ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

INEFICIÊNCIA DO ESTADO FAVORECE O CRIME



Foto: Gilmar Fraga / Arte ZH


ZERO HORA 25/01/2016 - 06h03min




EDITORIAL



Pior do que a sensação de insegurança vivida diariamente pelos gaúchos é a sensação de desamparo. Cada vez que os cidadãos reclamam da violência de que são vítimas, as autoridades policiais alegam falta de efetivo e os governantes alegam falta de recursos — isso quando não acusam a mídia de hiperdimensionar o problema. Mas a realidade é insofismável: com ou sem notícia, homicídios, roubos, assaltos a bancos, estabelecimentos comerciais e residências continuam ocorrendo cada vez com maior frequência. São os cidadãos — as vítimas criminalidade — que atestam esse descalabro.

Ainda que se reconheça que os policiais fazem o que podem e que o governo realmente passa por uma crise financeira, a solução tem que vir do poder público. As pessoas pagam impostos para receber assistência e proteção do Estado. Se não recebem esse retorno, têm o direito de reclamar, de cobrar, de exigir providências efetivas por parte dos responsáveis pela segurança pública.

À autoridade cabe agir. Ou dar lugar a quem tem mais competência.

Ninguém suporta mais as desculpas esfarrapadas e a estratégia de transferir responsabilidade para os outros. A polícia diz que prende e a Justiça solta. O Judiciário reclama de inquéritos policiais malfeitos, garante que faz a sua parte e que só não manda mais gente para a cadeia porque os presídios estão superlotados. O governo alega falta de recursos, além da má vontade dos municípios em receber novos estabelecimentos prisionais. A tudo isso soma-se a carência de efetivo, de equipamentos e até de armas por parte das forças policiais. Justificativas não faltam. O que falta são lideranças fortes, soluções integradas, punição efetiva para os delinquentes e investimentos em educação, programas sociais e ocupação para as populações marginalizadas.

A falência do sistema prisional é inquestionável. Os presídios estão superlotados e uma parcela significativa da população carcerária, como lembra o comandante da Brigada Militar em entrevista publicada nesta edição (a reportagem completa está nas páginas 6 a 8), passa a maior parte do tempo sem fazer nada ou simplesmente planejando novos crimes. Ora, essa é uma realidade que pode ser alterada sem investimentos volumosos, desde que haja vontade política, mobilização das autoridades e empenho dos legisladores. Será tão difícil assim fazer o que outros países já fazem, colocando apenados a trabalhar? Evidentemente que estamos defendendo trabalho digno e possibilidade de recuperação, em contraponto à atual ociosidade que degrada e estimula a criminalidade.

Há muito mais a fazer. O caos da violência urbana não se resolve com medidas isoladas. Mas também não se resolve com omissão. O Estado — todos os poderes, todas as autoridades investidas para servir ao cidadão — está devendo uma resposta urgente e eficiente para os gaúchos.

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