G1- RIO 18/03/2013 19h56
Ex-chefe de UPP é condenado por associação para o tráfico no Rio. Capitão Adjaldo recebia R$ 15 mil por semana de traficante do São Carlos. Primeiro ex-comandante de pacificação a ter condenação, ele segue na PM.
João Bandeira de MelloDo G1 Rio
O ex-comandante da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Morro de São Carlos, no Estácio, Zona Norte do Rio de Janeiro, Adjaldo Luiz Piedade Junior, foi condenado pela 11ª Vara Criminal da Capital a seis anos de prisão, em regime fechado, por associação para o tráfico.
O juiz Alcides da Fonseca Neto entendeu como procedente a informação da Polícia Federal de que Adjaldo recebia R$ 15 mil por semana do traficante Sandro Luís de Paula, o Peixe, para facilitar o comércio ilegal de drogas.
As investigações da PF constataram o esquema criminoso do capitão da PM entre novembro de 2011 e janeiro de 2012. Na ocasião, a Justiça decretou a perda do cargo de Adjaldo, que ainda faz parte dos quadros da Polícia Militar, embora esteja afastado de suas funções – ele responde ao Conselho de Justificação da corporação, responsável pelo julgamento de oficiais e, se o colegiado decidir expulsá-lo da PM, seu desligamento ainda terá que ser acatado pelo secretário de Segurança.
Adjaldo Luiz é o primeiro ex-comandante de UPP condenado por um crime, de acordo com a Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP). Também afastado, o Elton Costa Gomes, ex-comandante da UPP Coroa/Fallet/Fogueteiro, entre Catumbi e Santa Teresa, é investigado pela mesma suspeita de receber propina do tráfico para permitir atividades ilegais.
De acordo com denúncia do Ministério Público estadual, como comandante da UPP, Adjaldo Luiz Piedade passava ao chefe do tráfico informações valiosas sobre o planejamento estratégico da UPP, tais como localização, viaturas e a realização de incursões nos morros de São Carlos e na Mineira, também patrulhado pela mesma unidade.
O juiz destacou que Adjaldo Luiz funcionava como um verdadeiro "escudo protetor" para que o tráfico pudesse ser realizado de modo discreto, porém extremamente eficiente. Ele impedia ou dificultava a atuação de seus subordinados. "Em troca, recebia o pagamento da quantia de R$ 15 mil por semana, isto é, ele percebia, por sua atuação no grupo, a quantia de R$ 60 mil por mês", destacou, em sua sentença.
"O capitão PM Adjaldo se utilizou de sua farda, sua insígnia, sua função e, sobretudo, de seu comando, para favorecer e manter a pleno vapor o comércio de drogas na localidade, desonrando a nobre função de Oficial da Polícia Militar", acrescentou o magistrado.
Mais cinco réus, do total de 11, foram condenados. Alex Moura de Matos, gerente do tráfico, a quatro anos de reclusão; Douglas Moura de Matos, braço direito de Alex, a três anos e três meses de reclusão; Anni Fabiana de Souza Barata, Shirlei da Silva Nascimento e Jeovânio Beserra Santos a três anos de prisão. Todos estes tiveram as penas substituídas por prestação de serviços à comunidade e pagamento de multa.
Outros três réus – um deles, também PM – foram absolvidos por falta de provas. Peixe e Anderson Rosa Mendonça, o Coelho, apontado como outro chefe do tráfico local, tiveram seus processos extintos, pois foram denunciados pelo mesmo crime em outra ação, na 17ª Vara Criminal da Capital.
A Policia exerce função essencial à justiça. Não é instrumento político-partidário. A segregação pela justiça e a ingerência partidária em questões técnicas e de carreira dificultam os esforços dos gestores e operadores de polícia, criam animosidade, desviam efetivos e reduzem a eficácia e a confiança do cidadão nas leis, na polícia e no sistema de justiça criminal que, no Estado Democrático de Direito, garante a ordem pública e os direitos da população à justiça e segurança pública.
ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.
terça-feira, 19 de março de 2013
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