G1 FANTÁSTICO Edição do dia 25/01/2015
Ricardo dos Santos foi assassinado por um soldado da PM. No ano passado, o mesmo policial teria agredido e ameaçado de morte outro jovem.
Foi decretada a prisão preventiva do policial militar que confessou ter matado o surfista Ricardo dos Santos durante uma discussão esta semana em Palhoça, na Grande Florianópolis.
O policial Luis Paulo Mota Brentano está preso no batalhão da Polícia Militar de Joinville, no Norte do estado. O Fantástico apurou que no ano passado, o mesmo PM foi acusado de torturar e ameaçar de morte um outro rapaz.
“Ele chegou em casa todo machucado, ele disse: ‘mãe, me socorre’”, conta a mãe.
A mulher do vídeo acima é mãe de um rapaz que afirma ter sido torturado e ameaçado de morte por Luís Paulo Mota Brentano, o soldado da PM que esta semana matou, com dois tiros, o surfista profissional Ricardo dos Santos em Guarda do Embaú, Santa Catarina.
O rapaz não quis dar entrevista, alegando ter medo de represálias. O caso aconteceu em maio do ano passado e foi denunciado ao Ministério Público. A mulher conta que o filho tinha ido assistir a uma partida de futebol, na Arena Joinville. Com o celular, gravava a movimentação de torcedores perto do estádio. O que, segundo a denúncia, bastou para provocar fúria no PM.
“Passou uma viatura, e daí o policial falou assim: "Ah, tu tá filmando? Tu vai ver!", conta a mãe.
O rapaz tentou fugir, mas foi preso e colocado dentro do camburão. A vítima contou em depoimento que chegou a ser trazida na Central de Polícia de Joinville, mas nem sequer foi encaminhada até a sala do delegado. Em vez disso, ainda segundo o depoimento, o rapaz foi levado pelos militares até os fundos da unidade e ali teria sido agredido e torturado.
“Pegava o revólver e colocava na cabeça dele e disse: "tu sabe, né? Se eu quiser te matar eu te mato e ninguém vai saber", diz a mãe.
As fotos do vídeo acima, segundo a mãe, são de hematomas provocados pela surra que o rapaz levou do PM Mota e de outro policial.
Logo depois da denúncia, ainda em junho do ano passado, o Ministério Público de Santa Catarina encaminhou um ofício para o batalhão da PM em Joinville. O documento recomendava, já naquela época, que o policial Luís Mota Brentano, o soldado Mota, fosse afastado das ruas e cumprisse expediente apenas dentro da unidade. Mas a promotoria diz que até hoje, nunca recebeu uma resposta.
“Pedimos abertura de inquérito policial, para que a Polícia Civil fizesse, aí sim, uma investigação mais apurada, mais detalhada. Esse inquérito ainda não retornou ao Ministério Público”, destaca o promotor Affonso Ghizzo Neto .
O Comando da PM afirma que seguiu a recomendação do Ministério Público. O soldado foi transferido para o setor de inteligência da corporação. Mas o comandante não sabe dizer se o PM deu expediente interno ou externo. Já o delegado responsável pelo caso afirma que não há provas suficientes contra Mota, nem o outro soldado acusado pelo rapaz.
“Essa falta de prova, essa fragilidade fez com que a conclusão fosse pelo não indiciamento dos soldados da Polícia Militar”, disse o delegado Fábio Fortes .
Mesmo assim, no dia em que recebeu a equipe do Fantástico, o delegado decidiu devolver o inquérito ao Ministério Público.“Nada impede que venham surgir novas provas. Nesse momento foi decidido pelo não indiciamento”, disse o delegado.
Luís Paulo Mota Brentano foi preso, ainda na segunda-feira (19), depois de ter atirado contra o surfista em frente à casa de seu Nicolau avô de Ricardo dos Santos.
Segundo Seu Nicolau, ele e o neto vinham consertando uma tubulação na rua, quando um homem estacionou um carro em cima do cano. Esse homem era o soldado Mota, que estava de férias, à paisana. “Eu mesmo fui e falei com ele: ‘Não dá para você chegar seu carro mais para frente?’. Aí ele disse com as palavras dele: ‘eu estava aqui, daqui não saio, aqui eu vou ficar!", conta o avô.
Na versão do avô, os tiros foram disparados depois que Ricardo também pediu ao homem tirar o carro dali. “Três vezes assim, seguida”, conta o avô.
Um dos tiros acertou Ricardo pelas costas. Segundo a defesa do soldado, os disparos foram feitos em legítima defesa. Em depoimento, ele disse que foi atacado pelo surfista, com um facão. O avô do surfista diz que, para consertar o cano, vinha usando uma picareta. Mas nega que o PM tenha sido atacado.
O laudo toxicológico confirmou que o soldado Mota tinha bebido na hora do crime. A Polícia Militar abriu uma investigação paralela que deve terminar em 20 dias. “Nós também iniciaremos o processo administrativo disciplinar, o qual o excluirá da corporação”, diz o comandante-geral da PM Paulo Henrique Heimm.
Fantástico: Isso já tá decidido?
Comandante: Já está decidido.
“Um tiro pelas costas não é uma defesa. Essa pessoa tem que pagar pelo que ele fez. Esperamos justiça”, diz Luciane dos Santos, mãe de Ricardo.
Na praia onde tudo aconteceu, uma multidão se reuniu para homenagear Ricardinho e pedir o fim da violência.
