ZERO HORA 16 de fevereiro de 2015 | N° 18075
POLÍTICA + | Juliano Rodrigues
Se há um setor do Estado que foi efetivamente afetado e que tende a se deteriorar com as medidas de austeridade já anunciadas ou em estudo pelo governo José Ivo Sartori, é a segurança pública.
O primeiro reflexo do decreto que reduziu pagamento de horas extras aos policiais militares, anunciado em janeiro, já está ao alcance dos olhos da população: a presença da Brigada Militar nas ruas diminuiu. É verdade que isso está ocorrendo não apenas pelo corte de horas extras, mas também pelo deslocamento de PMs para o Litoral. Porém, a suspensão da nomeação de novos soldados e dados da Secretaria de Administração e Recursos Humanos e da Associação de Cabos e Soldados da Brigada Militar indicam que a corporação deve terminar 2015 com o efetivo ainda menor em relação a 2014 (que já foi menor do que o de 2013).
Somente entre 2013 e 2014, a Brigada Militar perdeu 1,1 mil servidores. O déficit seria recomposto com a nomeação de 2 mil policiais militares aprovados em concurso, mas o governo Sartori suspendeu a chamada dos servidores e avalia que isso somente poderá ocorrer a partir de junho. Isso se, até lá, o quadro financeiro do Estado melhorar. Até julho de 2014, a BM contava com um efetivo de 22.450 pessoas. Começou 2015 com 21.940. A tendência é de que termine o ano com até 800 policiais a menos, segundo a Associação de Cabos e Soldados (Abamf).
– Os PMs estão fazendo outros concursos. É mais vantajoso ir para a Polícia Civil, para a Susepe. Só em 2014, perdemos 450 soldados para outros concursos. As pessoas não estão vendo vantagem em continuar na Brigada, até porque há boatos sobre perda de vantagens – explica o presidente da Abamf, Leonel Lucas.
Os boatos a que se refere Leonel Lucas dizem respeito à análise do governo sobre mudar algumas regras (de aposentadoria, licenças e gratificações de permanência) que tornam a BM cara aos cofres públicos sem que o investimento seja observado no policiamento nas ruas. Segundo a Secretaria de Administração e Recursos Humanos, mais de 2,3 mil policiais militares estão em condições de se aposentar e recebem a gratificação de permanência. As entidades de classe afirmam que a extinção dessa vantagem encolheria ainda mais o já enxuto efetivo da Brigada.
ALIÁS - O efetivo da Brigada Militar vem encolhendo de forma progressiva. Em 1995, havia 27,4 mil policiais militares no Rio Grande do Sul. Agora, são 21,9 mil. O déficit atual é de mais de 11 mil PMs.
Nenhum comentário:
Postar um comentário