ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.

sábado, 11 de maio de 2013

POLICIAIS REFÉNS DO CRIME


ZERO HORA 12 de maio de 2013 | N° 17430

SOLDADOS HUMILHADOS. PMs reféns do crime

Em maior número, usando carros novos e potentes e portando armas de guerra como fuzis e metralhadoras, quadrilhas dominam brigadianos e levam terror a pequenas cidades do interior do Rio Grande do Sul



Policiais militares de pequenas cidades gaúchas estão constrangidos.

Eles não dizem isso. Não verbalmente. Mas quando desviam o olhar e engolem a voz para falar que foram rendidos por criminosos, dá para perceber. Eles são formados para proteger a população e reprimir o crime, não estão preparados para serem vítimas. Acabaram virando reféns de quadrilhas que se aproveitam de estar em maior número e com armamento de guerra para anular a ação policial e ter liberdade para saquear bancos em série, levando terror a municípios miúdos de norte a sul do Estado.

No episódio mais recente, segunda-feira, dois PMs foram colocados no porta-malas de um veículo em Sarandi, norte do Estado. Na sexta-feira anterior, quatro homens com uniforme semelhante ao usado pela Polícia Civil renderam dois policiais. Em 22 de abril, Pedras Altas, na Campanha, teve um PM foi rendido, e a viatura usada na fuga. A série de ataques começou em Campestre da Serra, em 28 de março, com três PMs reféns – um algemado diante do cordão humano em frente a um dos bancos saqueados.

– A comunidade fica em choque, porque nós somos a referência para a segurança deles, e de repente eles nos veem rendidos – desabafa um soldado que ficou algemado por cerca de 15 minutos, sofrendo ameaças e ouvindo deboches sobre seu salário.

O dano psicológico às vítimas e suas famílias é inevitável. Tanto que um deles, feito refém em Pedras Altas, segue afastado de suas atividades por recomendação psicológica. Onde o efetivo já era insuficiente, um policial a menos torna a estrutura mais vulnerável: restou um único PM para guarnecer toda a cidade.

De acordo com Leonel Lucas, presidente da Associação Beneficente Antonio Mendes Filho (Abamf), que representa os PMs, o clima no Interior é de preocupação.

– Sabemos da dificuldade de efetivo, mas também falta equipamento. Começa até no carro. Eles (os bandidos) chegam com carro 2.0, com toda a potência, enquanto a Brigada tem um 1.0. Isso quando tem carro. Em algumas cidades, nem radiocomunicador nem celular funcional os PMs têm para chamar reforço – relata Lucas.

Essa realidade, somada aos últimos acontecimentos, leva preocupação às famílias, o que só aumenta a tensão do policial a cada vez que calça os coturnos.

– Coloco a farda e já fico nervoso, não estou brincando. As crianças não querem nem ir à aula – conta um policial feito refém em Fagundes Varela, pai de três meninas, de 11 anos, de seis anos e de dois meses.

Conforme o tenente-coronel Leonel Bueno, que responde pelo Comando Regional de Policiamento da Serra (CRPO), região que teve dois assaltos com PMs reféns, a BM está buscando o amparo de saúde e psicológico tanto para as pessoas que foram vítimas, quanto para suas famílias.

– Mas esquecer, ninguém esquece uma situação dessas – reconhece.

TAÍS SEIBT

AÇÕES OUSADAS - Bandidos prendem policiais quatro vezes em 42 dias

CAMPESTRE DA SERRA, 3,2 MIL HABITANTES - 28 de março – Três policiais são rendidos por criminosos que roubam três bancos. Um dos policiais foi algemado pelos bandidos.

PEDRAS ALTAS, 2,2 MIL HABITANTES - 22 de abril – Antes de atacar as agências do Banrisul e do Sicredi, bandidos rendem o único policial em serviço e usam a viatura na fuga.

FAGUNDES VARELA, 2, 5 MIL HABITANTES - 3 de maio – Usando uniforme da Polícia Civil, uma quadrilha rende dois PMs e atacam agências do Sicredi e do Banco do Brasil.

SARANDI, 21 MIL HABITANTES - 6 de maio – Bandidos assaltam o Banco do Brasil, usando reféns de escudo. Dois policiais militares são colocados no porta-malas de um carro.

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