Justiça condena policial e traficante
Descoberta no ano passado pelo Ministério Público (MP), uma parceria entre um policial civil e um homem para facilitar a venda de cocaína, crack e maconha resultou na condenação dos dois por tráfico de drogas, por associação para o tráfico e por corrupção. A decisão é do juiz André de Oliveira Pires, da 1ª Vara Criminal de Alvorada.
O inspetor José Carlos Leal, 50 anos, lotado na 3ª Delegacia da Polícia Civil de Alvorada, foi punido com 22 anos de prisão, e o traficante Jonas Freitas Bica Oliveira, o Bica, 23 anos, apontado como dono de uma boca de fumo nas imediações da delegacia, recebeu uma pena de 25 anos de cadeia.
O inspetor e o traficante estão presos preventivamente desde agosto. Além da condenação, o magistrado determinou a perda do cargo policial, conforme sentença assinada na semana passada.
A Promotoria Especializada Criminal investigou o caso durante três meses, reunindo provas a partir do monitoramento de telefonemas com autorização judicial. Os diálogos revelaram que o inspetor teria formado uma espécie de aliança com o traficante.
Gravações comprovam comércio de drogas
A sentença judicial, contendo 121 páginas, reproduz parte das conversas gravadas entre Leal e Bica. Em uma delas, os dois tratariam o comércio de drogas como “firma” e que “ela não podia parar”. Em outra ligação, Leal avisaria Bica para “se ligar”, pois os “boina preta”, referindo-se a policiais militares, estariam nas proximidades da boca de fumo. Após o recado, Leal teria pedido que Bica lhe mandasse uma garrafa de uísque de presente e colocasse créditos para ele em um celular.
As conversas também indicariam que Bica repassava informações sobre traficantes concorrentes para Leal prender e recolher a droga. Em um das ligações, o inspetor teria dito que se a droga eventualmente apreendida fosse boa, repassaria parte dela para Bica.
Em um outro diálogo, Leal revelaria detalhes da Operação Espreita, desenvolvida pela Polícia Civil para capturar um traficante de Alvorada. Pela informação, o inspetor pediria uma “luz” para Bica – considerada pelo MP e pela Justiça um pedido de dinheiro.
Responsável pela investigação, o promotor Flávio Duarte destacou o rigor da punição:
– O juiz deu a importância devida ao caso.
Com base nas escutas, a Brigada Militar, em apoio ao MP, vasculhou a casa de Bica, encontrando balança de precisão, 1,1 quilo de maconha, embalada em forma de tijolinhos, 150 gramas de cocaína e 65 gramas de crack, além de uma pistola.
Bica manteria contato com pelo menos outros dois criminosos, um deles recolhido no Presídio Central de Porto Alegre que repassava dicas por celular, e outro que está foragido. Os dois estão sendo processados.
Contraponto
O que diz Werley Rodrigues Alves Filho, advogado do inspetor José Carlos Leal: “Ainda não fomos intimados da sentença. Não conheço o teor dela. Tão logo isso ocorra, vamos recorrer. A decisão de primeiro grau é sempre provisória. Ele (Leal) se declara inocente. Sempre fez contatos com essa pessoa (Bica), pois era seu informante”.
A defensora de Jonas Freitas Bica Oliveira não foi localizada por ZH.
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