ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.

quarta-feira, 30 de abril de 2014

UM FARDO A MENOS PARA A POLÍCIA FEDERAL


Enviado por Victor Brandão, 30/04/2014, 18:06 (Há 46 minutos)





*Rogério Peninha Mendonça



No dia 23 de abril, policiais federais de todo o Brasil paralisaram suas atividades. A categoria promete declarar greve durante a Copa do Mundo se suas reivindicações não forem atendidas. Relata o sindicato da categoria que, somente em 2013, 230 servidores deixaram a instituição. As principais demandas são por melhores condições de trabalho e aumento salarial.

A já assoberbada instituição recebeu, há mais de 10 anos, mais uma tarefa: a de emitir o registro e renovação para quem anseia a posse e o porte de arma de fogo. A obrigação, que antes era das policias civis, é prevista no Estatuto do Desarmamento, editado pelo Governo Federal em 2003.

É certo que essa valiosa corporação já possui farta ocupação. Para corrigir essa discrepância, formulei o Projeto de Lei 3722/12, que estabelece novas regras para a compra, posse, porte e circulação de armas de fogo no Brasil.

Uma das previsões da proposta é retomar a emissão do registro e porte de armas de fogo para a Polícia Civil em trabalho conjunto com o Sistema Nacional de Armas (SINARM) – órgão criado em 1997, responsável pela importante sistematização dos registros e o controle de armas em poder da população. Até então, o controle não era nacional, o que prejudicava a formação de um cadastro organizado e único.

Outra mudança sugerida é a extinção da necessidade de renovação do registro da arma, pois o torna permanente. Atualmente, o cidadão precisa pagar taxas abusivas, cumprir uma série de requisitos burocráticos e, ainda ter que provar a real necessidade de possuir o armamento para a Polícia Federal.

Falta estrutura na Polícia Federal para que a cada três anos realize a renovação de milhões de registros. São pouquíssimas unidades da Polícia Federal espalhadas pelo Brasil, cerca de 150. Faltam psicólogos e instrutores de tiro credenciados para realizar esta ação em um período tão pequeno.

O Governo Federal não pode continuar tratando esses servidores de extrema relevância para o país desta maneira. Mais do que oferecer condições de trabalho satisfatórias, é hora de retirar mais esta incumbência dos policiais federais.



*Rogério Peninha Mendonça, 61 anos, é deputado federal pelo PMDB – SC.



FOGE DA VIATURA POLICIAL E ACABA MORTO

ZERO HORA 29/04/2014 | 19h09


Homem foge da viatura do Denarc e acaba morto pela polícia em Porto Alegre. Preso conseguiu se desvencilhar das algemas e escaparia da prisão quando foi baleado por um dos agentes na Avenida Assis Brasil

Eduardo Torres



Um homem que ainda não teve a identificação confirmada pela polícia foi morto por um agente do Denarc pouco depois das 17h desta terça-feira, depois de fugir misteriosamente da viatura do departamento, na Avenida Assis Brasil, Bairro Sarandi, na Zona Norte de Porto Alegre, foi baleado por um dos agentes com um tiro na perna. O disparo atingiu a artéria femoral e foi fatal.

De acordo com o relato dos agentes da 4ª Delegacia de Investigações do Denarc, o homem que havia sido preso na Vila Santa Rosa e era conduzido, algemado, até a sede do departamento, conseguiu se desvencilhar das algemas e, no momento em que a viatura parou em uma sinaleira, escapou do carro.

Os policiais afirmam que, de alguma forma, ele conseguiu recuperar o revólver calibre 32 que havia sido apreendido pelos agentes e passou a ameaçá-los enquanto fugia.

_ Tudo ainda precisa ser esclarecido, mas essa situação pode ter colocado a vida dos agentes em perigo _ afirma o diretor de investigações do Denarc, delegado Cléber dos Santos Lima.

O caso é apurado pela 3ª DHPP. A Corregedoria da Polícia Civil também investiga o fato.

DIÁRIO GAÚCHO


Corregedoria vai investigar morte de preso que fugiu da viatura do Denarc. Homem morto com um tiro na perna depois de fugir da polícia foi identificado como Marcos Pedroso. Agentes alegam que preso atirou contra eles

Eduardo Torres

A Corregedoria da Polícia Civil vai comandar a apuração da morte do homem identificado como Marcos Pedroso, atingido com um tiro na perna, que lhe atingiu a artéria femoral, por agentes do Denarc depois de fugir de uma viatura do departamento na Avenida Assis Brasil, Bairro Sarandi, na Zona Norte de Porto Alegre, por volta das 17h desta terça-feira.

De acordo com o delegado Paulo Grillo, imagens das câmeras de monitoramento do posto onde Marcos morreu serão analisadas. Testemunhas, que estavam no local, também já começaram a ser ouvidas pela polícia.

_ Os agentes alegam que o preso atirou contra eles. As imagens poderão esclarecer isso. Se realmente aconteceu, então os policiais teriam agido em legítima defesa, mas ainda não temos certeza disso _ esclarece o delegado.

Segundo ele, o inquérito também precisará esclarecer como um preso conseguiu _ além de se livrar das algemas e escapar da viatura _, recuperar um revólver que havia sido apreendido pelos policiais minutos antes.

Marcos Pedroso foi atingido por um tiro na perna, pelas costas.

POLÍCIA, FUNÇÃO ESSENCIAL E AUXILIAR DA JUSTIÇA

Segurança pública, direito social, dever do Estado, responsabilidade de todos e finalidade de um Sistema de Justiça Criminal.



JORGE BENGOCHEA 



Concito a todos os policiais a começar a valorizar a atividade policial dentro do conceito prático e real do que significa "segurança pública".

Ocorre que, de forma equivocada, os constituintes elaboraram um texto confuso para o artigo 144, deixando crer que a "segurança pública", dever do Estado e responsabilidade de todos, é exercido apenas pelas forças policiais. Além disto, eles estabeleceram como funções essenciais à justiça apenas o MP, a AGU e a Defensoria, esquecendo da polícia e do setor prisional.

Quem analisar o Título V pode perceber que ele trata "da defesa do Estado e das Instituições democráticas", coloca as Forças Armadas como garantidora da lei e da ordem, e as forças policiais como únicas no exercício da segurança pública. Os constituintes "esqueceram" a defesa do povo num Estado democrático de Direito, onde a justiça tem papel preponderante e com supremacia sobre as forças militares e policial. O notável jurista, Hely Lopes Meirelles, já deixou registrado na sua obra Direito Administrativo Brasileiro que a "nossa atual Constituição da República, do ponto de vista formal, é mal-redigida, assistemática e detalhista.

Na verdade, "segurança pública" é um direito social previsto no artigo 6 e finalidade pública de um conjunto de ações, processos e decisões jurídicas (Judiciário), normativas (Legislativo) e administrativas (Executivo) que compõem o Sistema de Justiça Criminal, que não existe no Brasil. E a polícia exerce seus deveres na prevenção, contenção, apuração dos delitos e cumprimento de ordens judiciais, repassando o produto de seus esforços aos demais instrumentos e poderes de justiça criminal.

Exercer "segurança pública" como forças de segurança num regime totalitário é uma coisa, mas, exercer a segurança pública num Estado democrático de direito, para garantir direito e uma finalidade de interesse público que depende de outros poderes, apenas com as forças policiais é um grave equívoco que atira toda a responsabilidade nas costas das forças policiais e no poder administrativo, enquanto os demais poderes lavam as mãos, como se não fossem parte do problema e da solução.

Portanto, as Forças policiais não podem sozinhas assumir encargos e sacrifícios na garantia da segurança pública, sem um sistema ágil de justiça e sem amparo de leis coativas. Também não podem ficar quietas ouvindo as críticas sem trazer as outras partes para os problemas e para as soluções. CHEGA!









terça-feira, 29 de abril de 2014

TRAUMAS DE GUERRA


REVISTA SUPERINTERESSANTE, DEZ 2008


O Exército americano transforma homens em máquinas de matar, mas não os ensina a continuar vivendo. Milhares são vítimas de estresse pós-traumático, uma doença que condecora soldados com paranóia, vícios e suicídio

por Danilo Cézar Cabral


Faluja, Iraque, 9 de novembro de 2004. No telhado de um prédio, o cabo James Blake Miller, fuzileiro naval dos EUA, tentava se proteger e manter os insurgentes o mais longe possível dele e de seus companheiros. No agito do tiroteio, seus companheiros quase atingiram Luis Sinco, fotógrafo do Los Angeles Times que acompanhava a unidade e que, findo o combate, tirou um retrato de Miller.

No dia seguinte, centenas de jornais traziam a imagem de Miller, cigarro pendurado nos lábios, o rosto coberto de sangue e sujeira. Ainda que a contragosto, virou celebridade, com direito a carta do presidente e dispensa honrosa - ninguém queria que o Marlboro Marine, como ficou conhecido, se machucasse. Mas o estrago já havia sido feito.

Feliz por estar de volta, o marine não se preocupou quando a esposa disse que ele estava apertando o pescoço dela durante a noite. Achou que era passageiro, assim como seus pesadelos sobre o Iraque. Só depois de olhar pela janela e ver o corpo de um iraquiano na calçada, Miller resolveu buscar ajuda profissional de um psiquiatra militar. Diagnóstico: o herói estava com trauma de guerra. Como tantos treinados para a guerra, ele não conseguia achar a paz.

Tragédia ignorada

Os EUA estão no Iraque por mais tempo do que lutaram na 2ª Guerra Mundial. Foram 4 anos na luta contra Hitler, e já são 6 de conflitos pós-Saddam. Se contarmos as operações no Afeganistão, 1,5 milhão de americanos serviram em batalha entre 2001 e 2007. Desses, 4 mil morreram e 60 mil foram feridos ou caíram doentes. Mas nem todas as cicatrizes são visíveis. Na mente de alguns soldados, a batalha nunca termina.

O principal problema psicológico que aflige os ex-combatentes é o transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), que inclui flashbacks do combate, paranóia constante e a incapacidade de funcionar no ambiente familiar, social e profissional. É o nome atual do que ficou conhecido como trauma de guerra.

Não é uma honra exclusiva de militares. O TEPT pode atacar qualquer vítima ou testemunha de desastres naturais, incidentes terroristas, acidentes sérios ou ataques violentos - qualquer evento aterrorizante em que a morte ou ferimentos graves são possíveis.

A diferença é que estatísticas apontam que 5% da população desenvolve algum nível de estresse pós-traumático, enquanto ao menos 10% dos combatentes desenvolvem o problema plenamente.

Esse problema é turbinado pelas condições das guerras atuais, onde as tropas lidam com múltiplos realistamentos por períodos estendidos, curtos períodos de sono, operações de 24 horas sem descanso, missões alteradas constantemente e muito conflito de guerrilha, onde combatentes e civis se misturam. Na 2ª Guerra Mundial, onde o combate era menos complexo e os inimigos mais claros, 1 a cada 20 veteranos apresentaram sintomas relacionados ao TEPT, 5% do total, índice que subiu para 15% na Guerra do Vietnã. Com o conflito do Iraque ainda ativo, não há dados definitivos, mas especialistas estimam que sejam uns 30%. Um estudo de 2004 aponta que 40% dos soldados que voltaram da "guerra contra o terror" procuraram tratamento psicológico. E não foi para superar fim de relacionamento. "A guerra significa algo diferente para nós que já olhamos através da mira de rifle apontado para outro ser humano, para aqueles que viram uma menina de 9 anos ser atingida por fogo cruzado. Estou comentando somente uma fração do que ainda me atormenta em relação a minha experiência no Iraque", diz um soldado que serviu como médico em 2004 e escreveu seu depoimento em um site de veteranos.

