O PIONEIRO. Entrevista16/01/2016 | 09h07
"É nossa obrigação promover a sensação de segurança", afirma comandante do 12º BPM, de Caxias do Sul. Falta de efetivo é o principal problema da Brigada de Caxias
Buss reforça a necessidade de revisar processos Foto: Diogo Sallaberry / Agencia RBS
Manuela Teixeira
Quando assumiu o comando do 12º Batalhão de Polícia Militar (12º BPM) de Caxias do Sul, em 2015, o tenente-coronel Ronaldo Buss teve de enfrentar mais do que as estatísticas criminais de uma cidade que beira os 500 mil habitantes. Além da falta de efetivo, do corte de horas extras e do parcelamento salarial dos servidores por parte do governo estadual, foi preciso se explicar a uma população que pedia mais policiais nas ruas.
— O governo tem dito que o Estado está quebrado e não vai contratar. Ele não consegue nem pagar o salário em dia. Por conta disso, temos que motivar os nossos policiais, fazer com que o servidor tenha orgulho de fazer o que faz, para que ele se sinta o que é: um indivíduo importante para a sociedade — afirma.
Nascido em Porto Alegre, foi lá que iniciou a carreira na Brigada Militar, atuando por seis anos no policiamento ostensivo. Seguiu os passos do pai e do irmão, também policiais militares. Reúne experiências no comando da Escola de Especialização e Formação de Soldados de Montenegro, no comando da companhia de policiamento ostensivo da mesma cidade e na Força Nacional, atuando na capacitação e implementação de especializações no país.
É em Montenegro, cidade de 68 mil habitantes e distante 70 km de Caxias, que residem a esposa, professora municipal, e as filhas de 14 e 17 anos.
— Com 20 anos, eu atuava nas ruas de Porto Alegre. Não era qualquer missão que iria me contentar. Vir para Caxias era um desafio. A cidade exige muito — justifica, aos 50 anos.
Na entrevista a seguir, Buss reforça a necessidade de se revisar processos, como o código penal, refletir sobre a violência e debater políticas de prevenção eficazes no combate ao crime.
Pioneiro: Em 2015, pelo menos 10 casos de desavenças ou brigas resultaram em assassinatos. A sociedade está mais violenta?
Ronaldo Buss: Com certeza. Essa sociedade mais violenta está calcada na depreciação do valor da vida. Está carente de exemplos, de lideranças. Não tem vínculos. Tu se apega ao quê? O indivíduo se cria em um local marginalizado, sob a influência do tráfico e dos criminosos, aliado à falta de vínculo familiar. Os pais estão terceirizando a educação, acham que a escola é quem tem que educar. A criança cresce em um ambiente violento, isso gera traumas, reflexos psicológicos imensos. Tu transmites aquilo que recebes.
Quanto mais se debate sobre a violência e suas causas, mais as pessoas querem punição. Esse é o caminho?
As pessoas quem pensam dessa forma não estão vendo os outros. Elas não se colocam no lugar dos outros, da vítima do sistema. É um pensamento imediatista, assim como acreditar que a solução para o aumento da criminalidade está na mão da polícia. A polícia estabelece controle. Políticas de redução quem tem de fazer é o Estado, através da educação, de programas. As pessoas querem punição, querem ver o bandido morto, mas e se for teu irmão? E se ele (o bandido) foi confundido? Todo o sistema tem que ser encarado de forma muito séria.
Este ano, tivemos 11 mortes por conta de confrontos com a polícia. A Brigada Militar está matando mais? Essas mortes são comemoradas?
Toda morte é lamentada. Não é saudável para ninguém matar alguém. O indivíduo não pode ter o prazer de matar, e nós não temos esse prazer. O que comemoramos é uma sobrevida do policial no confronto. Se o indivíduo morreu em um confronto,
foi por quê? Porque ele imprimiu contra o policial uma violência que precisava de resposta. O policial é muito treinado para decidir e, quando decidir, usar a arma da melhor forma possível, porque pode atingir pessoas que não têm nada a ver com a cena. O aumento do número de confrontos tem a ver com o aumento da demanda. O número de delinquentes que tem coragem de enfrentar a polícia aumentou.
