ZERO HORA 08 de janeiro de 2015 | N° 18036
RENATO GAVA
POLÍCIA. Menos horas extras, menos policiais nas ruas do Estado
GOVERNO DETERMINA CORTE de 40% no pagamento de adicional. Também foi definida a redução de 25% nas verbas das diárias da operação de reforço de policiamento no Litoral durante o verão
A série de cortes de despesas anunciadas pelo governo José Ivo Sartori atingiu a área da segurança pública. Ontem, a Secretaria da Fazenda, por meio de sua assessoria de imprensa, confirmou que a Brigada Militar terá redução de 40% no total de horas extras dos PMs. Com defasagem de pelo menos 16 mil servidores, a Brigada vinha concedendo a policiais militares a possibilidade de trabalhar até 42 horas a mais por mês. Com a nova medida, é praticamente inevitável não haver redução de PMs nas ruas.
– Com certeza, o prejuízo da população será muito grande. A maioria dos policiais faz horas extras, eu diria que uns 80%. Se cortarem, vai ficar muito visível nas ruas – analisa o presidente da Associação dos Cabos e Soldados da Brigada Militar, Leonel Lucas.
A determinação foi confirmada após reunião entre o secretário da Fazenda, Giovani Feltes, e o titular da Secretaria da Segurança Pública, Wantuir Jacini. De acordo com a Fazenda, nos próximos dias, técnicos do Tesouro e integrantes da Segurança Pública vão se reunir para discutir o que o governo chama de “possibilidade de flexibilização” nas horas extras.
TERRITÓRIOS DA PAZ DEVEM SOFRER MAIS
Para adotar a medida, o governo tomará como base os números do primeiro semestre do ano passado. Em média, foram cedidas 1,8 mil horas extras por mês a cada batalhão – mais 4,6 mil para os quatro batalhões onde há Território da Paz (Lomba do Pinheiro, Restinga, Rubem Berta e Santa Tereza). Esses quartéis terão agora de trabalhar com pouco menos de 1,1 mil horas extras. E, nos territórios, o limite passará a ser 2,76 mil.
Como cada soldado cumpre carga horária de 171 horas por mês, a redução corresponde a retirar do patrulhamento diário cerca de quatro policiais de cada batalhão. Nos territórios, 16 brigadianos.
Na reunião de ontem, ficou definida ainda a diminuição da diárias da Operação Verão Numa Boa, a antiga Operação Golfinho, na qual há reforço de policiamento no Litoral. Até a primeira quinzena de março, o orçamento previa gastos de R$ 27,1 milhões com diárias dos policiais. A verba será reduzida em 25%, para R$ 20,3 milhões.
Economia de R$ 500 mil por mês na Capital
Pelo menos 80% dos policiais militares que fazem horas extras são soldados e sargentos, calcula a Associação dos Cabos e Soldados da Brigada Militar. O soldado recebe R$ 17 pela hora e o sargento, R$ 25, Há ainda tenentes (R$ 35) e capitães (R$ 45), além de oficiais de patente mais alta, para os quais os valores dependem de tempo do serviço.
O comandante-geral da Brigada Militar, coronel Alfeu Freitas, estima que a economia na Capital deve ser de R$ 500 mil por mês. Não foram divulgados dados sobre o Interior e a Região Metropolitana, que seguirão o mesmo critério de redução de horas.
– Não quer dizer que a Brigada vai parar, mas vai haver redução em operações pontuais objetivas, como ações. A ideia é suplementar as horas, caso haja necessidade. Por exemplo, se chegar no dia 25 do mês, e tem mais atividades a serem feitas, a gente espera que o governo nos conceda mais cotas de horas extras – afirmou Freitas.
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