Tráfico impõe terror no Morro da Mangueira
Criminosos também ameaçam de morte e exilam grupo ligado à escola
ANTÔNIO WERNECK
SÉRGIO RAMALHO
O GLOBO :21/02/13 - 6h00
Cenário de violência. Carro da PM em frente à quadra da Mangueira: depois de três assassinatos, o policiamento foi reforçado na favela, onde o tráfico ordenou o fechamento do comércio, em sinal de luto por morte de cúmplice Marcelo Piu / O Globo
RIO — Pacificado há mais de um ano, o Morro da Mangueira, berço de uma das mais tradicionais escolas de samba do Rio, ainda vive sob o medo do tráfico. Três assassinatos, o comércio fechado por ordem de bandidos e até um PM rendido por criminosos nos últimos dias são um cenário que a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) deveria ter deixado no passado. Ameaçadas por traficantes, 20 pessoas que trabalhavam com Ivo Meirelles, presidente da verde e rosa, deixaram a favela e estão escondidas nas casas de parentes e amigos. O clima de tensão fez a PM reforçar o efetivo no morro.
Para o sociólogo e coordenador do Centro de Estudos e Pesquisa em Segurança Pública da PUC-Minas, Luís Flávio Sapori, o fechamento das lojas por determinação dos bandidos e os recentes homicídios mostram que a UPP ainda não conseguiu se tornar referência para os moradores:
— É nítido que a UPP não se consolidou na Mangueira. A persistência de fenômenos como toque de recolher, lei do silêncio e assassinatos significa que o tráfico, mesmo com a presença dos policiais, ainda mantém poder. Nesse caso, é necessário um trabalho conjunto da PM com a Polícia Civil, que precisa investigar e identificar os responsáveis por esses problemas. É fundamental ainda mudar a forma de policiamento, já que a simples presença dos PMs da UPP não está impedindo que traficantes continuem a impor medo aos moradores.
Já o sociólogo Ignácio Cano, do Laboratório de Estudos da Violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), afirmou que o combate ao tráfico na comunidade precisa ser pensado a longo prazo:
— Historicamente, a Mangueira tem uma estrutura de tráfico familiar, o que dificulta o trabalho da polícia. Não sei se a questão é mudar o comando (da UPP) neste momento. É preciso ter paciência e trabalhar a longo prazo.
Oficial: tráfico tem estrutura familiar
O comandante da UPP da Mangueira, capitão Leonardo Nogueira, também disse que o tráfico na Mangueira resiste à pacificação por ter uma estrutura familiar:
— O tráfico aqui era passado de pai para filho há 40 anos. Está muito enraizado, e a pacificação deverá ser progressiva e de longo prazo. É um processo demorado.
A disputa pelo poder na escola — que terá eleições para nova diretoria em 28 de abril — estaria por trás das mortes e da ação de traficantes. Há 40 anos, o tráfico no morro é dominado pela família Testas Monteiro, que sempre teve muita influência na agremiação. Um dos últimos a comandar a dinastia do crime foi Francisco Paulo Testas Monteiro, o Tuchinha, de 47 anos. Ele, que já cumpriu 21 anos de prisão e tem um irmão preso por tráfico, hoje trabalha como assessor no AfroReggae, onde recebe R$ 2.500 para dar palestras a jovens, para tirá-los do caminho do crime.
A polícia investiga a ligação entre três execuções num intervalo de apenas quatro horas e a disputa pelo poder na escola. O assassinato, na noite de domingo, de Acir Ronaldo Monteiro da Silva, o 2K, morto com oito tiros na porta do condomínio onde morava, no Recreio, deu início a uma onda de terror na Mangueira. Em resposta ao homicídio, bandidos mataram duas pessoas ligadas à agremiação. Alan Carlos da Silva Silvio, de 24 anos, segurança da quadra da Mangueira, foi executado a tiros no alto da comunidade no mesmo dia. O corpo dele foi encontrado na manhã de segunda-feira, carbonizado, num carro, em São Cristóvão. Jefferson Fernandes de Oliveira, de 21 anos, da bateria da escola, foi morto na segunda-feira, após ser baleado em frente a um contêiner da UPP no Morro do Tuiuti, vizinho à Mangueira. Os assassinos teriam usado a arma roubada de um policial da UPP momentos antes.
Meirelles convocado a depor
Ivo Meirelles foi convocado na quarta-feira a depor ainda esta semana na Divisão de Homicídios (DH) sobre a morte de Acir. O traficante é acusado de ter invadido a quadra da Mangueira no ano passado, para impedir a reeleição do atual presidente da escola.
— O clima na favela é de medo e muita preocupação. O que chegou à comunidade é que existe uma lista de pessoas marcadas para morrer, inclusive alguns baluartes do samba e diretores da escola — informou um morador, que preferiu não ser identificado.