Como não ser corrompido pela violência? No caso do policial, como não perder os valores em uma profissão que vê o pior lado do ser humano?
O exercício dessa profissão (policial) exige vocação e que tu compreendas esse contexto do crime. O nosso ambiente de trabalho é conflituoso, mas temos que entender o papel que desempenhamos. Para nós não nos tornarmos violentos, temos um treinamento muito sério e uma manutenção do papel do policial. Eu tenho vontades, mas tenho obrigações. Nesse contexto, vale a obrigação. A lei inibe a violência do policial. A pessoa que não está treinada para isso vê um estuprador e se junta com outros 10 para linchá-lo. Agem por impulso. Se a gente não entende isso, comete abuso.
Nas redes sociais, inclusive nas páginas oficiais da Brigada, cada vez que um bandido morre a sociedade comemora, seguindo a linha “bandido bom é bandido morto”.
É o sentimento das pessoas de imediatismo, de ver uma solução. É impulsivo.
Qual a maior dificuldade da Brigada hoje?
Em Caxias, é a falta de efetivo. Tivemos no ano passado, entre a aposentadorias e transferências, a redução de 80 homens e mulheres. Isso não foi reposto. Tivemos redução de 9 mil horas extras por mês. Quando não tem gente, compensa com hora extra. Quando tu não tem gente e não tem hora extra, tu vai ter que trabalhar com mais qualidade, dar mais inteligência. O policial tem que ter uma razão para estar ali e entender isso.
Quando aumentam os índices de violência, quando a sociedade quer respostas, a primeira instância a ser questionada é a Brigada. As pessoas se queixam de não verem policiais na rua.
A Brigada é a única parte que é visível. É a nossa obrigação sermos vistos, promover a sensação de segurança. A sociedade tem que ver se é suficiente ou não. Nossa atuação hoje temmais inteligência. Temos que fazer mais com menos, estamos fazendo isso, e os números estão aí. Com a redução no número de policiais e de horas extras, é natural que a população veja menos policiais. E há um contexto interessante: o policial está ali, mas as pessoas não o veem. E não é só o policial, às vezes o bandido está ali e a pessoa não enxerga, está no celular, na internet. Tu vai ver o policial quando tu precisa.
Este ano, sete assassinatos foram registrados no Santa Fé, cinco no Desvio Rizzo, no Reolon e no Euzébio Beltrão de Queiróz (onde se comprovou que as mortes estavam ligadas por um confronto de tráfico de drogas). Por que não há uma presença mais forte da Brigada nesses locais?
Porque precisamos de mais gente. Mas não é só a Brigada que precisa estar ali. O problema da droga é um problema de saúde. Por que isso vai pra conta da polícia? Eu tenho solução fácil pra droga. É acabar com o consumidor. Por conta disso, temos programas para as crianças, como o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd). Se tu acabar com o consumidor, acaba com o traficante. É problema de polícia? Viciado não tem que ir pra prisão, tem que ter tratamento. Na prisão ele vai consumir mais. Quanto a esses pontos, parece que a gente não faz nada, mas a gente faz. Fizemos várias operações, só que não temos condições de ser constantes em nenhum lugar da cidade. Todos esses bairros têm operações regulares. Atendemos a 1,9 mil chamados por mês.
Por que não são feitas ações mais contundentes nesses locais até que os crimes diminuam?
Aí se resolve momentaneamente aquele problema e quando sair de lá pode ser pior. As pessoas vão reclamar mais. Vamos acostumar a comunidade com um serviço que não temos condições de fazer todo dia, de manter. A partir do histórico de incidências, fazemos uma análise criminal e vamos atendendo as demandas. Não é resolver o problema da criminalidade, é manter um controle social. Nosso objetivo é manter esse controle, não diminuir a zero.
Em julho, agosto e setembro, vários crimes aumentaram em Caxias, como os homicídios e os assaltos a ônibus. Naquele período, houve o parcelamento salarial e greve. O que aconteceu? Foi difícil manter a motivação dos policiais?
Foi muito difícil. Humanamente, isso trouxe reflexo direto no nosso servidor. Se passou uma ideia que se estava à vontade (que havia menos policiais por conta da greve de parte dos funcionários) e não se estava. Só que o indivíduo foi para o trabalho desmotivado, e alguém que está desmotivado não produz. O enfoque tem sido motivação, somos nossos psicólogos.
