capacete de proteção. Atendido e liberado, Santos ficou afastado do trabalho por 15 dias. Entre 27 de novembro e 18 de dezembro, passou por dois hospitais e cinco especialistas, sem ter doença diagnosticada.
De acordo com Santin, o soldado já havia apresentado sintomas da Encefalite Anti-receptores de NMDA em 2011, mas a resolução da doença, à época, se deu de forma espontânea.
Em janeiro, foi enviada uma amostra de liquor do paciente (líquido localizado entre o cérebro e as meninges) para testes de anti-corpos, nos Estados Unidos. A resposta deve chegar até sexta-feira e, segundo Santin, confirmar a suspeita da doença. No dia 4, mesmo sem falar e caminhar, Santos recebeu alta do hospital. Deve retornar no dia 25 para continuar o tratamento.
O que é Encefalite Anti-NMDA
— É uma doença que atinge todo o encéfalo produzindo anti-corpos contra o próprio cérebro.
— Inicia-se com sintomas psíquicos vagos mas evolui rapidamente para crises convulsivas e comprometimento da fala (mutismo). Esta encefalite é um processo inflamatório que ocorre nos receptores decorrente da ação de anti-corpos. A ação dos anti-corpos interrompe a sinapse, que é a transmissão de impulsos nervosos entre os neurônios
Sintomas
— Crises convulsivas
— Movimentos involuntários (distonia e discinesia orofacial)
— Alterações da fala
— Disautonomias (o hipotálamo é afetado e o paciente passa a ter febre persistente, taquicardia, oscilação da pressão arterial ou sudorese)
Primeiros casos
— Foram relatados em 2005, mas a doença foi descoberta em 2007.
— A enfermidade atinge, principalmente, mulheres. Os anti-corpos produzidos para atacar tumores ovarianos atingem o cérebro.
Tratamento
— A imunossupressão é realizada por meio de medicamentos que provocam acentuada redução da imunidade do paciente. O doente fica bastante suscetível a infecções.
Um soldado da Brigada Militar envolvido em um conflito no Largo Glênio Peres, em outubro do ano passado, teve traumatismo craniano devido a uma pedrada na cabeça.
A isso se seguiu uma doença neurológica grave que, segundo médicos, não tem relação com o incidente – mas manteve o policial hospitalizado.
Internado na Capital em 18 de dezembro, Eriston Mateus de Moura Santos, 25 anos, teve melhora em um quadro de saúde complicado.
Apesar de ainda não haver confirmação por exames, a suspeita é de que ele tenha uma rara doença neurológica, a Encefalite Anti-receptores de NMDA. Santos ficou com a fala comprometida.
– Não há registro na literatura médica que relacione traumatismo craniano à doença. O tratamento dispensado ao paciente na época foi bastante adequado, mas depois ele desenvolveu essa doença muito rápido. Estamos tratando, mas é um processo longo e delicado – explica o neurologista Ricardo Santin, que cuidou de Santos no Hospital Ernesto Dornelles, na Capital.
– Além de ser uma doença muito rara, as principais causas são infecção e tumores paraneuplásicos – esclarece o neurologista Luis Marrone, do Hospital São Lucas e do Instituto do Cérebro da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).
Santos passou por cinco especialistas e dois hospitais
O diagnóstico afasta uma indagação do pai do soldado, Ari Luz dos Santos, 48 anos: de que a pedrada tenha relação com a doença. O filho foi ferido na manifestação de outubro, quando houve pancadaria perto de um mascote do Tatu-Bola, relativo à Copa de 2014. Acabou atingido por um paralelepípedo que danificou o capacete de proteção. Atendido e liberado, Santos ficou afastado do trabalho por 15 dias. Entre 27 de novembro e 18 de dezembro, passou por dois hospitais e cinco especialistas, sem ter doença diagnosticada.
De acordo com Santin, o soldado já havia apresentado sintomas da Encefalite Anti-receptores de NMDA em 2011, mas a resolução da doença, à época, se deu de forma espontânea.
Em janeiro, foi enviada uma amostra de liquor do paciente (líquido localizado entre o cérebro e as meninges) para testes de anti-corpos, nos Estados Unidos. A resposta deve chegar até sexta-feira e, segundo Santin, confirmar a suspeita da doença. No dia 4, mesmo sem falar e caminhar, Santos recebeu alta do hospital. Deve retornar no dia 25 para continuar o tratamento.
O que é Encefalite Anti-NMDA
— É uma doença que atinge todo o encéfalo produzindo anti-corpos contra o próprio cérebro.
