ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.

terça-feira, 11 de novembro de 2014

POLÍCIA BRASILEIRA MATOU SEIS PESSOAS POR DIA NOS ÚLTIMOS 5 ANOS



O Estado de S. Paulo 10 Novembro 2014 | 13h 11


Luiz Fernando Toledo

De acordo com a pesquisa do Fórum de Segurança Pública, a tropa mais letal do País é a do Rio, seguida por São Paulo e Bahia



SÃO PAULO - A polícia brasileira matou em média seis pessoas por dia entre 2009 e 2013. Em cinco anos, foram 11.197 mortes - número superior ao registrado pela polícia americana ao longo de 30 anos (11.090). Os dados são do 8.º Anuário de Segurança Pública, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. A íntegra do estudo será divulgada nesta terça-feira, às 10h30, em São Paulo.


Segundo a pesquisa, a tropa mais letal é a do Rio, seguida pela da Bahia, do Pará e de São Paulo. A polícia fluminense, porém, reduziu para menos da metade o indicador. Em 2009, foram 1.048 homicídios provocados por policiais - 54% do registrado pelas polícias de todo o País.


Entre 2012 e 2013, houve leve diminuição de mortes. No Rio, a taxa foi de 2,6 vítimas por 100 mil habitantes em 2012, ante 2,5 em 2013. Em São Paulo também houve queda - de 1,8 morte por 100 mil habitantes para 1,5. O total de vítimas no País foi de 2.212 no ano passado - 635 em São Paulo e 416 no Rio.

A Bahia teve taxa de 2,1 mortes por 100 mil habitantes - 313 no total. No Pará, o número é de 152 em 2013, mas, se considerada a população, o Estado fica à frente de São Paulo - 1,9 por 100 mil habitantes. Estados como Mato Grosso do Sul, Ceará, Amapá e Acre podem estar subnotificados, uma vez que a pesquisa não encontrou informações disponíveis em alguns anos. As menores taxas estão justamente nesses Estados.

A maior parte das ocorrências foi registrada como confronto com PMs. No ano passado, foram 1.231 casos com policiais em serviço e 336 fora do trabalho.

Para o pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (USP) Bruno Paes Manso, um dos fatores que resultam no número de mortes é a desconfiança da PM, que faz o trabalho ostensivo, em relação à Polícia Civil, que investiga. “Isso não acontece em outros países, onde o ciclo é completo. Há uma desconfiança entre as corporações. O PM pensa que a Polícia Civil não vai prender o criminoso e acaba fazendo justiça com as próprias mãos”, disse.

Para o coronel reformado da PM e consultor de segurança José Vicente da Silva Filho, as mortes são consequência do número de morte de policiais em combate. “Há um fato pouco enfatizado, de que o Brasil é o país que tem a maior quantidade de policiais mortos no mundo”, afirmou. “É um absurdo culpar os policiais. A reação armada dos bandidos só aumentou.” Para ele, casos de “violência com as próprias mãos” são isolados.


Custo. O estudo também mostra que, no ano passado, a violência custou R$ 258 bilhões ao País - 5,4% do Produto Interno Bruto (PIB). A maior parte do prejuízo está na perda do capital humano - R$ 114 bilhões.

O País investe 1,26% do PIB em segurança, enquanto Alemanha e Estados Unidos gastam 1,06% e 1,02%, respectivamente. A taxa de homicídios é maior no Brasil (24,8 por 100 mil habitantes) do que na Alemanha (0,8) e Estados Unidos (4,7).

A maior parte dos gastos está relacionada a morte e invalidez (R$ 114 bilhões), seguida por investimentos (R$ 61,1 bilhões). São Paulo foi o que mais investiu (R$ 9,27 bilhões), seguido pelo Rio (R$ 7,03 bilhões).


COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - O fato é que a Polícia brasileira mata porque está no meio de uma guerra urbana, a mais longa do mundo, patrocinada pela leniência dos Poderes da República que teima em não reconhecer e nem enfrentar. Nela morrem muitos policiais e civis e não é tao que "o Brasil é o país que tem a maior quantidade de policiais mortos no mundo”. É uma falácia dizer que a polícia brasileira é justiceira, apesar de existirem policiais no último nível de estresse que cometem crimes no cumprimento do dever e quando identificados são processados, punidos e excluídos da corporação. Também são falaciosos os argumentos que o problema da violência no Brasil estão nas forças policiais quando os bandidos são protegidos por leis permissivas, por uma justiça leniente, por presídios dominados pelas facções e pelas linhas abertas de fronteiras que favorecem o tráfico de armas e munição de guerra. Se o problema fosse policial, a guerra do rio já estaria vencida pelo Estado, mas a polícia ficou no pincel, já que não houve engajamento suficiente do judiciário, do legislativo e do ministério público. A sociedade organizada precisa dar uma basta e começar a exigir dos Poderes as obrigações em defesa do povo e o foco na finalidade pública para a qual existem e são pagos com supersalários e altos privilégios.











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