O sistema penal vem sofrendo críticas sobre as progressões de regime, a falta da ressocialização, o prende e solta. O sistema está falido?
Pessoalmente, eu acho que o sistema está ruim. Se tu visitar um presídio, vai ver que é um inferno. Ele contém um indivíduo violento e o torna mais violento. Temos dentro do sistema prisional presos que se institucionalizam presos. Ou seja, o indivíduo chega lá jovem, cometeu um delito, um roubo a pedestre, ele é preso e condenado a cumprir sua pena no presídio. O que acontece? Recebe visita, visita íntima, vai ter filhos. Ali, a família dele ainda é assistida. Eu não estou defendendo o preso. Ele sai mais violento, o sistema é cruel. Ele já tem mulher, filhos, que vai ter que sustentar. Ele não vai conseguir emprego, se ele já tem uma índole ruim, o que ele vai fazer? Por isso a reincidência é grande, 70% dos crimes são cometidos por reincidentes.
A redução da maioridade penal seria alternativa eficaz?
Se eu tivesse um sistema carcerário organizado, e que atingisse o seus objetivos pelo menos em parte, eu seria a favor da redução. Até porque os delitos, quando têm algumas figuras carimbadas soltas, aumentam. Quando prendemos, eles reduzem. O indivíduo contido não comete crime. Mas o sistema não permite essa solução porque tu prende um e tem mais 10 soltos. Eu sou a favor da redução porque vou contê-lo (o adolescente infrator), mas entendo que não vai resolver. Não é reduzindo a maioridade que tu vai conseguir resolver o problema da assistência básica.
Mas reduzir a maioridade e colocar esse adolescente junto com outros presos não é pior?
Com certeza, e é esse debate que tem que ser feito. A sociedade tem que pensar, vamos dar solução ou amenizar? Eu entendo que a gente precisa resolver a longo prazo. Mas hoje sou a favor da contenção mais rápida. Temos menores infratores com histórico criminal terrível.
"É nossa obrigação promover a sensação de segurança", afirma comandante do 12º BPM, de Caxias do Sul. Falta de efetivo é o principal problema da Brigada de Caxias
Buss reforça a necessidade de revisar processos Foto: Diogo Sallaberry / Agencia RBS
Manuela Teixeira
Quando assumiu o comando do 12º Batalhão de Polícia Militar (12º BPM) de Caxias do Sul, em 2015, o tenente-coronel Ronaldo Buss teve de enfrentar mais do que as estatísticas criminais de uma cidade que beira os 500 mil habitantes. Além da falta de efetivo, do corte de horas extras e do parcelamento salarial dos servidores por parte do governo estadual, foi preciso se explicar a uma população que pedia mais policiais nas ruas.
— O governo tem dito que o Estado está quebrado e não vai contratar. Ele não consegue nem pagar o salário em dia. Por conta disso, temos que motivar os nossos policiais, fazer com que o servidor tenha orgulho de fazer o que faz, para que ele se sinta o que é: um indivíduo importante para a sociedade — afirma.
Nascido em Porto Alegre, foi lá que iniciou a carreira na Brigada Militar, atuando por seis anos no policiamento ostensivo. Seguiu os passos do pai e do irmão, também policiais militares. Reúne experiências no comando da Escola de Especialização e Formação de Soldados de Montenegro, no comando da companhia de policiamento ostensivo da mesma cidade e na Força Nacional, atuando na capacitação e implementação de especializações no país.
É em Montenegro, cidade de 68 mil habitantes e distante 70 km de Caxias, que residem a esposa, professora municipal, e as filhas de 14 e 17 anos.
— Com 20 anos, eu atuava nas ruas de Porto Alegre. Não era qualquer missão que iria me contentar. Vir para Caxias era um desafio. A cidade exige muito — justifica, aos 50 anos.
Na entrevista a seguir, Buss reforça a necessidade de se revisar processos, como o código penal, refletir sobre a violência e debater políticas de prevenção eficazes no combate ao crime.
