ZH 21 de outubro de 2014 | N° 17959
AMEAÇA DE GREVE. Agentes da PF podem paralisar as atividades
Agentes da Polícia Federal (PF) realizam hoje assembleia geral, com indicativo de greve. A paralisação, se aprovada, deve ocorrer quarta, quinta e sexta-feira em todo o país, prejudicando as investigações e também a emissão de passaportes, alertam os postuladores do movimento.
O indicativo de greve foi proposto pela Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), que congrega agentes, escrivães e papiloscopistas federais. Duas são as reclamações principais: salários, congelados há seis anos, e descumprimento do acordo que pôs fim a última greve, em 2012.
O estopim da mobilização é a recente Medida Provisória (MP) 657, editada pelo governo federal. Os sindicatos dos agentes consideram que ela “atropelou” tratativas no Ministério do Planejamento que davam mais autonomia aos policiais. A MP define que cargos de chefia e o conceito de autoridade policial são prerrogativas do cargo de delegado. A mesma medida considera o cargo de delegado como “carreira jurídica”, o que permite à categoria pleitear equivalência com procuradores e juízes. Caso a MP passe pelo Congresso, entre outras vantagens, os delegados só poderão perder o cargo mediante decisão judicial e não serão removidos de setor. Os agentes reivindicam o direito de presidir inquéritos e chefiar postos, pelo menos onde não há delegados.
– A medida cria uma hierarquia política nunca existente na PF, e retira a autoridade e autonomia técnica dos demais policiais envolvidos nas investigações. Apesar de termos curso superior, nossos salários equivalem ao nível médio – reclama o presidente do Sindicato dos Policiais Federais no Estado, Ubiratan Sanderson.
A Associação Nacional dos Delegados de PF (ADPF) e a Federação Nacional dos Delegados de PF (Fenadepol) classificam como “injustificável” a realização da greve. Eles lembram que os agentes ganharam promessa de reajuste de 15% e que foi aberto concurso com remuneração inicial de R$ 9.075,20 e final de R$ 14.129,93.
– É estranho que uma pequena parcela dos policiais federais queira greve na semana que antecede o segundo turno das eleições gerais – disse Josemauro Nunes, diretor regional da ADPF no Estado.
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