E os dados são apenas dos que buscaram ajuda. Um estudo do Departamento de Defesa dos EUA mostra que 60% dos fuzileiros navais que estiveram no Iraque e tiveram sintomas de depressão grave e TEPT acabaram não procurando ajuda por medo de prejudicar sua carreira ou de ser tratados de forma diferente pelos companheiros de farda.


Cuca fundida

Nossa falta de atenção e compreensão com os traumas de guerra pode vir da dificuldade que temos para entender o que se passa na mente de suas vítimas.

Claro, dá para ter uma vaga idéia, já que traumas e desastres são parte da experiência do ser humano - a evolução nos dotou com habilidade nata de adaptação a ambientes e circunstâncias variáveis. Estatisticamente, 50% de nós sobrevive a ao menos um evento traumático ao longo da vida. E, após um trauma, o normal é continuar revivendo o episódio na memória: é a maneira que o cérebro tem de processar e aprender com o estresse para depois prosseguir com sua programação normal.

O TEPT ocorre justamente quando o cérebro passa por tantos eventos traumáticos que vai perdendo, aos poucos, a capacidade de absorver esses impactos. Nesse caso, recordar é viver com medo. Richard Pierce, um veterano do Vietnã, descreve o desenvolvimento gradativo do TEPT dentro da mente de um indivíduo: "Em seus estágios iniciais, eu acho que os pesadelos, o isolamento e a ansiedade são reações defensivas naturais a uma experiência muito traumática. Nas primeiras etapas, é como uma dor de dente que incomoda. Se não for tratada, a infecção cresce e apodrece tudo. Nesse momento, se torna uma doença", diz ele no livro de Ilona Meagher Moving a Nation to Care (algo como "Fazendo uma Nação se Importar", como todos neste texto, sem edição brasileira). Se não for tratado de maneira correta, o TEPT vira um dano permanente, como um arranhão em um vinil.

Edward Tick, um psicoterapeuta clínico com 25 anos de experiência no tratamento de veteranos, em seu livro War and the Soul ("A Guerra e a Alma"), define o TEPT como uma "consciência de guerra congelada". O tempo parece estar parado, enquanto aquele que sobreviveu ao trauma relembra o evento através de recordações inesperadas e pesadelos. "Cada vez que as situações são revividas, o indivíduo fica mentalmente e fisicamente exaurido. Suas ansiedades e frustrações aumentam e ele gradualmente vai perdendo o controle", escreve Tick. A vítima começa a "organizar a sua vida em torno do trauma. Seu trabalho, suas relações familiares e sua saúde começam a se deteriorar".

Aprender a matar

No passado, os generais formavam seus batalhões catando cidadãos comuns por onde passavam. Eram soldados de uma guerra só: se sobrevivessem, voltavam para a sua antiga vida.

Hoje, a idéia é criar soldados profissionais, que não hesitem quando chega a hora de puxar o gatilho. Usando as técnicas mais eficientes de condicionamento psicológico e controle mental (se quiser falar mal, pode chamar de "lavagem cerebral"), o treinamento militar pega uma pessoa que nem você, que só conhece tiro da televisão e tem nojo de imaginar que o bife já foi vaca, em uma máquina de matar - e dane-se se a máquina pifar depois. James Blake Miller, o Marlboro Marine da abertura do texto, fez curso de pastor evangélico por correspondência e até cogitou ser mineiro de carvão antes de se alistar. Dois anos depois ele estava em Faluja, mandando tanque derrubar prédio com 40 pessoas dentro e fumando um cigarrinho logo depois. "Uma coisa é quando estão atirando em sua direção e você dá alguns tiros de volta para silenciar o outro lado. Outra coisa, completamente diferente, é quando você olha para um outro ser humano. E ele sabe que você está tentando matá-lo. Para fazer o seu trabalho em combate, você tem que ser capaz de trancar todas as suas emoções", diz ele no livro de Meagher.

Antes de serem lapidados como instrumentos letais de guerra, os recrutas têm que superar o que o autor Dave Grossman chama de "fobia humana universal": a aversão que a maioria das pessoas tem de tirar a vida das outras, ausente em apenas 2% dos os indivíduos dentro das Forças Armadas. Em seu livro, On Killing: The Psychological Cost of Learning to Kill in War and Society ("Sobre Matar: O Custo Psicológico de Aprender a Matar na Guerra e na Sociedade"), Grossman explica que "no interior da maioria das pessoas existe uma intensa resistência na hora de tirar a vida de um outro ser humano. É algo tão forte que alguns soldados morrem em combate por não conseguir superá-lo".

O Exército dos EUA usa um sistema, chamado de Controle Total, que gera 20 mil soldados por ano - nenhuma outra instituição militar na história treinou tantos homens para matar em tão pouco tempo. Graças ao programa, o número de soldados que falham na hora de rsponder ao fogo inimigo caiu de 70% para praticamente zero. O programa que cria os combatentes perfeitos, no entanto, é ineficaz na hora de evitar que eles tenham danos psicológicos resultantes da tarefa em que são tão bons. "As pessoas comentam: ‘Não sei como você conseguiu fazer aquilo’. E olham para você imaginando como você deve ter mudado, imaginando se você perdeu todo o dilema moral associado a tirar a vida de outra pessoa", escreveu John Crawford, veterano do Iraque, no livro The Last True Story I’ll Ever Tell ("A Última História Verdadeira Que Eu Contarei").

Cessar-fogo

Hoje, os soldados que voltam para casa encontram uma América com um clima muito diferente daquele que os veteranos do Vietnã encontravam mais de 40 anos atrás. Apesar de a maioria da população reprovar a invasão do Iraque, os freedom fighters ("guerreiros da liberdade") são tratados como heróis, diferentemente dos engravatados que os mandaram para lá.

Além disso, existem aproximadamente 250 ongs que lhes oferecem serviços de qualificação profissional, emprego e aconselhamento. Mas, apesar disso, a economia soluçante não está preparada para absorver a quantidade de gente que retornará para casa nos próximos anos. Milhares de ex-combatentes desempregados são um baita problema econômico, mas também psicológico. Sentir-se rejeitado pela sociedade pode desencadear a depressão, a raiva, o medo, o sentimento de culpa e os vícios que juntos compõem o quadro de transtorno de estresse pós-traumático.

Ainda por cima, o Department of Veteran Affairs (conhecido como VA, órgão federal responsável pelos veteranos) e organizações privadas já estão no limite de capacidade, ainda atendendo soldados de conflitos anteriores, como a Guerra do Golfo (de 1991, aquela em que o Bush pai varreu Saddam do Kuwait).

Segundo dados da Coalizão Nacional dos Veteranos Sem-Teto dos EUA, 1 em cada 6 dos 3 milhões de mendigos americanos são veteranos de guerra. Desse grande exército de 500 mil, apenas 20% são atendidos pelo VA.

O Marlboro Marine é quase um deles. Quatro anos depois da foto que o deixou famoso, James Blake Miller está divorciado do seu amor de colégio e morando em um trailer nos fundos da casa do seu pai, em uma cidadezinha do Kentucky. Ele sempre quis ser policial, sonho que o diagnóstico de TEPT tornou impossível. Aceitou um emprego em uma oficina mecânica de motos e, por conta disso, acabou entrando para uma gangue local de motoqueiros arruaceiros que vive arranjando confusão com a polícia.

A princípio um defensor da Guerra do Iraque, Miller acabou renegando o conflito. "O que ganhamos como país? O que realmente conquistamos além da perda de um monte de gente boa?", perguntou ele ao seu descobridor, Luis Sinco, em uma reportagem do Los Angeles Times. Talvez um dia os historiadores cheguem a um consenso sobre essas questões. Mas os traumas dos veteranos só serão superados se cada um deles encontrar suas próprias respostas.


Pós-guerra

As conseqüências da guerra permanecem na mente muito tempo depois do último tiro. Conheça os sintomas do estresse pós-traumático

Eternamente no front

O sujeito segue pensando na guerra da qual voltou, querendo ajudar os companheiros e matar inimigos.

Vícios diversos

Qualquer coisa (álcool, maconha, cocaína, remédios) que ajude a esquecer as experiências ruins.

Paranóia

Em inglês, a expressão é jumpiness, a sensação de ficar alerta o tempo todo.

Flashbacks

As memórias do combate são tão vivas que parecem reais, a ponto de ex-combatente às vezes não saberem diferenciar lembranças de realidade.

Rejeição

Muitos veteranos se sentem traídos por Deus e pela sociedade, se revoltam com o seu destino, acham que o mundo lhe deu as costas. Às vezes, é verdade.

Isolamento

Aversão ao contato social, falta de ânimo para interagir com outras pessoas.

Culpa por sobreviver

O soldado convive com os companheiros 24 horas por dia, morre e mata por eles e conta com a mesma consideração. A morte de um desses "irmãos" faz martelar a pergunta: "por que não eu?"

Suicídio

A soma de todos esses fatores pode levar a essa atitude extrema.


Um problema, vários nomes

O estresse pós-traumático existe desde que a guerra é guerra: Heródoto, o historiador grego, conta a história de um guerreiro ateniense que ficou cego na Batalha de Maratona (490 a.C.), apesar de "não ter sido atingido em nenhuma parte do corpo". Acompanhar a seqüência de diferentes nomes para o mesmo problema mostra como cada época encarou seus conflitos armados e psicológicos.

Nostalgia

Conflito: Guerras Napoleônicas, Guerra Civil Americana (século 19).

Origem: Acreditava-se que os veteranos só tinham problemas porque estavam com saudade do campo de batalha. Nada que um novo combate não resolvesse.

Neuroses de guerra

Conflito: 1ª Guerra Mundial (1914-1918).

Origem: De sumo interesse de Freud e seus discípulos, relacionava o trauma de guerra com outros pré-existentes.

Cansaço de Batalha

Conflito: 2ªGuerra Mundial (1939-1945) e Guerra da Coréia (1951-1953).

Origem: como o próprio nome indica, a crença geral era de que o sujeito só precisava de um descanso.

Síndrome pós-vietnã

Conflito: Guerra do Vietnã (1959-1975).

Origem: A intenção era colocar os sintomas terríveis como conseqüências de um único conflito, com características particulares, uma espécie de anomalia estatística.

Estresse Pós-Traumático

Conflito: Guerra do Golfo (1991).Origem: Popularizado nos anos 80, é nome mais usado atualmente, tratando o trauma como um grave problema psicológico.



Para saber mais

LIVROS

War and the Soul (importado)

Edward Tick, Quest Books, 2005.

On Killing: The Psychological Cost of Learning to Kill in War and

Society (importado) Dave Grossman, Back Bay Books, 1996.

DVD

Razões para a Guerra (Why We Fight), 2004, Diretor: Eugene Jarecki



segunda-feira, 28 de abril de 2014

STRESS DE GUERRA


PORTAL APOIAR. Publicado a 16/01/2012, 03:22


 por Humberto Silva


Stress de guerra: o que é esta doença


APOIAR DIVULGOU O STRESS DE GUERRA EM LISBOA


Durante o ano de 2011 a APOIAR realizou um ciclo de colóquios de divulgação da doença do stress de guerra pela cidade de Lisboa, numa iniciativa intitulada “A Ferida Encoberta”. O corpo clínico da APOIAR preparou uma série de intervenções que visaram esclarecer a comunidade acerca dos sintomas e consequências da exposição ao trauma por parte dos ex combatentes portugueses. Aqui fica um resumo do material científico divulgado nesses colóquios

Quando falamos de acontecimento traumático, falamos de eventos que se distinguem dos restantes pela sua gravidade, pela ameaça que representam para a vida e segurança de uma pessoa e pelas consequências psicológicas que podem provocar a longo prazo. 