Pioneiro: Em 2015, pelo menos 10 casos de desavenças ou brigas resultaram em assassinatos. A sociedade está mais violenta?
Ronaldo Buss: Com certeza. Essa sociedade mais violenta está calcada na depreciação do valor da vida. Está carente de exemplos, de lideranças. Não tem vínculos. Tu se apega ao quê? O indivíduo se cria em um local marginalizado, sob a influência do tráfico e dos criminosos, aliado à falta de vínculo familiar. Os pais estão terceirizando a educação, acham que a escola é quem tem que educar. A criança cresce em um ambiente violento, isso gera traumas, reflexos psicológicos imensos. Tu transmites aquilo que recebes.
Quanto mais se debate sobre a violência e suas causas, mais as pessoas querem punição. Esse é o caminho?
As pessoas quem pensam dessa forma não estão vendo os outros. Elas não se colocam no lugar dos outros, da vítima do sistema. É um pensamento imediatista, assim como acreditar que a solução para o aumento da criminalidade está na mão da polícia. A polícia estabelece controle. Políticas de redução quem tem de fazer é o Estado, através da educação, de programas. As pessoas querem punição, querem ver o bandido morto, mas e se for teu irmão? E se ele (o bandido) foi confundido? Todo o sistema tem que ser encarado de forma muito séria.
Este ano, tivemos 11 mortes por conta de confrontos com a polícia. A Brigada Militar está matando mais? Essas mortes são comemoradas?
Toda morte é lamentada. Não é saudável para ninguém matar alguém. O indivíduo não pode ter o prazer de matar, e nós não temos esse prazer. O que comemoramos é uma sobrevida do policial no confronto. Se o indivíduo morreu em um confronto,
foi por quê? Porque ele imprimiu contra o policial uma violência que precisava de resposta. O policial é muito treinado para decidir e, quando decidir, usar a arma da melhor forma possível, porque pode atingir pessoas que não têm nada a ver com a cena. O aumento do número de confrontos tem a ver com o aumento da demanda. O número de delinquentes que tem coragem de enfrentar a polícia aumentou.
Como não ser corrompido pela violência? No caso do policial, como não perder os valores em uma profissão que vê o pior lado do ser humano?
O exercício dessa profissão (policial) exige vocação e que tu compreendas esse contexto do crime. O nosso ambiente de trabalho é conflituoso, mas temos que entender o papel que desempenhamos. Para nós não nos tornarmos violentos, temos um treinamento muito sério e uma manutenção do papel do policial. Eu tenho vontades, mas tenho obrigações. Nesse contexto, vale a obrigação. A lei inibe a violência do policial. A pessoa que não está treinada para isso vê um estuprador e se junta com outros 10 para linchá-lo. Agem por impulso. Se a gente não entende isso, comete abuso.
Nas redes sociais, inclusive nas páginas oficiais da Brigada, cada vez que um bandido morre a sociedade comemora, seguindo a linha “bandido bom é bandido morto”.
É o sentimento das pessoas de imediatismo, de ver uma solução. É impulsivo.
Qual a maior dificuldade da Brigada hoje?
Em Caxias, é a falta de efetivo. Tivemos no ano passado, entre a aposentadorias e transferências, a redução de 80 homens e mulheres. Isso não foi reposto. Tivemos redução de 9 mil horas extras por mês. Quando não tem gente, compensa com hora extra. Quando tu não tem gente e não tem hora extra, tu vai ter que trabalhar com mais qualidade, dar mais inteligência. O policial tem que ter uma razão para estar ali e entender isso.
Quando aumentam os índices de violência, quando a sociedade quer respostas, a primeira instância a ser questionada é a Brigada. As pessoas se queixam de não verem policiais na rua.
A Brigada é a única parte que é visível. É a nossa obrigação sermos vistos, promover a sensação de segurança. A sociedade tem que ver se é suficiente ou não. Nossa atuação hoje temmais inteligência. Temos que fazer mais com menos, estamos fazendo isso, e os números estão aí. Com a redução no número de policiais e de horas extras, é natural que a população veja menos policiais. E há um contexto interessante: o policial está ali, mas as pessoas não o veem. E não é só o policial, às vezes o bandido está ali e a pessoa não enxerga, está no celular, na internet. Tu vai ver o policial quando tu precisa.