Na quarta-feira, o juiz Ricardo Coronha Pinheiro, titular da 39ª Vara Criminal, decretou a quebra do sigilo fiscal, bancário e telefônico de suspeitos de envolvimento com o tráfico na Mangueira. Entre eles, está o próprio Ivo Meirelles.
A decisão foi tomada após um pedido feito pelo Ministério Público estadual, dentro de um inquérito policial de 2011, que apura uma suposta associação para o tráfico de pelo menos 20 pessoas. Procurado pelo GLOBO, o juiz não quis dar detalhes do caso, já que o inquérito está sob segredo de Justiça. O presidente da verde e rosa não foi localizado para comentar o assunto.
A quebra de sigilo visa principalmente a verificar se há vínculos de Meirelles com o tráfico. Ele é suspeito de ter repassado recursos da escola a traficantes da Mangueira. São investigadas possíveis irregularidades desde a posse de Meirelles, em abril de 2009, até dezembro de 2012. No pedido do MP, foi requerida a quebra do sigilo bancário de seis contas-correntes em nome do presidente da verde e rosa e outras 54 no da agremiação.
Acordo preveria candidato único
Segundo a promotora de Justiça Vera Regina de Almeida, responsável pelo inquérito, as informações solicitadas visam a verificar não apenas a evolução patrimonial de Ivo Meirelles durante o período à frente da escola, mas também as transferências bancárias realizadas.
Para moradores, está cada vez mais claro que os últimos assassinatos estariam ligados ao processo eleitoral na escola. Já haveria uma costura política entre Meirelles e o deputado Chiquinho da Mangueira (PMDB) para que este saia como candidato único. No pleito, Chiquinho contaria ainda com o apoio do governador Sérgio Cabral, que ontem, em nota, negou qualquer envolvimento na eleição. O deputado negou qualquer acordo com o atual presidente.
— Sou candidato à presidência da escola de samba, mas não tenho nenhuma ligação com Ivo Meirelles. Não tenho seu apoio e nenhum pacto político com ele — disse Chiquinho, que, em 2003, foi acusado pelo então comandante do 4º BPM (São Cristóvão) e atual comandante da PM, coronel Erir Ribeiro Costa Filho, de ter pedido uma trégua no combate ao tráfico no morro.
Apesar de o deputado negar, fontes da escola ouvidas pelo GLOBO garantiram que o acordo entre Chiquinho e Ivo existe e teria desagradado ao tráfico, sempre muito influente nas eleições da escola. Acir foi morto depois de afirmar que o tráfico não queria nem Ivo, nem Chiquinho mandando na agremiação. Há fortes indícios de que os autores do assassinato foram milicianos que trabalham na segurança da escola, supostamente chefiados por PMs.
Ivo Meirelles foi indiciado na 17ª DP (São Cristóvão) pelo crime de associação para o tráfico. A investigação foi requerida pelo MP, após denúncia anônima recebida no dia 16 de dezembro de 2010. De acordo com a denúncia, os então chefes do tráfico, Tuchinha e Alexandre Mendes da Silva, o Polegar, seu sobrinho, recebiam verbas da agremiação. O pagamento seria mensal, em torno de R$ 150 mil. Em troca, os bandidos teriam ordenado a nomeação de Ivo como presidente da escola e indicado outros integrantes da diretoria.
A disputa de poder na verde e rosa
Ivo Meirelles: O atual presidente da escola não deve se candidatar à reeleição. Está desgastado com os últimos resultados da Mangueira e é investigado por envolvimento com o tráfico.
Chiquinho da Mangueira: O deputado estadual pelo PMDB deve se apresentar como candidato da oposição. Em 2003, o atual comandante da PM, coronel Erir Ribeiro, então comandante do batalhão da área, denunciou que Chiquinho pedira uma trégua no combate ao tráfico no Morro da Mangueira.
Percival Pires: Ex-presidente e candidato a voltar ao comando da verde e rosa, ele renunciou ao cargo em 2007, após ser revelado que fora o responsável por levar a bateria da escola para tocar no casamento do traficante Fernandinho Beira-Mar.
Tuchinha: Amigo de infância de Meirelles, Francisco Paulo Testas Monteiro, ex-chefe do tráfico na Mangueira, teve muita influência na escola. Cumpriu 21 anos de prisão. Hoje, é palestrante do AfroReggae.
Polegar: Alexander Mendes da Silva é irmão de Tuchinha. Condenado, estaria chefiando, mesmo de dentro da prisão, a quadrilha de traficantes do morro.