Após a vivência de um trauma podem surgir vários quadros clínicos como a reação aguda de stress, a perturbação pós-stress traumático (PPST), a perturbação de ajustamento, a depressão, a reação mista de ansiedade e depressão, a perturbação psicótica e a alteração da personalidade.

Na literatura encontramos várias descrições do efeito psicológico da guerra sobre os militares, sob a denominação de “stress syndrom” (séc. XIX), “síndroma do coração irritável” e do “coração exausto” (guerra civil americana), “shell shock”, “neurose de guerra” e “fadiga de combate” (I Guerra Mundial). O termo de Stress de Guerra, vulgarmente utilizado, refere-se à PPST, caracterizada por sintomas de reexperiência do trauma, comportamentos de evitamento e ativação neurovegetativa persistente.

As queixas frequentes dos ex combatentes relacionam-se com alterações na regulação do afeto (ex. tristeza e explosões de agressividade), alterações da auto-perceção (ex. sentimentos de inadequação, vergonha e desespero), alterações neurovegetativas (ex. insónias), alterações de consciência (ex. revivência da guerra) e alterações no relacionamento com os outros (ex. isolamento e desconfiança). Apresentam ainda, frequentemente, sintomatologia associada como o alcoolismo, depressão, crises de pânico, agorafobia e ansiedade generalizada. Por seu turno, os familiares queixam-se da prepotência, agressividade, mutismo, indiferença, egocentrismo, irresponsabilidade e hipercriticismo da parte do ex combatentes.

Schlenger et. al. (1992, citado por Lapierre, Schwegler & LaBauve, 2007), mencionam que aproximadamente 30% dos veteranos da Guerra do Vietname manifestam sintomas psicológicos relacionados com a sua vivência da guerra ao longo da vida. Estudos mais recentes, com soldados americanos (Wolfe, Erickson, Sharkansy, King & King, 1999; Hoge, Castro, Messer, McGurk, Cotting, & Koffman, 2004) referem prevalências entre os 8-16% nos indivíduos que combateram na Guerra do Golfo, 11% nos que estiveram no Afeganistão e 15-17% nos que estiveram no Iraque. Nos ex combatentes portugueses da Guerra Colonial, Albuquerque et. al. (2003) encontraram uma prevalência ao longo da vida de 0.8%, o que corresponde a cerca de 58.000 casos, verificando que 0.7% dos indivíduos apresentavam PTSD aquando da realização do estudo.

Eventos como a guerra geram mais problemas psicológicos a longo prazo, por se tratar de traumas interpessoais (com intenção humana). Pode ainda existir um período de alguns meses ou anos antes de aparecerem os sintomas e a sua reactivação pode surgir devido a stressores de vida ou a novos eventos traumáticos.

A literatura tem descrito igualmente que as esposas e filhos de veteranos de guerra com PPST apresentam sintomas similares aos do ex combatentes (e.g. Ahmadzadeh & Malekian, 2004), descrevendo um fenómeno de traumatização secundária (Figley, 1998; Matsakis, 2007). Num estudo com ex combatentes da guerra colonial e seus familiares, ainda a decorrer (Martinho de Oliveira, Marques Pinto e Ribeiro, 2011), os resultados apontam para a existência de sintomatologia traumática e comórbida nas esposas e filhos dos ex combatentes com sintomas de PPST, verificando-se ainda que estas famílias recorrem mais a estratégias de coping negativas e são menos resilientes.

Estes dados alertam-nos para a dinâmica de uma família traumatizada, pelo que, para além da necessidade do tratamento psicofarmacológico na maioria dos casos, é imprescindível a intervenção psicoterapêutica individual e familiar.


Susana Martinho de Oliveira
Psicóloga Clínica da APOIAR

TIROTEIO DENTRO DA DP MATA MÉDICO QUE FAZIA BO





O Estado de S. Paulo, 27 de abril de 2014 | 21h 11


Médico morre em tiroteio dentro de delegacia em Santo André. Vítima estava no local registrando boletim de ocorrência quando foi atingida na cabeça por disparo durante um tumulto provocado pelos próprios policiais



SÃO PAULO - Um médico morreu na tarde deste domingo, 27, após ter sido atingido na cabeça por um disparo durante um tiroteio ocorrido na noite de sábado dentro do 2º. Distrito Policial de Santo André, na Grande São Paulo. Ricardo Seiti Assanome estava no local para registrar um boletim de ocorrência de um acidente de trânsito quando foi alvejado em meio a uma confusão provocada pela própria polícia paulista, segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP).

De acordo com informações da Corregedoria da Polícia Civil, o tiroteio ocorreu por causa de um erro de interpretação dos policiais do DP. Eles teriam confundido a entrada de um policial militar à paisana que buscava abrigo com um ataque de bandidos. Um policial civil e um outro homem que registrava ocorrência também foram baleados no peito e na perna, respectivamente, e estavam internados em hospitais de Santo André neste domingo.

Assanome foi levado com vida no sábado, 26, ao Centro Hospitalar de Santo André, mas não sobreviveu. Ele estava no DP com a namorada para registrar um acidente de trânsito quando um PM à paisana que fugia de bandidos entrou no local, provocando tumulto com outras pessoas que estavam no local para registrar ocorrências. Na confusão, um agente de telecomunicações da delegacia começou a atirar contra o grupo pensando que fossem bandidos invadindo a delegacia.

Um investigador também teria feito disparos acertando o agente de telecomunicações por engano. A Corregedoria da Polícia Civil informou ontem que autuou o agente em flagrante por tentativa de homicídio. Com a confirmação da morte de Assanome, o policial deverá responder a inquérito por homicídio simples.

Segundo a SSP, os criminosos que perseguiam o PM à paisana não fizeram disparos contra a delegacia nem tentaram invadi-la. A reportagem tentou contato com familiares de Assanome por telefone, mas não obteve sucesso.

Segundo a estatística da SSP divulgada na semana passada, 14 pessoas foram mortes por policiais civis em serviço ou em folga no primeiro trimestre deste ano. O número representa exatamente o dobro das sete vítimas fatais registradas entre janeiro e março de 2013.

LEGÍTIMA DEFESA E IMPUNIDADE


ZERO HORA 28 de abril de 2014 | N° 17777


VANESSA KANNENBERG


CRIME EM PASSO FUNDO. Policial reage a tentativa de assalto e mata dois

Rendido e levado no seu carro, PM de 27 anos atirou contra dupla que o atacou na saída de pizzaria



Dois detentos do regime semiaberto foram mortos por um policial militar durante tentativa de assalto em Passo Fundo, no norte do Estado, na madrugada de ontem. O PM de 27 anos – cujo nome não foi divulgado para evitar uma possível vingança, já que há suspeita de participação de outras pessoas no assalto – foi colocado no próprio carro e teria aproveitado um momento de descuido dos assaltantes para reagir. – Primeiro eles pegaram o celular dele, depois a carteira. Foi quando viram que ele era policial, e o motorista disse: “mata, mata, mata” – contou o plantonista Volmar Miguel Menegon. Em seguida, os assaltantes teriam perguntado se ele tinha uma arma. O PM respondeu que ela estava guardada na porta da frente. Enquanto o motorista procurava pela pistola calibre .40 de uso profissional, o outro assaltante se descuidou e baixou o revólver que estava apontado para o refém. – Nesse momento, o policial pegou a pistola .380, de uso particular, que ele conseguiu esconder sob a perna, e atirou contra o homem que estava ao lado dele. Depois, atirou contra o motorista e desceu pela porta de trás, agachado, porque ele não sabia que tinha matado – relatou Menegon. Fora do carro, o PM olhou para o Polo e viu um dos assaltantes caído no banco. Ele, então, foi em direção ao motorista e pediu que saísse do carro, com as mãos na cabeça. O criminoso se levantou, saiu do carro e, logo em seguida, teria caído no chão, morto. – A cena do crime demonstrava bem isso, um criminoso deitado no banco e o outro caído para fora do carro – detalhou Menegon. Os dois mortos foram identificados como Eduardo Dinovan da Rosa de Oliveira, 22 anos, e Maurício Marcelo, 23 anos. Segundo a Polícia Civil, ambos cumpriam pena por roubo em regime semiaberto no presídio de Passo Fundo.

Segundo a Delegacia Especializada em Homicídios e Desaparecidos, o policial foi abordado quando saía de uma pizzaria, no bairro Petrópolis, por volta das 23h50min de sábado. Em depoimento, ele contou que os assaltantes chegaram em pelo menos dois carros, um deles um Clio, e, armados com um revólver calibre 38, o fizeram entrar no próprio carro, um Polo vermelho. Um dos criminosos assumiu a direção, enquanto o outro manteve o PM no banco de trás, com uma arma apontada para a cabeça. Durante o trajeto pela BR-285 rumo a Carazinho, eles perguntaram se o refém era policial, mas ele negou, dizendo trabalhar na pizzaria.

Dupla de assaltantes cumpria pena por roubo no semiaberto


Local das mortes, no quilômetro 302 da rodovia que liga Passo Fundo a Carazinho, foi vistoriado ontem


“Era a vida deles ou a dele”


Abalado e com medo de vingança, o policial de 27 anos que matou os dois assaltantes não quis dar entrevista. Após conversar com o PM por telefone, ontem, o comandante do 2º Pelotão da BM de Passo Fundo, Uilson Rittes Paixão, contou o que soube do caso.

Zero Hora – Por que o policial reagiu contra os assaltantes?

Uilson Rittes Paixão – Os policiais militares são amplamente treinados para situações de confronto, nunca como reféns. A orientação que damos é nunca reagir, mas quando os bandidos gritaram “mata, mata, mata”, ele se obrigou a reagir e atirar. Era a vida deles ou a dele.

ZH – Na sua avaliação, ele agiu corretamente?

Paixão – Ele deu azar por o terem reconhecido como policial, ao abrir a carteira dele. Acredito que, se ele fosse um civil, iriam roubá-lo, levar o carro e deixá-lo na rua. Mas como era policial, queriam executá-lo e ele agiu para salvar a própria vida. Não tem certo e errado nessas horas.

ZH – E como o PM está?

Paixão – Ele está bem abalado. Ele não atirou pra matar, só quis se defender. Até saiu de casa e foi ficar com familiares, para tentar se recuperar do susto.



COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - O lamentável é que a dupla da bandidos cumpria regime do semiaberto que nada mais é do uma licença da justiça e das leis para continuar no crime. NÃO DÁ MAIS PARA TOLERAR. É urgente uma mudança de postura do eleitorado para colocar nos parlamentos políticos duros contra o crime e capazes de criar leis severas, executadas e aplicadas por um sistema de justiça criminal ágil, coativo e comprometido com o interesse público. Só assim o Brasil terá capacidade de coibir a impunidade e impedir a perda de vidas, saúde e patrimônio para o crime.



domingo, 27 de abril de 2014

MARKETING NEGATIVO

REVISTA ISTO É Edição: 2318 25.Abr.14 - 20:50




"O marketing negativo da polícia de Nova York"


por Antonio Carlos Prado e Elaine Ortiz


Não é sempre que as campanhas promovidas em redes sociais funcionam de acordo com suas propostas. 

Na semana passada, o Departamento de Polícia de Nova York (NYPD, em inglês) não obteve sucesso ao propor que internautas publicassem fotos no Twitter (hashtag #myNYPD) que mostrassem a população interagindo pacificamente com policiais. 

Em poucas horas o que mais se viu na internet (120 mil publicações) foram imagens da polícia espancando a população. 

