MP admite possibilidade de exumar corpos de mortos na Favela do Rola para investigação. Promotor afirma que a medida será tomada “se puder auxiliar no esclarecimento dos fatos”
PAOLLA SERRA, DO EXTRA
O GLOBO
Atualizado:20/05/13 - 10h29
Atualizado:20/05/13 - 10h29
Um dos corpos é removido de um local para outro pelos policiais na operação Foto: Reprodução de vídeo
RIO - Nove meses depois da morte de cinco homens durante uma operação da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), na Favela do Rola, em Santa Cruz, o Ministério Público já admite a possibilidade de pedir a exumação dos corpos para ajudar nas investigações do caso. O promotor Luiz Antonio Corrêa Ayres afirmou que a medida será tomada “se puder auxiliar no esclarecimento dos fatos”.
Em nota, o promotor afirmou ao site Extra que a providência será tomada com cautela, já que o “estado de decomposição cadavérica pode eventualmente inviabilizar conclusões relevantes para o deslinde do caso.”
— Os corpos exumados podem ajudar nas diligências. Mas tudo dependerá da evolução da putrefação de cada um, que varia com o local onde foram enterrados, por exemplo. O tempo prejudica a análise de algumas provas, como as lesões em partes moles, o que inclui músculo, pele e tendões — explica a psiquiatra forense e ex-chefe do setor de necropsia do IML Talvane de Moraes.
Mortos a tiros
De acordo com o promotor, os laudos cadavéricos dos suspeitos informam que eles morreram por causa dos tiros, que atingiram órgãos vitais. “Os ferimentos foram transfixantes, ou seja, há orifícios de entrada e de saída de projéteis dos corpos examinados”, disse, em nota.
Luiz Antônio Ayres afirmou ainda, por escrito, que, segundo os documentos, “não se pode afastar nem afirmar a hipótese de que os tiros tenham sido disparados em trajetórias descendentes, de cima para baixo.”
Análise deve ser feita com prudência
O promotor Luiz Antônio Corrêa Ayres destaca que os disparos teriam atingido as costas dos jovens — o que “deve ser analisado com prudência, uma vez que o disparo pela frente, por exemplo, de um fuzil, pode fazer o corpo girar sobre o próprio eixo e um segundo disparo subsequente pode atingir a parte dorsal do corpo.”
Ex-diretor do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE), o perito Mauro Ricart concorda:
— Uma exumação sempre traz novos elementos. É possível encontrar, inclusive, projéteis que podem levar a investigação para outro rumo, trazer nova dinâmica.
O perito legista aposentado Levi Inimá pondera:
— Em tese, a autópsia só deve ser pedida porque a necropsia foi superficial. Mas é importante porque pode determinar a posição deles.
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