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Santa Catarina
Ricardo dos Santos foi assassinado por um soldado da PM. No ano passado, o mesmo policial teria agredido e ameaçado de morte outro jovem.
Foi decretada a prisão preventiva do policial militar que confessou ter matado o surfista Ricardo dos Santos durante uma discussão esta semana em Palhoça, na Grande Florianópolis.
O policial Luis Paulo Mota Brentano está preso no batalhão da Polícia Militar de Joinville, no Norte do estado. O Fantástico apurou que no ano passado, o mesmo PM foi acusado de torturar e ameaçar de morte um outro rapaz.
“Ele chegou em casa todo machucado, ele disse: ‘mãe, me socorre’”, conta a mãe.
A mulher do vídeo acima é mãe de um rapaz que afirma ter sido torturado e ameaçado de morte por Luís Paulo Mota Brentano, o soldado da PM que esta semana matou, com dois tiros, o surfista profissional Ricardo dos Santos em Guarda do Embaú, Santa Catarina.
O rapaz não quis dar entrevista, alegando ter medo de represálias. O caso aconteceu em maio do ano passado e foi denunciado ao Ministério Público. A mulher conta que o filho tinha ido assistir a uma partida de futebol, na Arena Joinville. Com o celular, gravava a movimentação de torcedores perto do estádio. O que, segundo a denúncia, bastou para provocar fúria no PM.
“Passou uma viatura, e daí o policial falou assim: "Ah, tu tá filmando? Tu vai ver!", conta a mãe.
O rapaz tentou fugir, mas foi preso e colocado dentro do camburão. A vítima contou em depoimento que chegou a ser trazida na Central de Polícia de Joinville, mas nem sequer foi encaminhada até a sala do delegado. Em vez disso, ainda segundo o depoimento, o rapaz foi levado pelos militares até os fundos da unidade e ali teria sido agredido e torturado.
“Pegava o revólver e colocava na cabeça dele e disse: "tu sabe, né? Se eu quiser te matar eu te mato e ninguém vai saber", diz a mãe.
As fotos do vídeo acima, segundo a mãe, são de hematomas provocados pela surra que o rapaz levou do PM Mota e de outro policial.
Logo depois da denúncia, ainda em junho do ano passado, o Ministério Público de Santa Catarina encaminhou um ofício para o batalhão da PM em Joinville. O documento recomendava, já naquela época, que o policial Luís Mota Brentano, o soldado Mota, fosse afastado das ruas e cumprisse expediente apenas dentro da unidade. Mas a promotoria diz que até hoje, nunca recebeu uma resposta.
“Pedimos abertura de inquérito policial, para que a Polícia Civil fizesse, aí sim, uma investigação mais apurada, mais detalhada. Esse inquérito ainda não retornou ao Ministério Público”, destaca o promotor Affonso Ghizzo Neto .
O Comando da PM afirma que seguiu a recomendação do Ministério Público. O soldado foi transferido para o setor de inteligência da corporação. Mas o comandante não sabe dizer se o PM deu expediente interno ou externo. Já o delegado responsável pelo caso afirma que não há provas suficientes contra Mota, nem o outro soldado acusado pelo rapaz.
“Essa falta de prova, essa fragilidade fez com que a conclusão fosse pelo não indiciamento dos soldados da Polícia Militar”, disse o delegado Fábio Fortes .
Mesmo assim, no dia em que recebeu a equipe do Fantástico, o delegado decidiu devolver o inquérito ao Ministério Público.“Nada impede que venham surgir novas provas. Nesse momento foi decidido pelo não indiciamento”, disse o delegado.
Luís Paulo Mota Brentano foi preso, ainda na segunda-feira (19), depois de ter atirado contra o surfista em frente à casa de seu Nicolau avô de Ricardo dos Santos.
Segundo Seu Nicolau, ele e o neto vinham consertando uma tubulação na rua, quando um homem estacionou um carro em cima do cano. Esse homem era o soldado Mota, que estava de férias, à paisana. “Eu mesmo fui e falei com ele: ‘Não dá para você chegar seu carro mais para frente?’. Aí ele disse com as palavras dele: ‘eu estava aqui, daqui não saio, aqui eu vou ficar!", conta o avô.
Na versão do avô, os tiros foram disparados depois que Ricardo também pediu ao homem tirar o carro dali. “Três vezes assim, seguida”, conta o avô.
Um dos tiros acertou Ricardo pelas costas. Segundo a defesa do soldado, os disparos foram feitos em legítima defesa. Em depoimento, ele disse que foi atacado pelo surfista, com um facão. O avô do surfista diz que, para consertar o cano, vinha usando uma picareta. Mas nega que o PM tenha sido atacado.
O laudo toxicológico confirmou que o soldado Mota tinha bebido na hora do crime. A Polícia Militar abriu uma investigação paralela que deve terminar em 20 dias. “Nós também iniciaremos o processo administrativo disciplinar, o qual o excluirá da corporação”, diz o comandante-geral da PM Paulo Henrique Heimm.
Fantástico: Isso já tá decidido?
Comandante: Já está decidido.
“Um tiro pelas costas não é uma defesa. Essa pessoa tem que pagar pelo que ele fez. Esperamos justiça”, diz Luciane dos Santos, mãe de Ricardo.
Na praia onde tudo aconteceu, uma multidão se reuniu para homenagear Ricardinho e pedir o fim da violência.
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