“Aqui o #NYPD se envolve com os membros de sua comunidade, tocando corações e mentes, um cassetete por vez”, ironizou um internauta.

quinta-feira, 24 de abril de 2014

EM RONDA OPERACIONAL, SGT PM É FERIDO EM TROCA DE TIROS

CORREIO DO POVO 24/04/2014 07:54


Dico Reis / Rádio Guaíba

PM é ferido em troca de tiros na zona Norte de Porto Alegre. Sargento fazia ronda no bairro Passo das Pedras quando foi atingido



Um policial do 20º Batalhão de Polícia Militar ficou ferido depois de um tiroteio no bairro Passo das Pedras, na zona Norte de Porto Alegre. Uma guarnição da Brigada Militar (BM) realizava uma ronda no final da noite dessa quarta-feira quando foi recebida a tiros por dois homens.

Por volta das 23h, os policiais militares perceberam um homem em atitude suspeita, armado com uma pistola. No mesmo local, atrás de uma árvore, um segundo suspeito percebeu a presença da viatura e começou a atirar contra o carro da BM, ferindo um sargento que participava da ronda. Ele foi encaminhado ao Hospital Cristo Redentor, onde foi operado e não corre risco de morrer.

Incêndio suspeito

Já no começo da madrugada desta quinta-feira, um incêndio foi registrado nas imediações do local do tiroteio. O Corpo de Bombeiros foi acionado para combater as chamas que atingiram parte de uma casa, na rua Comandante Caleffi. Testemunhas afirmaram que os suspeitos que participaram da troca de tiros teriam relação com a residência. A BM está à procura dos homens que dispararam contra os policiais militares.



terça-feira, 22 de abril de 2014

COBERTOR CURTO



ZERO HORA 22 de abril de 2014 | N° 17771


EDITORIAIS



É bom saber que Porto Alegre terá policiamento reforçado no pe-ríodo da Copa do Mundo, e que os policiais militares estão sendo preparados para esta missão especial que é proteger a população, os turistas e a imagem do país. A segurança é um dos maiores desafios das autoridades brasileiras para garantir o sucesso desse grande evento internacional. Ainda assim, é preocupante que, também nessa área, a realização do Mundial evidencia carências enfrentadas pelo Estado no caso, a falta de estratégias permanentes para reduzir a sensação de insegurança percebida pelos gaúchos.

Diante da confirmação de que, a partir de meados de maio, um contingente semelhante ao mobilizado no verão para a Operação Golfinho no Litoral será deslocado do Interior para a Capital, dirigentes municipais reagiram com temor. O presidente da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs), Valdir Andres, convocou os prefeitos para debater amanhã essa decisão por meio da qual “estamos desvestindo um santo para vestir outro”. O importante é que, diante desse cobertor curto da segurança pública, tanto as demandas da Capital quanto as do Interior possam ser devidamente avaliadas, e não apenas as relacionadas a esse período.

É óbvio que a implantação do esquema precisa se mostrar maleável o suficiente para evitar que municípios do Interior, muitos dos quais com a violência já incorporada ao cotidiano, fiquem ainda mais vulneráveis. O esquema da Copa, porém, deve ser visto como uma prova de que é possível usar os recursos disponíveis nessa área com flexibilidade e eficiência. E precisa servir de modelo para a continuidade de operações que garantam e até mesmo possam reforçar a proteção dos cidadãos no cotidiano, em todo o Estado.

ATRASO EM PERÍCIAS DIFICULTA RESPOSTAS PARA MORTE DE BERNARDO BOLDRINI


ZERO HORA 22/04/2014 | 06h06


Exame que pode revelar se Bernardo foi vítima de substância letal ainda nem começou a ser feito porque equipamento está estragado desde o ano passado

Adriana Irion


As respostas para o quebra-cabeça da morte de Bernardo Boldrini que dependem de exames periciais podem demorar mais do que a Polícia Civil de Três Passos prevê. Oito dias depois da localização do corpo do menino, o exame que pode revelar se ele foi vítima de uma substância letal e que substância é essa, ainda nem começou a ser feito. O motivo: o equipamento necessário para isso está estragado desde o ano passado.

A necropsia no corpo, feita em Frederico Westphalen, foi inconclusiva sobre a causa da morte. Segundo peritos, isso ocorreu devido ao estado de decomposição do cadáver. Agora, a apuração sobre substâncias que tenham sido usadas para matá-lo dependem de exames mais específicos, como o de vísceras. A dificuldade para esse teste é que o equipamento, o Homogenizador de Tecidos do Departamento de Perícias Laboratoriais, está com uma peça quebrada. O aparelho tritura e prepara o material para análise.

Conforme o depoimento da assistente social Edelvânia Wirganovicz à polícia, revelado por ZH no final de semana, Bernardo teria recebido da madrasta comprimidos para dormir e depois uma injeção no braço esquerdo com substância letal. Um dos medicamentos citados por Edelvânia, que está presa por participação no crime, é o Midazolan, um sedativo e indutor anestésico muito usado em pequenos procedimentos, como endoscopias.

— Já fizemos a compra de um novo equipamento, que deve chegar até 14 de maio, e estamos providenciando o conserto do antigo — explica Paulo Leonel Fioravante Fernandes, diretor-geral adjunto e supervisor técnico do Instituto-Geral de Perícias (IGP).

Segundo Paulo Leonel, visando a não atrasar muito a perícia do caso Bernardo, já está sendo verificada a possibilidade de o exame ser feito em parceria com uma universidade que disponha do homogenizador. Além da causa da morte, a polícia aguarda o resultado de outras análises para reconstruir passo a passo o crime e demonstrar o grau de participação de cada suspeito.

Medidas que são avaliadas

Causa da morte

A necropsia, feita no Posto Médico Legal de Frederico Westphalen, foi inconclusiva para a causa da morte devido ao estado do corpo, enterrado havia 10 dias. Não foi possível localizar, por exemplo, sinais como o que seria deixado pela aplicação de uma injeção com substância letal. Para identificar a substância usada para matar o menino, é preciso analisar materiais como urina e vísceras. Urina não foi possível coletar.

Vestígios em carros

Estão apreendidos um Veloster (de Leandro Boldrini), uma caminhonete Triton (de Graciele Ugulini) e um Siena (de Edelvânia Wirganovicz). A busca por vestígios de substâncias como sangue ou terra, por exemplo, é feita por um perito criminalístico. O Veloster e a Triton já passaram por exame com luminol, substância química que ajuda a detectar sinais de sangue. A polícia está elaborando novos pedidos em relação aos carros. Um deles é a análise dos equipamentos de GPS para conferir rotas realizadas.

Gravações

Há imagens de câmeras de segurança que mostram Graciele e Edelvânia com o menino no dia do suposto desaparecimento. Se for solicitada análise desse material, o exame será feito pelo Departamento de Criminalística (DC).

Ferramentas

A pá e a cavadeira apreendidas na casa da mãe de Edelvânia são elementos importantes para montar o quebra-cabeça. Dependendo do que a polícia pedir, o exame pode ser feito em Santo Ângelo ou em Porto Alegre. Se for apenas a análise da ferramenta em si, para verificar possíveis amassados ou deformações, por exemplo, a tarefa será feita em Santo Ângelo. Se for necessária análise de substâncias contidas nas ferramentas, o trabalho deve passar para a Capital. Pode ser realizada pelo setor de perícias ambientais do Departamento de Criminalística (DC) em parceria com o Departamento de Perícias Laboratoriais.

Medicamentos

Remédios e outras substâncias apreendidas na casa e na clínica de Leandro Boldrini devem ser analisadas pelo Departamento de Perícias Laboratoriais. Em alguns casos, pode ser solicitada apoio para universidades.

Reconstituição

A recriação da cena do crime também pode ser solicitada. A reconstituição é uma ferramenta utilizada em casos complexos e, principalmente, quando há contradições nas versões dos suspeitos. Também é feita por peritos do DC. Por outro lado, não foi acionada perícia para fazer levantamento no local do encontro do corpo.


Relembre o caso

Bernardo Uglione Boldrini, 11 anos, desapareceu no dia 4 de abril, uma sexta-feira, em Três Passos, município do Noroeste. De acordo com o pai, o médico cirurgião Leandro Boldrini, 38 anos, ele teria ido à tarde para a cidade de Frederico Westphalen com a madrasta, Graciele Ugolini, 32 anos, para comprar uma TV.

De volta a Três Passos, o menino teria dito que passaria o final de semana na casa de um amigo. Como no domingo ele não retornou, o pai acionou a polícia. Boldrini chegou a contatar uma rádio local para anunciar o desaparecimento. Cartazes com fotos de Bernardo foram espalhados pela cidade, por Santa Maria e Passo Fundo.

Na noite de segunda-feira, dia 14, o corpo do menino foi encontrado no interior de Frederico Westphalen dentro de um saco plástico e enterrado às margens do Rio Mico, na localidade de Linha São Francisco, interior do município.

Segundo a Polícia Civil, Bernardo foi dopado antes de ser morto com uma injeção letal no dia 4. Seu corpo foi velado em Santa Maria e sepultado na mesma cidade. No dia 14, foram presos o médico Leandro Boldrini - que tem uma clínica particular em Três Passos e atua no hospital do município -, a madrasta e uma terceira pessoa, identificada como Edelvania Wirganovicz, 40 anos, que colaborou com a identificação do corpo. O casal aparentava uma vida dupla, segundo relatos de amigos e vizinhos.



sábado, 19 de abril de 2014

ENTREGAR A SEGURANÇA ÀS UPPS É SUBESTIMAR O PODER DOS TRAFICANTES

REVISTA VEJA 09/04/2012 - 17:57


Rio de Janeiro. Migração de criminosos para outras áreas do Rio e resistência de traficantes em grandes favelas, como a Rocinha, mostram que política de segurança não pode se limitar às unidades de polícia inventadas pelo governo do Rio

Cecília Ritto, do Rio de Janeiro



William da Rocinha na inauguração de uma agência bancária na favela, aplaudindo o governador Sérgio Cabral(Reprodução/Facebook)

A mudança de cenário nas favelas da zona sul do Rio e algumas conquistas históricas – como a retomada do Complexo do Alemão e a entrada da polícia na Rocinha – colocaram as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) do governo do estado do Rio na linha de frente de tudo o que pode ter relação com segurança pública. O grande mérito do projeto é, ainda que em sua fase inicial, a criação de um caminho para que o poder público tenha, nas favelas, o mesmo trânsito que tem ‘no asfalto’. O sucesso de público das primeiras UPPs, estimulado pela propaganda oficial, criou uma distorção: particularmente na zona sul do Rio esses postos avançados da Polícia Militar nos morros passaram a ser vistos como a solução dos problemas do estado com a criminalidade. E pior: as autoridades responsáveis pela gestão da segurança passaram a dar prioridade desproporcional ao programa.

Nas últimas semanas, o projeto das UPPs e as áreas que estão de fora do programa deram exemplos de que a segurança pública não pode depender da ocupação de favelas. Na Rocinha, no coração da zona sul, houve 10 assassinatos em dois meses, e os indícios são de que o tráfico de drogas, que certamente persiste no local, não quer entregar o território tão facilmente. Em Niterói, cidade vizinha ao Rio, uma onda de assaltos e tiroteios assusta a população. No último fim de semana, o fisioterapeuta Fabiano de Almeida, de 35 anos, estava com sua namorada em uma moto quando foi baleado na cabeça. O veículo foi roubado e Fabiano corre o risco de ficar cego. No dia 30 de março, o médico Carlos Vieira de Carvalho Sobrinho, de 65 anos, foi morto com um tiro no peito na porta de casa, no bairro de Icaraí, durante um assalto no qual os criminosos queriam levar o carro. Em 1º de abril, Jorge Luiz Carvalho, de 24 anos, foi baleado no pescoço dentro de seu carro.

