ARMA POLÊMICA
Garçom morre atingido por pistola de choque. Julio Cezar Leal Vaz entrou em surto no centro de Viamão e foi alvejado por policiais com Taser
ALINE CUSTÓDIO
No dia em que se casaria, o garçom Julio Cezar Leal Vaz, 35 anos, acabou morto, na manhã de sábado, em Viamão. A família dele acusa policiais militares, armados com uma pistola de choque (Taser), de serem os responsáveis.
Socorrido pela ambulância do Samu, o garçom morreu no Hospital de Viamão. No laudo preliminar, a causa da morte está indeterminada. Caso se confirme que o motivo seja a Taser, seria o primeiro caso no Estado. A própria Brigada Militar (BM) registrou o caso na DPPA de Alvorada, que enviará inquérito para a 1ª DP de Viamão para ser investigado. Conforme o comandante da 1ª Companhia do 18º BPM (Viamão), capitão Emerson Rama Quadros, a pistola foi usada seguindo a técnica recomendada.
Segundo a mulher de Julio, Josiane Vieira Menezes, 34 anos, no sábado o casal registraria no cartório civil a união existente havia 10 anos. Porém, o garçom, que tinha problemas de depressão e usava remédios controlados, teria sofrido um surto devido à emoção do momento.
– Já estávamos saindo para o cartório quando ele tirou o terno. Perguntei o que tinha, mas ele não respondeu. Saiu para a rua só de bombachas, sem camisa e descalço. Chovia muito naquele momento – recorda Josiane.
A pé e fora de si, Julio saiu de casa sem rumo. Preocupados, familiares acionaram a Brigada Militar e o Samu para resgatá-lo. Há dois anos, contam os parentes, o garçom tinha passado por crise idêntica e havia sido socorrido pela BM.
– Ele não podia se emocionar muito porque entrava em surto. Mas era um homem de bom coração e trabalhador – assegura o sobrinho José Augusto Xavier Vaz.
Sozinho, Julio percorreu cerca de dois quilômetros até a Praça da Matriz, no Centro. Lá, segundo testemunhas, pegou um botijão de gás de 13 quilos, que estava num caminhão, e o jogou contra um carro. Quando a viatura da Brigada chegou, o garçom arremessou um tijolo contra os policiais.
– Os PMs deram tiros com a Taser até ele cair, inconsciente. O problema é que ele estava descalço e chovia muito. Meu irmão já chegou ao hospital, praticamente, morto – conta o irmão, Ronaldo Vaz.
À distância, um motoboy viu toda a ação.
– Os policiais deram o choque mais de uma vez e, quando ele caiu, o algemaram e continuaram dando choque. Só tiraram a algema quando os colegas de trabalho do Julio se aproximaram e o reconheceram – revelou o motoboy.
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