2K: Acir Ronaldo Monteiro da Silva, o 2K, foi assassinado no último domingo, em frente a um condomínio na Praia do Recreio. O traficante teria tentado destituir Ivo Meirelles da presidência da verde e rosa ano passado. Foi braço direito de Polegar
ANTÔNIO WERNECK
SÉRGIO RAMALHO
O GLOBO :21/02/13 - 6h00
Cenário de violência. Carro da PM em frente à quadra da Mangueira: depois de três assassinatos, o policiamento foi reforçado na favela, onde o tráfico ordenou o fechamento do comércio, em sinal de luto por morte de cúmplice Marcelo Piu / O Globo
RIO — Pacificado há mais de um ano, o Morro da Mangueira, berço de uma das mais tradicionais escolas de samba do Rio, ainda vive sob o medo do tráfico. Três assassinatos, o comércio fechado por ordem de bandidos e até um PM rendido por criminosos nos últimos dias são um cenário que a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) deveria ter deixado no passado. Ameaçadas por traficantes, 20 pessoas que trabalhavam com Ivo Meirelles, presidente da verde e rosa, deixaram a favela e estão escondidas nas casas de parentes e amigos. O clima de tensão fez a PM reforçar o efetivo no morro.
Para o sociólogo e coordenador do Centro de Estudos e Pesquisa em Segurança Pública da PUC-Minas, Luís Flávio Sapori, o fechamento das lojas por determinação dos bandidos e os recentes homicídios mostram que a UPP ainda não conseguiu se tornar referência para os moradores:
— É nítido que a UPP não se consolidou na Mangueira. A persistência de fenômenos como toque de recolher, lei do silêncio e assassinatos significa que o tráfico, mesmo com a presença dos policiais, ainda mantém poder. Nesse caso, é necessário um trabalho conjunto da PM com a Polícia Civil, que precisa investigar e identificar os responsáveis por esses problemas. É fundamental ainda mudar a forma de policiamento, já que a simples presença dos PMs da UPP não está impedindo que traficantes continuem a impor medo aos moradores.
Já o sociólogo Ignácio Cano, do Laboratório de Estudos da Violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), afirmou que o combate ao tráfico na comunidade precisa ser pensado a longo prazo:
— Historicamente, a Mangueira tem uma estrutura de tráfico familiar, o que dificulta o trabalho da polícia. Não sei se a questão é mudar o comando (da UPP) neste momento. É preciso ter paciência e trabalhar a longo prazo.
Oficial: tráfico tem estrutura familiar
O comandante da UPP da Mangueira, capitão Leonardo Nogueira, também disse que o tráfico na Mangueira resiste à pacificação por ter uma estrutura familiar:
— O tráfico aqui era passado de pai para filho há 40 anos. Está muito enraizado, e a pacificação deverá ser progressiva e de longo prazo. É um processo demorado.
A disputa pelo poder na escola — que terá eleições para nova diretoria em 28 de abril — estaria por trás das mortes e da ação de traficantes. Há 40 anos, o tráfico no morro é dominado pela família Testas Monteiro, que sempre teve muita influência na agremiação. Um dos últimos a comandar a dinastia do crime foi Francisco Paulo Testas Monteiro, o Tuchinha, de 47 anos. Ele, que já cumpriu 21 anos de prisão e tem um irmão preso por tráfico, hoje trabalha como assessor no AfroReggae, onde recebe R$ 2.500 para dar palestras a jovens, para tirá-los do caminho do crime.
A polícia investiga a ligação entre três execuções num intervalo de apenas quatro horas e a disputa pelo poder na escola. O assassinato, na noite de domingo, de Acir Ronaldo Monteiro da Silva, o 2K, morto com oito tiros na porta do condomínio onde morava, no Recreio, deu início a uma onda de terror na Mangueira. Em resposta ao homicídio, bandidos mataram duas pessoas ligadas à agremiação. Alan Carlos da Silva Silvio, de 24 anos, segurança da quadra da Mangueira, foi executado a tiros no alto da comunidade no mesmo dia. O corpo dele foi encontrado na manhã de segunda-feira, carbonizado, num carro, em São Cristóvão. Jefferson Fernandes de Oliveira, de 21 anos, da bateria da escola, foi morto na segunda-feira, após ser baleado em frente a um contêiner da UPP no Morro do Tuiuti, vizinho à Mangueira. Os assassinos teriam usado a arma roubada de um policial da UPP momentos antes.
Meirelles convocado a depor
Ivo Meirelles foi convocado na quarta-feira a depor ainda esta semana na Divisão de Homicídios (DH) sobre a morte de Acir. O traficante é acusado de ter invadido a quadra da Mangueira no ano passado, para impedir a reeleição do atual presidente da escola.
— O clima na favela é de medo e muita preocupação. O que chegou à comunidade é que existe uma lista de pessoas marcadas para morrer, inclusive alguns baluartes do samba e diretores da escola — informou um morador, que preferiu não ser identificado.