Não são poucos os que veem nesse aumento repentino uma migração da criminalidade. Trocando em miúdos: os bandidos que foram expulsos pelas UPPs estariam se encastelando do outro lado da Baía de Guanabara, onde o policiamento, já aquém do necessário, não teve reforço – a exceção foram 100 homens deslocados após duas mortes em roubos de veículos e muita reclamação da população.

As conquistas das UPPs são inegáveis. Mas é chegada a hora de um ajuste. Desde 10 de dezembro de 2008, quando foi criada a primeira dessas unidades, no Morro Dona Marta, praticamente 100% dos novos policiais formados no estado foram enviados para unidades em favelas. “Mesmo nas áreas em que há UPPs, essa carência de policiais se manifesta. É comum ouvir dos comandantes de Copacabana, Botafogo, Tijuca (bairros atendidos pelas unidades) que o seu policiamento para áreas do bairro onde não há UPP está ficando estrangulado. Já existe o problema histórico de efetivo. Imagine em outros municípios, regiões?”, diz o professor de ciências sociais João Trajano, da UERJ.

No mesmo período de instalação das UPPs, enquanto os índices de criminalidade eram reduzidos na capital, cidades como Niterói e municípios do interior passaram a enfrentar problemas com aumento da violência. Para Trajano, não adianta restringir as unidades a um cinturão estratégico na cidade - como é o caso do entorno do Maracanã. É preciso que se pense em alternativas para outras áreas. “Não é viável um efetivo policial que permita que cada comunidade com tráfico ou milícia tenha UPP. Tem que pensar mecanismos de saída das UPPs sem que isso implique na volta do crime. É necessário refletir de forma sistemática, cuidadosa, levando em conta eventuais migrações”, afirma Trajano.

Um caminho possível, segundo Trajano, é investir em programas de caráter fundiário, controle da ocupação do espaço, programas de natureza social e cultural. A onda de violência em Niterói mostra a necessidade de ajustes na política de segurança pública. A começar pela própria UPP. “Não existe um projeto formalizado em torno das UPPs, com metas claras, organograma. Por enquanto, identifico mais com uma experiência que, apesar das virtudes, tem que se consolidar como um programa”, explica.

A onda de crimes em Niterói não é novidade para quem acompanha a segurança pública de perto. Para Trajano, a migração é um cenário plausível do ponto de vista lógico e da literatura da criminalidade. “Em São Paulo, quando houve redução de crimes em Diadema através de um programa de prevenção, existiu uma migração para municípios vizinhos. Pesquisas internacionais também apontam para essa possibilidade”, conta.

Mesmo locais pacificados têm encontrado dificuldades para vingar a política de implantação de UPPs. O secretário de segurança do Rio, José Mariano Beltrame, convocou uma coletiva na semana passada e explicou que houve problemas na de todas as unidades. Esse é um fato a considerar, levando em conta que no morro do Fallet-Fogueteiro, por exemplo, os oficiais que comandavam a unidade foram afastados depois da descoberta de que recebiam uma mesada dos traficantes. Mas em nenhuma favela a coisa se deu como ocorre agora na Rocinha. No domingo, Mauriciano Morais de Souza, de 22 anos, matou Manoel Messias, de 30 anos, na favela com uma caixa de som. A Polícia trabalha com a possibilidade de crime passional. Mas, segundo a principal linha de investigação, a maioria dos homicídios está relacionada à disputa entre traficantes pelo domínio da venda de droga na Rocinha. Na última quarta-feira, o cabo Rodrigo Alves Cavalcante, de 33 anos, lotado no Batalhão de Choque (BPChoque) foi baleado e morreu enquanto patrulhava a favela.

VEJA revelou a existência de um documento elaborado pela coordenadoria de inteligência da Polícia Civil que investiga o pagamento de subornos da ordem de 80 mil reais a policiais que patrulham a Rocinha. O objetivo seria a garantia de que os PMs não fiscalizariam as ruelas onde o tráfico atua na favela. A favela é uma área tradicionalmente conturbada, e episódios como os dos últimos dois meses não devem ser sufocados em um futuro tão próximo. “Sempre que há queda de traficante ou prisão de líder abre-se uma disputa entre os criminosos. A Rocinha é um lugar estratégico de varejo da droga. Não será processo muito rápido de erradicar focos armados. É uma favela muito grande e ecologicamente complicada. Ainda haverá um tempo de sofrimento e conflitos”, explica Trajano.

AS UPPS AVANÇAM. E CRESCEM OS PROBLEMAS

REVISTA VEJA 28/06/2012 - 17:45

Rio de Janeiro. Exército completa, na sexta-feira, retirada das tropas do Alemão e da Penha. Na Mangueira, 12 são afastados por suspeita de extorsão


Policiais do Bope assumem postos de comando antes ocupados pelo Exército no Alemão (Fernando Quevedo/OGlobo)


Começa, para o secretário José Mariano Beltrame, um desafio espinhoso no Alemão e na Penha: evitar que a corrupção e a conivência de policiais com o tráfico arraste o projeto para a vala comum de outras iniciativas fracassadas

O processo de ocupação pela polícia nos conjuntos de favelas do Alemão e da Penha, na zona norte do Rio, será concluído, de fato, nesta sexta-feira, quando se encerra o convênio firmado com o governo federal para a atuação das Forças Armadas no local. Só agora, um ano e meio após a cinematográfica reconquista dos morros, policiais militares assumem as posições de patrulhamento diário da região. Desde dezembro de 2010 eram homens do Exército os encarregados de vigiar ruas, revistar suspeitos e reprimir as investidas de traficantes remanescentes. Nesse período, 1.200 militares atuaram na ocupação – suprindo a deficiência de efetivo da PM fluminense, em uma solução política que ignorou uma ilegalidade. Para atuar em missões de segurança pública, militares das Forças Armadas dependem da decretação de intervenção no estado, algo que nunca ocorreu.

O comando da operação de ‘pacificação’, como é chamado programa de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), passa agora a ser do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e do Batalhão de Choque da Polícia Militar. Começa então, para o secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, e para a cúpula da PM, um desafio tão espinhoso quanto a ocupação com tanques e fuzis: evitar que a corrupção e a conivência com o tráfico arraste o projeto para a vala comum de outras iniciativas fracassadas.

O período em que o Exército esteve no controle das ações não foi um mar de rosas. Acusações de truculência e de abuso de poder – algumas, suspeita-se, motivadas por aliados do tráfico – causaram problemas para os oficiais encarregados da missão. Mas os 20 meses de permanência do Exército passou em pelo menos um teste: não se conhece denúncia de envolvimento da tropa com bandidos.

O que se teme são episódios como o da UPP nos morros do Fallet e Fogueteiro, em que até o comando foi afastado depois da descoberta de um sistema de mesada paga por traficantes para garantir que os policiais não incomodariam o movimento nas bocas de fumo.

O caso mais recente de suspeita de corrupção foi registrado esta semana em outra favela da zona norte: 12 policiais militares foram presos na terça-feira sob acusação de extorsão a traficante no Morro da Mangueira, em São Cristóvão. Os agentes militares atuavam na Unidade de Polícia Pacificadora da comunidade.

Denúncias de moradores do Morro da Mangueira informavam que os policiais teriam apreendido, na casa de uma vítima, droga e dois celulares. Para que o proprietário não fosse levado à delegacia, os policiais acusados teriam exigido o pagamento de 3.500 reais. O material descrito pelos denunciantes ainda não foi encontrado, informou a Coordenadoria de Polícia Pacificadora do Rio. A ocorrência foi registrada na 1ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM), onde acabou sendo determinada a prisão preventiva dos policiais. A coordenadoria das UPPs não divulgou os nomes dos agentes detidos.

Cinco dos suspeitos foram reconhecidos pela vítima de extorsão. Outros sete agentes militares, que também trabalham na unidade pacificadora, foram afastados para “garantir a isenção da investigação”, informou a PM. Os policiais estão presos administrativamente por 72 horas no 4º Batalhão da Polícia Militar. Nesta quinta-feira, a coordenadoria informou que os homens já foram retirados do efetivo da UPP e movimentados para a Diretoria Geral de Pessoal (DGP) – uma medida administrativa que, ao longo da apuração, mantém os acusados fora da rua e longe de possíveis testemunhas.

Novas UPPs – Na quarta-feira, o governo do Rio inaugurou duas novas Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) no conjunto de favelas da Penha. As novas unidades ficam nos morros da Chatuba e da Fé, que terão, juntas, 400 policiais recém-formados para patrulhamento de dez favalas. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, 13 mil pessoas são atendidas por essas duas UPPs.

Na inauguração, o governador Sérgio Cabral classificou de "revolucionária" a política de segurança das UPPs. "Nós estamos com 25 unidades e dois milhões de pessoas beneficiadas. Em menos de quatro anos, é uma revolução diante de trinta anos ou mais de poder paralelo", afirmou o governador.

Cabral afirmou que as favelas ‘pacificadas’ que ainda têm casos de confronto entre traficantes podem ter reforço no policiamento. Na ocasião, foram anunciados investimentos de 80 milhões de reais anuais para o policiamento ostensivo de favelas do programa de UPPs. As 25 unidades já implantadas atendem a mais de 140 favelas e contam com mais de 5 mil policiais. "Não é natural que haja uma força paralela dominando uma comunidade. Isso não é natural, mas o Rio conviveu com isso durante anos como se fosse normal", afirmou.
Segundo o governador, após a instalação das unidades no complexo da Penha será a vez da Rocinha. A maior favela da zona sul, ocupada por PMS do Batalhão de Choque, ainda enfrenta a resistência de bandidos.

Homicídios – As UPPs e os dados de redução de homicídios são os dois pontos principais da política de segurança do governo do estado. E serviram, na campanha de Sérgio Cabral à reeleição, como propulsores da propaganda. Na terça-feira, o Instituto de Segurança Pública (ISP), órgão do governo do estado, divulgou uma nova edição das estatísticas de criminalidade. O resultado mais expressivo é a taxa de homicídios dolosos, que fechou o acumulado de janeiro a maio em 10,9 casos para cada 100 mil habitantes - o menor registro em 21 anos, desde a criação da série histórica. No mesmo período de 2011, a taxa foi de 12 por 100 mil habitantes.

Também houve redução de outros indicadores considerados estratégicos, como: Letalidade Violenta (Homicídio Doloso, Latrocínio, Auto de Resistência e Lesão Corporal Seguida de Morte), que caiu de 2.319, em 2011, para 2.048 em 2012 - o melhor resultado de janeiro a maio desde o ano de 2000; Roubo de Rua, reduzido de 29.564, em 2011, para 26.074 em 2012 - o melhor resultado de janeiro a maio desde o ano de 2007; Roubo de Veículo – O total de incidências no Estado teve aumento. Foram 7.554, em 2011, contra 9.702 roubos no ano de 2012.

Esses três indicadores estratégicos são usados na definição do Sistema Integrado de Metas da Secretaria de Segurança, que premia as unidades policiais que apresentarem melhor desempenho na redução da criminalidade. Para o primeiro semestre de 2012, as metas de reduções, em relação ao primeiro semestre de 2011 são: Letalidade Violenta –7,01%; Roubo de Veículo – 5,64%; e Roubo de Rua – 5,23%.

A exceção alarmante é o número de roubos a residências, que apresentou um aumento significativo de 25,1%, saltando de 495, no ano passado, para 619 em 2012.