— Inicia-se com sintomas psíquicos vagos mas evolui rapidamente para crises convulsivas e comprometimento da fala (mutismo). Esta encefalite é um processo inflamatório que ocorre nos receptores decorrente da ação de anti-corpos. A ação dos anti-corpos interrompe a sinapse, que é a transmissão de impulsos nervosos entre os neurônios
Sintomas
— Crises convulsivas
— Movimentos involuntários (distonia e discinesia orofacial)
— Alterações da fala
— Disautonomias (o hipotálamo é afetado e o paciente passa a ter febre persistente, taquicardia, oscilação da pressão arterial ou sudorese)
Primeiros casos
— Foram relatados em 2005, mas a doença foi descoberta em 2007.
— A enfermidade atinge, principalmente, mulheres. Os anti-corpos produzidos para atacar tumores ovarianos atingem o cérebro.
Tratamento
— A imunossupressão é realizada por meio de medicamentos que provocam acentuada redução da imunidade do paciente. O doente fica bastante suscetível a infecções.
ZERO HORA 05/10/2012
Confronto na Capital
"Quando há perturbação da ordem pública, a Brigada tem que reagir", diz comandante da BM. Coronel Sérgio Roberto de Abreu afirma que possíveis excessos por parte dos policiais serão apurados
Boneco inflável foi retirado do Largo Glênio Peres na manhã desta sexta-feiraFoto: Diego Vara / Agencia RBS
O confronto entre manifestantes e a Brigada Militar (BM) na noite de quinta-feira no Largo Glênio Peres, no centro de Porto Alegre, teve desfecho somente ao longo da madrugada desta sexta. Além da depredação ao tatu-bola, mascote da Copa do Mundo de 2014 que foi retirado do local, o conflito resultou em oito pessoas detidas e dezenas de feridos, entre PMs e manifestantes.
O comandante-geral da BM, coronel Sérgio Roberto de Abreu, classifica a atitude dos protestantes de "lamentável". Ele concorda e ressalta que "toda manifestação deve ser feita de forma pacífica". No entanto, condena o ato.
— Quando há perturbação da ordem pública, a Brigada tem que reagir. Houve danos ao patrimônio público e da própria Brigada. Policiais ficaram feridos. Nesses casos, é necessário usar a força, o que está dentro da competência legal da Brigada Militar — afirma.
Por outro lado, manifestantes relataram possíveis excessos da BM no confronto, que deixou várias pessoas feridas. Segundo Abreu, a corporação irá recorrer a imagens e depoimentos para investigar.
— Em todos esses casos, fazemos apurações detalhadas do que ocorreu. Em todo excesso praticado por policial a Brigada toma medidas punitivas — avisa.
No último ano, de acordo com o comandante, ocorreram mais de 200 manifestações, todas sem registro de violência. Abreu salienta que casos como este causam "prejuízo à coletividade", pois as viaturas danificadas têm de ser consertadas e ficam fora de patrulhamento, bem como policiais feridos se afastam das atividades de prevenção de crimes.
Soldado Eriston recebeu oito pontos na cabeça
Foto: Ronaldo Bernardi
Policiais feridos
Pelo menos cinco PMs ficaram feridos no confronto. O soldado Eriston Mateus de Moura Santos teve o capacete de proteção avariado e recebeu oito pontos na cabeça após ser atingido por um paralelepípedo. Ele deve passar por uma reavaliação no Hospital da Brigada Militar. Já o sargento Leandro Martins deslocou o ombro.
— Falavam que iam queimar o boneco, pareciam alcoolizados. Achavam que estávamos protegendo ele, mas o nosso objetivo era proteger a integridade física deles e do patrimônio público — salienta Martins.
Grupo integrava protesto em frente à prefeitura
Os manifestantes integravam um grupo que estava reunido na Praça Montevidéu, em frente à prefeitura, para um ato denominado “Defesa Pública da Alegria”. Organizado via rede social, o movimento critica a privatização de locais públicos e o governo do prefeito José Fortunati.
— Eles estavam provocando os policiais na manifestação na Praça Montevidéu. A BM ficou de fora, só observando. Eles arrancaram os gradis e começaram a derrubar o mascote. Foi uma atitude de afronta — afirmou o capitão da BM Euclides Neto, comandante da 1ª Companhia do 9º BPM.
Na confusão, o para-brisa de uma viatura da BM foi quebrado. O capitão relatou que alguns manifestantes apresentavam sinais de embriaguez. Pessoas que participaram do ato reclamaram da ação ostensiva da Brigada para reprimir o protesto.
— A ideia era só fazer uma ciranda ao redor do mascote — disse a jornalista Anelise De Carli, 22 anos, uma das manifestantes.
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