Este ano, sete assassinatos foram registrados no Santa Fé, cinco no Desvio Rizzo, no Reolon e no Euzébio Beltrão de Queiróz (onde se comprovou que as mortes estavam ligadas por um confronto de tráfico de drogas). Por que não há uma presença mais forte da Brigada nesses locais?
Porque precisamos de mais gente. Mas não é só a Brigada que precisa estar ali. O problema da droga é um problema de saúde. Por que isso vai pra conta da polícia? Eu tenho solução fácil pra droga. É acabar com o consumidor. Por conta disso, temos programas para as crianças, como o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd). Se tu acabar com o consumidor, acaba com o traficante. É problema de polícia? Viciado não tem que ir pra prisão, tem que ter tratamento. Na prisão ele vai consumir mais. Quanto a esses pontos, parece que a gente não faz nada, mas a gente faz. Fizemos várias operações, só que não temos condições de ser constantes em nenhum lugar da cidade. Todos esses bairros têm operações regulares. Atendemos a 1,9 mil chamados por mês.
Por que não são feitas ações mais contundentes nesses locais até que os crimes diminuam?
Aí se resolve momentaneamente aquele problema e quando sair de lá pode ser pior. As pessoas vão reclamar mais. Vamos acostumar a comunidade com um serviço que não temos condições de fazer todo dia, de manter. A partir do histórico de incidências, fazemos uma análise criminal e vamos atendendo as demandas. Não é resolver o problema da criminalidade, é manter um controle social. Nosso objetivo é manter esse controle, não diminuir a zero.
Em julho, agosto e setembro, vários crimes aumentaram em Caxias, como os homicídios e os assaltos a ônibus. Naquele período, houve o parcelamento salarial e greve. O que aconteceu? Foi difícil manter a motivação dos policiais?
Foi muito difícil. Humanamente, isso trouxe reflexo direto no nosso servidor. Se passou uma ideia que se estava à vontade (que havia menos policiais por conta da greve de parte dos funcionários) e não se estava. Só que o indivíduo foi para o trabalho desmotivado, e alguém que está desmotivado não produz. O enfoque tem sido motivação, somos nossos psicólogos.
O sistema penal vem sofrendo críticas sobre as progressões de regime, a falta da ressocialização, o prende e solta. O sistema está falido?
Pessoalmente, eu acho que o sistema está ruim. Se tu visitar um presídio, vai ver que é um inferno. Ele contém um indivíduo violento e o torna mais violento. Temos dentro do sistema prisional presos que se institucionalizam presos. Ou seja, o indivíduo chega lá jovem, cometeu um delito, um roubo a pedestre, ele é preso e condenado a cumprir sua pena no presídio. O que acontece? Recebe visita, visita íntima, vai ter filhos. Ali, a família dele ainda é assistida. Eu não estou defendendo o preso. Ele sai mais violento, o sistema é cruel. Ele já tem mulher, filhos, que vai ter que sustentar. Ele não vai conseguir emprego, se ele já tem uma índole ruim, o que ele vai fazer? Por isso a reincidência é grande, 70% dos crimes são cometidos por reincidentes.
A redução da maioridade penal seria alternativa eficaz?
Se eu tivesse um sistema carcerário organizado, e que atingisse o seus objetivos pelo menos em parte, eu seria a favor da redução. Até porque os delitos, quando têm algumas figuras carimbadas soltas, aumentam. Quando prendemos, eles reduzem. O indivíduo contido não comete crime. Mas o sistema não permite essa solução porque tu prende um e tem mais 10 soltos. Eu sou a favor da redução porque vou contê-lo (o adolescente infrator), mas entendo que não vai resolver. Não é reduzindo a maioridade que tu vai conseguir resolver o problema da assistência básica.
Mas reduzir a maioridade e colocar esse adolescente junto com outros presos não é pior?
Com certeza, e é esse debate que tem que ser feito. A sociedade tem que pensar, vamos dar solução ou amenizar? Eu entendo que a gente precisa resolver a longo prazo. Mas hoje sou a favor da contenção mais rápida. Temos menores infratores com histórico criminal terrível.
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