Fora da capital – As maiores críticas à política de Sérgio Cabral para segurança dizem respeito à concentração de esforços e investimentos na capital. Áreas do interior e cidades da região metropolitana não recebem a mesma atenção. Niterói, a 13Km do Rio, teve recentemente uma onda de assaltos, com protestos por mais policiamento.

Na manhã desta quinta-feira, uma operação da Polícia Civil prendeu um homem suspeito de ser o responsável pelo tráfico de drogas em cinco favelas de São Gonçalo, na região metropolitana. O suspeito, de nome José Antônio de Oliveira, de 31 anos, é conhecido como Coroa e foi capturado no bairro de Barro Vermelho. Com ele foi encontrada uma pistola calibre 9mm, de origem israelense, segundo informou a polícia.

Nessa área, a lógica de policiais com formação diferenciada e que trabalham em parceria com a população ainda é um plano para o futuro.

(Com Agência Estado)

O BRASIL PRECISA DE UM NOVA POLÍCIA

REVISTA VEJA 31/03/2014 - 10:06


Segurança. Criticadas por seu grau de violência e pela baixa eficácia, instituições formam policiais com vícios da ditadura militar. Governos insistem em soluções pontuais que sucumbem às antigas práticas de corrupção e corporativismo

João Marcello Erthal e Daniel Haidar



Policiais durante treinamento da Polícia Militar para conter protestos, no Rio (Yasuyoshi Chiba/AFP)

Quem precisa de polícia? A pergunta carregada de indignação estava entre os muitos e difusos pleitos das manifestações de 2013. A resposta é óbvia, apesar de incômoda para as alas radicais que querem ‘mudar o país’, sem dizer exatamente para onde. A todos – exceto aos bandidos – interessa uma polícia presente, preparada, capaz de servir, intervir e mediar conflitos que a sociedade não conseguiu equacionar por diálogo e consenso. O uso da força, é claro, faz parte desse repertório de ações, mas como recurso extremo.

Não é este o retrato das forças policiais Brasil afora. Tampouco foram os manifestantes os primeiros a reivindicar mudanças nas instituições – particularmente as militares. O relatório de 2014 da organização Human Rights Watch, no capítulo dedicado ao Brasil, cita as 1.890 mortes atribuídas a policiais no ano de 2012 – dado fornecido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Diz o relatório: “Nem todas as mortes ocorridas em decorrência de ação policial resultam do uso legítimo de força”. Separados os Estados de São Paulo e Rio de Janeiro, houve naquele ano, respectivamente, 165 e 362 homicídios cometidos por agentes. O documento destaca como exemplo o caso do pedreiro Amarildo de Souza, desaparecido desde 14 de julho do ano passado na favela da Rocinha, no Rio. Vinte e cinco policiais militares foram denunciados pelos crimes de tortura, assassinato, ocultação do cadáver e obstrução da Justiça.

Há um desencontro histórico entre o que se quer da polícia e o modelo que os governos mantêm nas instituições e na forja de novos policiais. Apesar de graduados em épocas diferentes, são parecidíssimos, em sua formação, os 79 PMs réus pelo massacre de 111 presos do Carandiru, em 1992, e os 25 policiais agora julgados no Rio de Janeiro pela morte de Amarildo. Os agentes do Carandiru foram treinados entre as décadas de 70 e 80; os do Rio, em sua maioria, são egressos de turmas dos anos 2010, dos bancos da academia dedicados a formar a nova polícia concebida pelo secretário de Segurança de Estado, José Mariano Beltrame. Na avaliação de especialistas em segurança pública ouvidos pelo site de VEJA, mudanças pontuais, como as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) ou os programas que trazem pequenas inovações, não são suficientes para entregar à sociedade uma polícia livre de vícios e mais voltada para o serviço ao cidadão do que para a guerra.

Militares – É a PM o alvo maior das denúncias de abusos, corrupção, ineficiência e, até, por sua ausência. Afinal, na divisão de competências estabelecida entre a polícia judiciária e a ostensiva, coube aos homens e mulheres fardados a missão de travar o corpo a corpo com a população, em situações que vão das operações de trânsito à contenção de protestos.

A antropóloga Haydée Caruso, professora da UnB, pesquisou a formação dos praças da Polícia Militar do Rio em trabalho de mestrado entre 2002 e 2004. Constatou que as principais instruções de procedimentos datavam da década de 80. O que havia de “novo” eram manuais criados em 1983 pelo coronel Carlos Magno Nazareth Cerqueira, que comandou a instituição nos anos 80 e é considerado o criador dos postos de policiamento comunitário em favelas do Rio. As disciplinas que dominam os currículos são as de ênfase jurídica e militar.

"As academias de hoje formam profissionais inseguros, que têm pouco conhecimento sobre a realidade da rua e do que a população quer desse policial. Rapidamente os conceitos novos são suprimidos pelo que dita a prática dos veteranos. O treinamento formal, de certa forma, melhorou. Mas não o suficiente para transformar os padrões de comportamento e a relação que o agente estabelece com a população”, afirma Haydée.

A formação dos agentes é um reflexo da forma como foram concebidas as instituições policiais, um problema bem anterior à ditadura militar. As forças que hoje atuam nas cidades nasceram com o intuito de servir à sociedade democrática. “Temos no Brasil uma cultura policial muito arraigada, anterior até à ditadura militar. Nossa estrutura policial foi concebida para finalidades não vinculadas à sociedade democrática, com a polícia que caçava escravos, formada por jagunços e milícias com a finalidade de cumprir interesses que não são os da cidadania, em um tempo de desigualdade social muito grande”, explica o sociólogo Rodrigo Azevedo, professor e pesquisador da PUC-RS, especializado em ciências criminais.

A divisão de competências entre as instituições civis e militares criou no Brasil um padrão que tem, ao mesmo tempo, sobreposições e descontinuidade de competências. É a Polícia Militar que age na rua, aborda o cidadão, prende suspeitos e conduz as “ocorrências”. Mas é a Polícia Civil a encarregada de registrar, encarcerar, indiciar e encaminhar os casos ao Ministério Público e, finalmente, à Justiça. Em resumo, uma força detém os registros, os dados específicos e a documentação sobre a criminalidade; e é outra corporação a encarregada de prevenir o crime, atuar nos locais e momentos em que determinado delito pode ocorrer. Na prática, essa fissura no processo também cria disputa de poder, com os comandos das duas instituições disputando controle, por exemplo, sobre as interceptações telefônicas e sobre posições no Executivo – mais especificamente nas secretarias de Segurança e nos ministérios ligados a essa área.

A fissura nesse procedimento alimenta uma corrente que defende a desmilitarização da polícia. Coordenador do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública da Universidade Federal de Minas Gerais (Crisp/UFMG), o sociólogo Claudio Beato rejeita medidas abruptas e radicais sobre as PMs. “A desmilitarização saiu das ruas muito desfocada. De fato, temos problemas com o sistema no qual duas polícias trabalham sobre a mesma coisa. A estrutura dupla não funciona. É preciso criar uma polícia que funcione paralelamente às atuais, até uma substituição completa. Seria algo como uma polícia metropolitana”, defende Beato.

A desmilitarização, isoladamente, não é solução, indicam especialistas ouvidos pelo site de VEJA. Afinal, as instituições civis também são corroídas por corrupção, corporativismo e pressões políticas e ideológicas. “A Polícia Civil é cartorial, burocrática, não investiga. O delegado de polícia – um bacharel em Direito – é muito descolado do processo de investigação. Lida com tiras que cumprem processos viciados de uma rotina não necessariamente compatível com que diz essa chefia”, exemplifica Azevedo.

Truculência – De forma geral, as polícias recebem mais críticas por excessos do que por suas omissões. De acordo com Luciane Patrício, superintendente de educação da Secretaria Estadual de Segurança Pública do Rio de Janeiro, o currículo de formação dos praças da PM foi reformulado em 2012, com mais foco em disciplinas técnicas e conteúdo humanístico. Mas ela reconhece que as boas práticas ensinadas na academia ainda precisam ser respaldadas por uma mudança na "estrutura institucional". "Toda a estrutura institucional precisa caminhar nessa mesma direção. Essa lógica de formação militar está em disputa com uma lógica que defende um policial que preste serviço para a comunidade. Ainda predomina uma doutrina militar, de que existe um inimigo público a ser perseguido. Acredito, porém, numa superação da lógica cidadã, de que a polícia é prestadora de serviço e não para fazer guerra", diz Luciane.

As UPPs ainda são, com todos os defeitos, o programa que mais apresentou resultados no Rio de Janeiro – um local onde o crescimento do tráfico de drogas e das quadrilhas parecia algo impossível de combater. Mas, como alertam os especialistas em segurança, como projeto pontual, as unidades da polícia instaladas em favelas têm limitações. O pedido de ajuda ao governo federal e às Forças Armadas, que possibilitam agora a ocupação do Complexo da Maré, comprova a tese. As UPPs são vitais para que o Estado do Rio não regrida, mas sozinhas não dão conta do problema. Desde a ocupação do Morro Dona Marta, em Botafogo, em 2008, até o estágio atual, o programa se expandiu e abarcou ao todo 37 favelas. Em algumas delas, no entanto, o objetivo de “pacificar” ainda é algo distante, e os PMs tornaram-se alvos de bandidos ou, como a “velha polícia”, carecem de credibilidade.

POLICIA RODA A BAIANA CONTRA JAQUES WAGNER

REVISTA ISTO É N° Edição: 2317 | 17.Abr.14

Sem obter um acordo depois de quase dois anos de negociação, o governador da Bahia não consegue evitar greve da PM, as principais cidades do Estado sofrem onda de saques e tropas do Exército são deslocadas para garantir a segurança da população


Com exceção feita ao Rio de Janeiro, onde o crime organizado se instalou há décadas e tem tentáculos espalhados por todo o País, a história recente mostra que qualquer governador, aliado ou opositor do governo federal, procura ao máximo evitar a interferência das forças nacionais em seus territórios. Para os políticos, esse tipo de intervenção é praticamente um atestado de incapacidade para enfrentar os problemas de segurança pública, missão constitucionalmente entregue aos governos estaduais. Na noite da terça-feira 15, o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), fugiu a essa regra. Minutos antes de uma assembleia de policiais militares aprovar uma condenável greve, Wagner fez contato com o Palácio do Planalto e com os Ministérios da Defesa e da Justiça para pedir que tropas do Exército e da Força Nacional fossem deslocadas à Bahia com o propósito de garantir a segurança da população. Na manhã da quarta-feira 16, a presidenta Dilma Rousseff assinou o decreto de Garantia da Lei e da Ordem, que permite às Forças Armadas atuar na segurança pública da Bahia. Com isso, os militares ficam autorizados a fazer patrulhamento, vistorias e prisões em flagrante. O decreto é o atestado de que a gestão de Wagner, já no último ano de governo, não foi capaz de oferecer segurança aos baianos.


SEM HABILIDADE
Jaques Wagner (acima) afirma que a greve é política, mas, em assembleia,
policiais dizem que são enrolados há dois anos pelo governador e o
movimento pode se espalhar por outras categorias do funcionalismo



A rapidez com que o governador admitiu a falta de controle sobre a Polícia Militar não impediu que o povo baiano vivesse momentos de terror. Nas primeiras 24 horas de greve foram registrados nove homicídios em Feira de Santana, dezenas de supermercados e lojas de eletrodomésticos de Salvador e de cidades do interior foram saqueadas. Houve arrastões em alguns bairros da capital. Com medo de depredações, as principais empresas de transporte público recolheram os ônibus deixando a população sem ter como ir e voltar do trabalho. Boa parte dos bancos fechou as portas e há registros de depredações em algumas agências. As escolas públicas e privadas, bem como as faculdades, cancelaram as aulas e avisaram aos alunos que só voltam a funcionar na terça-feira 22. “Precisamos nos empenhar para que pelo menos os serviços essenciais sejam assegurados”, disse o prefeito de Salvador, ACM Neto, mas até a Guarda Municipal tinha medo de ir às ruas. Por volta das 16h30 da quarta-feira 16 começou a desembarcar em Salvador parte dos seis mil militares que irão assumir o papel da PM, sob o comando do general Racine Bezerra Lima. Os soldados foram deslocados de Aracaju, Fortaleza, Recife e São Paulo. “Permaneceremos nas ruas e mantendo a ordem até o governo e a PM entrarem em acordo”, disse o general.