Na quarta-feira, o juiz Ricardo Coronha Pinheiro, titular da 39ª Vara Criminal, decretou a quebra do sigilo fiscal, bancário e telefônico de suspeitos de envolvimento com o tráfico na Mangueira. Entre eles, está o próprio Ivo Meirelles.
A decisão foi tomada após um pedido feito pelo Ministério Público estadual, dentro de um inquérito policial de 2011, que apura uma suposta associação para o tráfico de pelo menos 20 pessoas. Procurado pelo GLOBO, o juiz não quis dar detalhes do caso, já que o inquérito está sob segredo de Justiça. O presidente da verde e rosa não foi localizado para comentar o assunto.
A quebra de sigilo visa principalmente a verificar se há vínculos de Meirelles com o tráfico. Ele é suspeito de ter repassado recursos da escola a traficantes da Mangueira. São investigadas possíveis irregularidades desde a posse de Meirelles, em abril de 2009, até dezembro de 2012. No pedido do MP, foi requerida a quebra do sigilo bancário de seis contas-correntes em nome do presidente da verde e rosa e outras 54 no da agremiação.
Acordo preveria candidato único
Segundo a promotora de Justiça Vera Regina de Almeida, responsável pelo inquérito, as informações solicitadas visam a verificar não apenas a evolução patrimonial de Ivo Meirelles durante o período à frente da escola, mas também as transferências bancárias realizadas.
Para moradores, está cada vez mais claro que os últimos assassinatos estariam ligados ao processo eleitoral na escola. Já haveria uma costura política entre Meirelles e o deputado Chiquinho da Mangueira (PMDB) para que este saia como candidato único. No pleito, Chiquinho contaria ainda com o apoio do governador Sérgio Cabral, que ontem, em nota, negou qualquer envolvimento na eleição. O deputado negou qualquer acordo com o atual presidente.
— Sou candidato à presidência da escola de samba, mas não tenho nenhuma ligação com Ivo Meirelles. Não tenho seu apoio e nenhum pacto político com ele — disse Chiquinho, que, em 2003, foi acusado pelo então comandante do 4º BPM (São Cristóvão) e atual comandante da PM, coronel Erir Ribeiro Costa Filho, de ter pedido uma trégua no combate ao tráfico no morro.
Apesar de o deputado negar, fontes da escola ouvidas pelo GLOBO garantiram que o acordo entre Chiquinho e Ivo existe e teria desagradado ao tráfico, sempre muito influente nas eleições da escola. Acir foi morto depois de afirmar que o tráfico não queria nem Ivo, nem Chiquinho mandando na agremiação. Há fortes indícios de que os autores do assassinato foram milicianos que trabalham na segurança da escola, supostamente chefiados por PMs.
Ivo Meirelles foi indiciado na 17ª DP (São Cristóvão) pelo crime de associação para o tráfico. A investigação foi requerida pelo MP, após denúncia anônima recebida no dia 16 de dezembro de 2010. De acordo com a denúncia, os então chefes do tráfico, Tuchinha e Alexandre Mendes da Silva, o Polegar, seu sobrinho, recebiam verbas da agremiação. O pagamento seria mensal, em torno de R$ 150 mil. Em troca, os bandidos teriam ordenado a nomeação de Ivo como presidente da escola e indicado outros integrantes da diretoria.
A disputa de poder na verde e rosa
Ivo Meirelles: O atual presidente da escola não deve se candidatar à reeleição. Está desgastado com os últimos resultados da Mangueira e é investigado por envolvimento com o tráfico.
Chiquinho da Mangueira: O deputado estadual pelo PMDB deve se apresentar como candidato da oposição. Em 2003, o atual comandante da PM, coronel Erir Ribeiro, então comandante do batalhão da área, denunciou que Chiquinho pedira uma trégua no combate ao tráfico no Morro da Mangueira.
Percival Pires: Ex-presidente e candidato a voltar ao comando da verde e rosa, ele renunciou ao cargo em 2007, após ser revelado que fora o responsável por levar a bateria da escola para tocar no casamento do traficante Fernandinho Beira-Mar.
Tuchinha: Amigo de infância de Meirelles, Francisco Paulo Testas Monteiro, ex-chefe do tráfico na Mangueira, teve muita influência na escola. Cumpriu 21 anos de prisão. Hoje, é palestrante do AfroReggae.
Polegar: Alexander Mendes da Silva é irmão de Tuchinha. Condenado, estaria chefiando, mesmo de dentro da prisão, a quadrilha de traficantes do morro.
2K: Acir Ronaldo Monteiro da Silva, o 2K, foi assassinado no último domingo, em frente a um condomínio na Praia do Recreio. O traficante teria tentado destituir Ivo Meirelles da presidência da verde e rosa ano passado. Foi braço direito de Polegar
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