VIOLÊNCIA E INTERVENÇÃO
Sem polícia nas ruas, bandidos saquearam diversos supermercados
e o Exército precisou ocupar as ruas para cumprir uma
missão que deveria ser exercida pelo governador



O governador se diz traído pelos policiais e afirma que a greve é política. Segundo ele, as negociações estavam em andamento e o governo havia aceitado o que queriam os PMs. Não é a versão dos policiais (leia quadro abaixo). “Essa greve tem caráter político, porque está sendo conduzida por dois candidatos de oposição”, disse Wagner. De fato, dois dos principais líderes do movimento são candidatos. Marco Prisco, presidente da Associação de Policiais e Bombeiros e de Seus Familiares, é candidato a deputado estadual pelo PSDB e Capitão Tadeu é candidato a deputado federal pelo PSB.

O problema do governador, porém, não é definir se a greve é ou não política. O que o movimento evidencia é uma absoluta falta de habilidade em negociar com o funcionalismo. Desde 2012, quando os policias fizeram uma greve que durou dez dias e deixou um saldo de 120 mortos, Wagner vem negociando com os policiais sem chegar a nenhum acordo. “São dois anos de pura embromação e isso não ocorre apenas com os policiais”, diz Prisco. Na noite da quarta-feira 16, outras categorias do funcionalismo ameaçavam aderir ao movimento dos PMs.



Se para o governador falta habilidade na condução das negociações com o funcionalismo, para os policiais falta amparo legal ao movimento. O Tribunal de Justiça decretou a greve ilegal, pois, no entender dos desembargadores baianos, contraria dispositivo constitucional. Enquanto o impasse não se resolve, as Forças Armadas permanecerão nas ruas da Bahia.

PERÍCIAS ATRASADAS

ZERO HORA 19/04/2014 | 06h33

Humberto Trezzi e Eduardo Torres

Ciência pede socorro. IGP tem mais de 3,4 mil perícias atrasadas. 
Fechamento do principal prédio do órgão aumenta problemas relacionados ao exame de indícios vitais para a solução de crimes


Infraestrutura é precária no Instituto Geral de PeríciasFoto: Arquivo pessoal / Arquivo pessoal


Há mais de cinco meses, o prédio-sede da perícia criminal no Estado está interditado por precaução contra incêndio e questões de direito de propriedade. Desde então, problemas se acumulam no setor. Espalhados por edifícios não projetados para funções técnicas, os peritos carecem de locais adequados para testar armas, realizar exames laboratoriais e até de silêncio para elaborar sofisticados laudos de engenharia, que demandam concentração. O resultado é que, além de instalações improvisadas, o setor acumula atrasos na entrega de perícias vitais para esclarecimento de crimes.

Mais de 3,4 mil perícias deixaram de ser realizadas entre novembro e fevereiro, apenas no setor de balística, o mais afetado pelas mudanças no Instituto-geral de Perícias (IGP), informa o Sindicato dos Peritos Criminais do Rio Grande do Sul. Vital para elucidar delitos como homicídio e latrocínio (roubo com morte), a área ficou fechada nesse período, sem emitir laudos, porque a interdição do prédio resultou no fechamento dos laboratórios onde eram feitos testes de tiro (para checar se a bala vem de uma determinada arma) e revelação química (para identificar a procedência de cada arma).

O setor de balística voltou a operar, mas continua com defasagem nas perícias. Os peritos dizem que uma sala para testes balísticos foi improvisada no almoxarifado do IGP, na sede da Secretaria da Segurança Pública (SSP).

– Mas lá há só uma caixa de disparo em uso para exame de comparação de teias e outra em construção, dos sete equipamentos (micro comparadores balísticos) existentes. Alguns estão em desuso por falta de espaço e três estão no prédio interditado do IGP, na Avenida Princesa Isabel. Só armas curtas (revólveres e pistolas) são periciadas. Espingardas e fuzis não, porque inexiste lugar para testar suas munições – informa Eduardo Lima Silva, presidente do Sindicato dos Peritos Criminais.

A direção do IGP admite que, até segunda-feira, 3,4 mil requisições de perícias esperavam concretização, sendo 1.260 para funcionamento de armas e 2.207 de comparação de projéteis. E novas perícias voltaram a ser feitas, mediante agendamento.

– Mas implantamos a atividade de força-tarefa, que está nos propiciando a redução do déficit e agilidade na elaboração de laudos – comemora Antônio Pedro Figini, diretor do Departamento de Criminalística, em resposta ao questionamento de Zero Hora.

Setor de engenharia está abrigado em sala emprestada


O problema é que os empecilhos não se limitam ao atraso em perícias. O setor de engenharia, que faz laudos sobre acidentes em prédios, por exemplo, trabalha em uma sala acanhada emprestada pelo Departamento de Identificação (DI), na Avenida Azenha. O acúmulo de gente em salas diminutas provoca reclamações dos engenheiros, que precisam se compenetrar para elaborar laudos complexos, com escassos computadores e muitos interessados em usá-los. O IGP admite que a sala é pequena para tanta gente, mas contrapõe que a engenharia ocupa também uma sala silenciosa na SSP e uma grande sala junto ao gabinete da chefia do IGP.

No DI, também atuam 20 peritos no plantão de locais de crime: os que vão aos lugares e coletam vestígios de delitos, como sangue e pólvora. Eles se queixam de dormir sobre colchões colocados em estrados de madeira e, também, de excesso de gente em um lugar pequeno. A direção do IGP estuda uma possível mudança para outro prédio estatal, para melhorar as condições dos plantonistas.

Aluguel de prédio pode diminuir problema

O IGP funciona hoje, provisoriamente, em metade de um andar do prédio da Secretaria da Segurança Pública (SSP). Na antiga sede, os peritos se espalhavam por três andares inteiros. Essa improvisação não deve durar, promete o governo do Estado. Duas soluções são estudadas. Uma, de longo prazo, é a construção de um novo prédio próprio para o IGP, que deve começar em 2015 e para o qual estão reservados R$ 28 milhões, garantidos pelo Ministério da Justiça, além de R$ 2,8 milhões de contrapartida da SSP. Há a necessidade de licitação.

Já a solução de curto prazo é o aluguel de um prédio. Um local, na Zona Norte, já estava escolhido, mas esbarra na negociação do valor. O governo estadual queria pagar R$ 25 mil mensais, os donos pedem R$ 85 mil, e a conversa está em andamento, informa o presidente do Sindicato dos Peritos, Eduardo Lima Silva. Enquanto isso, alguns laboratórios permanecem inoperantes. A direção do IGP diz que há negociação do aluguel, sem definição.

Profissionais queixam-se do espaço das salas destinadas ao trabalho (foto maior) e, também, do lugar destinado a plantonistas (imagem acima). Ao lado, o único equipamento balístico que estaria funcionando

Há quatro meses, família espera por IGP para enterro

A família de Osvaldo João Agrimpho, 61 anos, espera há quatro meses para sepultar o agricultor. O motivo: está no aguardo do IGP para a despedida. O que emperra a liberação do corpo no DML é a conclusão dos testes de DNA, que comprovariam a identidade de Osvaldo. De acordo com a direção do órgão estadual, não há sequer previsão para que isso aconteça.

– É angustiante essa situação. Meu pai queria apenas se despedir de forma digna do irmão – lamenta a professora Daiane Coelho Agrimpho, 28 anos, sobrinha de Osvaldo.

No dia 7 de dezembro, o corpo do agricultor foi encontrado sem a cabeça e parte dos braços, além de uma possível perfuração no peito, às margens de um córrego, nos fundos da sua propriedade rural, no bairro Espigão, em Viamão. A morte teria acontecido dias antes, e o corpo já estava em avançado estado de decomposição. Para a família, não havia dúvida de que se tratava de Osvaldo, que não era visto, na época, há cerca de um mês.

– Aquele era o local onde ele costumava lavar as roupas. Foi encontrado morto ali com diversos dos seus instrumentos de trabalho para a roça bem próximos. Mas não era o suficiente. Então o meu primo forneceu material para comparação do DNA – conta a sobrinha.

Desde que o caso foi encaminhado pela polícia ao IGP, com a necessidade dos exames para identificação, Daiane e o pai, Vilmar João Agrimpho, 60 anos, vivem uma rotina semanal de procura ao departamento para saber o resultado do DNA. Nunca obtiveram qualquer informação conclusiva. Ao contrário, os peritos disseram que só dariam informações à polícia. Não deram. E o caso tende a se arrastar.

De acordo com a chefe da Divisão de Genética Forense do IGP, perita Cecília Helena Matte, o material fornecido para comparação estava muito degradado. Não houve sucesso na análise. Por e-mail, ela respondeu à reportagem que “o IGP já solicitou novo material”.

– Não há como fornecer um prazo para conclusão do laudo e liberação do corpo – resumiu.

De acordo com o chefe de investigação da 2ª DP de Viamão, José Patriarca, porém, nada foi enviado pelo IGP até o momento sobre o inquérito. A família também não foi contatada pelo órgão para que possa fornecer novo material de análise.

Polícia não tem conclusão sobre a causa da morte

O desaparecimento de Osvaldo Agrimpho foi registrado na polícia no dia 25 de novembro. Era a data em que ele deveria ter ido visitar o filho, mas não apareceu. Vizinhos relataram, no entanto, que ele já não era visto na região desde o começo daquele mês.

Para a família, há suspeita de que ele foi assassinado. A tese seria reforçada pelas constantes brigas que o agricultor tinha com alguns vizinhos. Para a polícia, porém, não surgiu nenhum elemento que comprove um homicídio.

– Não obtivemos nada que leve a essa suspeita ouvindo testemunhas. Precisaremos dos laudos periciais para determinar exatamente a causa da morte. Mas até agora não recebemos nada – aponta José Patriarca.

Ele não descarta que Osvaldo tenha morrido de causas naturais, como um mal súbito.


COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Onde estão os autores e especialistas que pregaram e conseguiram separar o segmentos pericial da Polícia Civil? E os argumentos utilizados? Infelizmente, no Brasil surreal, os interesses políticos e corporativos são maiores do que os interesses públicos, da coletividade, da segurança e da eficácia da justiça criminal, onde as forças policiais estão inseridas na prática. A justiça criminal no Brasil é tratada com amadorismo, corporativismo e politicalha. Criam falácias sem estrutura e suporte técnico, abandonados à própria sorte. Não é a toa que vivemos neste cenário de guerra civil onde os poderes se fartam, a população fica presa e os bandidos soltos, impunes. 

quinta-feira, 17 de abril de 2014

JUSTIÇA FEDERAL DETERMINA O FIM DA FREVE DE PMS NA BAHIA

O Estado de S. Paulo 17 de abril de 2014 | 13h 43

Multa diária em caso de não cumprimento da ordem é de R$ 1,4 milhão de reais

Heliana Frazão - Especial para o Estado 



Governo da Bahia/Divulgação
Reunião da Câmara de Dirigentes Lojistas de Salvador (CDL) pode ter chegado a um consenso


A Justiça Federal determinou nesta quinta-feira, 17, o fim imediato da greve dos Policiais Militares da Bahia, sob pena de pagamento de multa diária de R$ 1,4 milhão de reais, a pedido do Ministério Público Federal (MPF).

A Justiça determinou ainda o bloqueio de bens do principal líder do movimento, o policial bombeiro, Marco Prisco, e das seis associações representativas da corporação, envolvidas na paralisação, e de seus dirigentes. O bloqueio dos bens visa garantir o ressarcimento dos prejuízos causados aos cofres públicos, a exemplo do envio da Força Nacional de Segurança Pública para o estado.

São grandes as expectativas quanto à possibilidade de encerramento, já nesta quinta, da greve, iniciada na noite de terça-feira, 15. Uma reunião realizada no final da manhã, na sede da Câmara de Dirigentes Lojistas, em Salvador, entre representantes das associações que representam a corporação e o Comando Geral da PM, com intermediação do Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger, pode ter chegado a um consenso.

Na saída da reunião, o comandante geral da PM, Alfredo Castro, afirmou ter sido fechado um acordo. A proposta está sendo levada, pelos líderes grevistas, para ser discutida com a corporação, em assembleia, nesta tarde. Os policiais militares estão reunidos em uma casa de eventos.

Mantido o clima de insegurança na Bahia devido à greve dos policiais desde a terça-feira, 15, subiu o número de mortes na capital Salvador e Região Metropolitana. Números oficiais da Secretaria de Segurança Pública confirmam a morte de 23 pessoas até o início da madrugada desta quinta, o que pode significar um porcentual maior de vítimas fatais, quando contabilizados até o amanhecer.

Com a paralisação da PM, lojas e supermercados foram arrombados e saqueados. A greve também chegou a afetar a circulação de ônibus em Salvador.

Esta é a segunda greve da PM que o governador Jaques Wagner enfrenta. A anterior, entre janeiro e fevereiro de 2012, durou 12 dias, e foi marcada pela ocupação da Assembleia Legislativa pelos policiais, pelo registro de mais de 100 homicídios no período e por arrastões e ondas de saques a estabelecimentos por todo o Estado.



Pedidos de policiais da Bahia teriam custo de R$ 600 milhões, diz governo. Secretário afirma que estado não tem condições de arcar com reivindicações de grevistas

Tiago Décimo e Luci Ribeiro - O Estado de S. Paulo


O secretário de Segurança Pública da Bahia, Maurício Barbosa, mostrou-se desanimado após analisar a pauta de reivindicações do movimento grevista da Polícia Militar do Estado. De acordo com o gestor, os pedidos feitos pelos policiais são "um retrocesso" nas negociações entre as partes, já que representariam um custo adicional de R$ 600 milhões por ano ao Estado, o que estaria fora dos limites orçamentários. "Aguardamos que eles encaminhem uma proposta razoável", disse.


Governo da Bahia/Divulgação
Tropas do Exército atuam nas ruas de Salvador


Na pauta, são listados 37 itens que os grevistas consideram "fundamentais" para a categoria. Entre eles estão, além de melhorias nos planos de carreira e de cargos e salários, pedidos como aumento e incorporação de parte das gratificações aos vencimentos, inclusão de policiais inativos na lista dos recebedores de gratificações, aumento de 200% no auxílio-alimentação e anistia administrativa dos integrantes tanto da greve de 2012 quanto desta.

A greve dos policiais militares começou na noite de terça-feira, 15. Com a paralisação da PM, lojas e supermercados foram arrombados e saqueados. A greve também chegou a afetar a circulação de ônibus em Salvador. Além disso, por segurança, todos os principais shopping centers de Salvador mudaram o horário de fechamento das 22 horas para as 17 horas.

Esta é a segunda greve da PM que o governador Jaques Wagner enfrenta. A anterior, entre janeiro e fevereiro de 2012, durou 12 dias, e foi marcada pela ocupação da Assembleia Legislativa pelos policiais, pelo registro de mais de 100 homicídios no período e por arrastões e ondas de saques a estabelecimentos por todo o Estado.

Dilma. A presidente Dilma Rousseff destacou, em sua conta no Twitter, o apoio do governo federal à segurança pública no Estado da Bahia. "Autorizei o envio de tropas federais para dar apoio à segurança pública e garantir a paz na Bahia", escreveu. "É inadmissível que a segurança da população baiana fique em risco", acrescentou. Dilma ainda destacou: "O gov@jaqueswagner tem todo o apoio do meu governo para garantir segurança à população da Bahia".

Agentes da Força Nacional de Segurança Pública desembarcaram em Salvador na quarta-feira para fazer o policiamento nas principais cidades da Bahia durante greve da Polícia Militar no Estado. A atuação das equipes foi permitida por decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO)assinado por Dilma, a pedido do governador Jaques Wagner (PT). Ao todo, 5 mil agentes trabalham na operação.


COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - A população sofre com as consequências e os policiais com o abandono das leis, desvalorização funcional e descaso dos governantes. Porém, é lamentável que os governantes aleguem sempre a lei de responsabilidade fiscal e os limites dos cofres públicos quando se trata de pagar salários justos para policiais, professores e agentes da saúde. Mas ficam quietos quando se trata de reajustes salariais para juízes, promotores, defensores, secretários, cargos comissionados e servidores da justiça. 

SILÊNCIO NA INVESTIGAÇÃO DA MORTE DOS JOVENS DA FIORINO

ZERO HORA, O PIONEIRO, 16/04/2014 | 18h04

Silêncio de autoridades se mantém após um mês de investigação do suposto confronto de tripulantes de Fiorino com policiais, em Bento Gonçalves. O inquérito não tem prazo para ser remetido à Justiça, segundo o delegado regional da Polícia Civil



Fiorino foi alvejada por policiais militares em Bento GonçalvesFoto: Não se Aplica / Divulgação

Há um mês, o silêncio encobre o andamento de um dos casos mais polêmicos deste ano na Serra gaúcha. A morte do estudante Anderson Styburski, 16 anos, e do servente de pedreiro Danúbio Cruz da Costa, 20, em um suposto confronto com a Brigada Militar (BM), é cercada por dúvidas e incertezas que autoridades da área da segurança pública se negam em responder.

As mortes ocorreram na madrugada de 16 de março, em Bento Gonçalves. Os rapazes estavam no bagageiro de uma Fiorino dirigida por Tiago de Paula, 18, que levava como caroneiro um jovem de 15 anos. Tiago não parou em uma blitz promovida pelos soldados Edegar Júnior Oliveira Rodrigues, 29, e Neilor dos Santos Lopes, 23.

Segundo os soldados, os jovens efetuaram dois disparos de dentro da cabine com um revólver Rossi, provocando a resposta dos PMs com vários disparos. Anderson e Danúbio foram alvejados e morreram na hora. Os sobreviventes contestam a versão dos policiais e defendem que estavam desarmados quando houve a tentativa de abordagem. 

Conforme o advogado dos policiais, Adroaldo Dal Mass, os clientes não se manifestarão na imprensa sobre o caso. Eles permanecerão afastados do policiamento ostensivo até o término do inquérito policial militar, enquanto cumprem licença-saúde. 


Veja o que dizem as autoridades:

:: Delegado regional da Polícia Civil, Paulo Roberto da Rosa: — Apesar de passados 30 dias as investigações continuam, sem prazo para terminar. Iremos apurar com todo rigor e isenção o que de fato ocorreu naquela noite. Neste momento, não temos condições de adiantar o andamento do inquérito pois ainda dependemos de uma série de perícias e exames. Ou seja, dependemos de uma série de fatores que influenciam diretamente no andamento das investigações e decisões a serem tomadas. É um caso complexo em que não podemos correr o risco de tomar decisões prematuras. 

:: O delegado que investiga o caso, Álvaro Becker, também foi procurado pela reportagem e disse que ainda não se manifestaria por questões éticas.

:: A assessoria de imprensa do Instituto Geral de Perícias (IGP) divulgou nota, onde relata que:  — A perícia está realizando o seu trabalho de elaboração e produção do laudo, que devido à complexidade terá esse prazo estendido. Informações sobre o caso apenas o Delegado como presidente do inquérito pode divulgar.

:: Promotor de Justiça Eduardo Lumertz:  — O Ministério Público aguarda a remessa, dentro do prazo legal, do respectivo Inquérito Policial aberto pela Polícia Civil. No caso de eventual necessidade de prorrogação do prazo para conclusão das investigações, a Promotoria aguardará que a Autoridade Policial formule tal pedido à 1ª Vara Criminal de Bento Gonçalves. Ocorrendo tal pleito, o Ministério Público, levando em consideração as circunstâncias concretas, irá se manifestar a respeito da necessidade (ou não) de se estender a atividade investigativa policial. 

:: O corregedor-geral interino da Brigada Militar, tenente-coronel Jairo de Oliveira Martins:  — O inquérito policial militar permanece sob investigação na medida que aguarda a remessa dos laudos periciais por parte do IGP. O prazo para a conclusão dele é 16 de maio. Mas, caso os laudos não sejam concluídos até a data, o inquérito é remetido ao comando e, depois, retorna ao oficial competente para que aguarde os exames para serem anexados. Enquanto isso, a investigação segue sob sigilo.


23/03/2014 | 12h01

Familiares de jovens mortos pela BM de Bento Gonçalves protestam após missa de sétimo dia, neste domingo. Cerca de 150 pessoas seguiram com cartazes até a área verde, onde os amigos se reuniram pela última vez



A mobilização foi encerrada com uma salva de palmas, por volta das 11hFoto: Rodrigo Chernhak, Agência RBS


Rodrigo Chernhak, especial


O silêncio foi a forma encontrada por familiares e amigos de Anderson Styburski, 16 anos, e Danúbio Cruz da Costa, 20, para homenageá-los durante caminhada na manhã deste domingo. Eles foram mortos no último dia 16, durante perseguição policial, após saírem de uma janta.

A mobilização deste domingo começou às 10h30min e partiu da Igreja Nossa Senhora de Fátima, no bairro Santa Helena, onde ocorreu a missa de sétimo dia de falecimento dos jovens.

O ato também detinha um tom de protesto nos cartazes carregados por cerca de 150 pessoas que seguiram até a área verde do bairro, onde os jovens se reuniram pela última vez com amigos. Familiares de Anderson vestiam camisetas com a foto do garoto.

À frente da multidão, uma faixa preta simbolizava o luto e algumas cartolinas traziam frases como: "Hoje, eu gritei pro céu só para você saber que todos estão lutando por vocês" e #justiça. Cadê a justiça? Em que mundo estamos?". Ao pararem na praça do bairro, um carro de som tocou a música Paz e Amor, da dupla sertaneja Jorge e Matheus, uma das preferidas de Anderson. Neste momento, familiares e amigos não conteram a emoção.

— É muito triste o que aconteceu. É uma dor que só quem passa, sabe como é. O que pedimos é justiça. Queremos eles na cadeia, não estão preparados para agir em uma situação daquelas. Eles podem fazer qualquer serviço, menos esse. Pagamos impostos para eles nos matarem depois? — desabafa o pai de Anderson, Adilson Styburski.

O irmão de Danúbio, Douglas Cruz da Costa, também ficou comovido com a mobilização e destaca:

— A revolta que fica é pelo modo como os policiais agiram, pela ação deles. Se eles fossem bandidos, não reuniriam tanta gente assim. Bandido não reúne família.

A mobilização foi encerrada com uma salva de palmas, por volta das 11h. O prefeito de Bento Gonçalves, Guilherme Pasin (PP) também acompanhou o ato.