O GLOBO, BLOG DO NOBLAT, 25/02/2015 - 01h00
Alfredo Guarischi
Vivemos uma situação dramática: a policia que mais mata e também é a que mais morre
A história do soldado Ryan foi levada ao cinema pela talentosa dupla, Spielberg e Tom Hanks.
Escrito por Robert Rodat que ao conhecer o monumento dedicado aos quatro filhos de Agnes Allison, mortos na Guerra Civil Americana, escreveu uma estória parecida. O cenário foi o da Segunda Guerra Mundial.
As cenas iniciais são dramáticas. Corpos mutilados e impressionante dramaticidade.
No final o jovem Ryan é salvo e volta ao lar. Em Hollywood uma mãe não poderia perder todos os filhos numa guerra, fora dos EUA.
No Rio de Janeiro, assistimos nossos Rians abandonados. O resgate não chega. A policia está sozinha.
Aqui a policia está em sua milionésima guerra.
Desafio quem aponte alguma policia no mundo que tenha maior número de horas de combate urbano do que a nossa. Desafio quem aponte uma cidade estrangeira na qual os criminosas estejam tão bem armados. Desafio quem prove que estes cariocas são treinados para matar, exceto em defesa, sua ou de outro cidadão. Cometem erros e até violações, mas quando idenficados são punidos. Ocorrem casos absurdos, assim como a punição pode não atender o esperado, mas o número de expulsões de policiais também é enorme. Atualmente existe uma diretriz clara.
Vivemos uma situação dramática: a policia que mais mata e também é a que mais morre. No entanto, o enfrentamento da criminalidade nos últimos oito anos é inegável. Se investiu em equipamentos e treinamento, mas segurança não caso é apenas da policia.
No último final de semana uma centena de “torcedores” foi presa. Torcedores? Sequestro, brigas familiares, desocupação de invasões urbanas, homofobia, pedofilia e até para ir a praia é caso para a polícia. A policia prende e leis frágeis soltam. Voltam a matar, roubar, estuprar. Menores de idade, fortes e reincidentes, são mão de obra preferida do tráfico. Os menores só na idade, são maiorais em latrocínios. As armas são importadas com mais facilidade do que culturas de células a serem utilizadas em pesquisas médicas. Para estas “perigosas culturas” há controle. Por outro lado, inexiste cultura do que significa segurança pública.
Nossos Rians estão abandonados, por parte importante dos outros atores que formam o cenário social. Alguns já afirmaram que morrer fez parte de suas escolhas. Não faz parte, afirmo. Não escolheram uma profissão para matar ou morrer, mas sim para servir e defender a sociedade.
Aqui não há efeitos especiais. Aqui os marginais chamam nossos policiais de alemão. Uma cínica ironia. Aqui temos pais, viúvos, órfãos de nossa guerra diária. Sem final feliz. Estes policias, homens e mulheres, são abatidos em suas folgas por serem policiais. Se não reagirem e forem identificados, serão executados. Temos nosso “Estado Enlameado” Tupiniquim. Covarde.
No filme, Hanks, salvador de Ryan, é atingido mortalmente. Suas últimas palavras foram: “Ryan, faça por merecer”.
A sociedade não pode abandonar nossos Rians.
Precisamos resgatá-los.
Eles merecem.
Polícia Militar reforça segurança nos Arcos da Lapa, cetro do Rio de Janeiro (Foto: Tânia Rêgo / Agência Brasil)
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Muito bom. No Brasil, os "soldados" que enfrentam esta guerra suja contra o crime são e estão abandonados pelos seus gestores políticos, pelas leis e pela justiça. A formação é a jato para atender a necessidade política; o treinamento é precário por falta de recursos; os soldos são vergonhosos para quem coloca a vida em risco; as estratégias são mudadas a cada governo; as leis permissivas enfraquecem a autoridade policial; a leniência da justiça segrega e desmoraliza todos os esforços contra o crime; e a execução penal falha e sem apuração de responsabilidade triplica o trabalho policial que prende sempre os mesmos e se comove com uma população injustiçada sofrendo a impunidade daqueles que tiram vidas, patrimônio, liberdade e bem estar das pessoas.
Alfredo Guarischi
Vivemos uma situação dramática: a policia que mais mata e também é a que mais morre
A história do soldado Ryan foi levada ao cinema pela talentosa dupla, Spielberg e Tom Hanks.
Escrito por Robert Rodat que ao conhecer o monumento dedicado aos quatro filhos de Agnes Allison, mortos na Guerra Civil Americana, escreveu uma estória parecida. O cenário foi o da Segunda Guerra Mundial.
As cenas iniciais são dramáticas. Corpos mutilados e impressionante dramaticidade.
No final o jovem Ryan é salvo e volta ao lar. Em Hollywood uma mãe não poderia perder todos os filhos numa guerra, fora dos EUA.
No Rio de Janeiro, assistimos nossos Rians abandonados. O resgate não chega. A policia está sozinha.
Aqui a policia está em sua milionésima guerra.
Desafio quem aponte alguma policia no mundo que tenha maior número de horas de combate urbano do que a nossa. Desafio quem aponte uma cidade estrangeira na qual os criminosas estejam tão bem armados. Desafio quem prove que estes cariocas são treinados para matar, exceto em defesa, sua ou de outro cidadão. Cometem erros e até violações, mas quando idenficados são punidos. Ocorrem casos absurdos, assim como a punição pode não atender o esperado, mas o número de expulsões de policiais também é enorme. Atualmente existe uma diretriz clara.
Vivemos uma situação dramática: a policia que mais mata e também é a que mais morre. No entanto, o enfrentamento da criminalidade nos últimos oito anos é inegável. Se investiu em equipamentos e treinamento, mas segurança não caso é apenas da policia.
No último final de semana uma centena de “torcedores” foi presa. Torcedores? Sequestro, brigas familiares, desocupação de invasões urbanas, homofobia, pedofilia e até para ir a praia é caso para a polícia. A policia prende e leis frágeis soltam. Voltam a matar, roubar, estuprar. Menores de idade, fortes e reincidentes, são mão de obra preferida do tráfico. Os menores só na idade, são maiorais em latrocínios. As armas são importadas com mais facilidade do que culturas de células a serem utilizadas em pesquisas médicas. Para estas “perigosas culturas” há controle. Por outro lado, inexiste cultura do que significa segurança pública.
Nossos Rians estão abandonados, por parte importante dos outros atores que formam o cenário social. Alguns já afirmaram que morrer fez parte de suas escolhas. Não faz parte, afirmo. Não escolheram uma profissão para matar ou morrer, mas sim para servir e defender a sociedade.
Aqui não há efeitos especiais. Aqui os marginais chamam nossos policiais de alemão. Uma cínica ironia. Aqui temos pais, viúvos, órfãos de nossa guerra diária. Sem final feliz. Estes policias, homens e mulheres, são abatidos em suas folgas por serem policiais. Se não reagirem e forem identificados, serão executados. Temos nosso “Estado Enlameado” Tupiniquim. Covarde.
No filme, Hanks, salvador de Ryan, é atingido mortalmente. Suas últimas palavras foram: “Ryan, faça por merecer”.
A sociedade não pode abandonar nossos Rians.
Precisamos resgatá-los.
Eles merecem.
Polícia Militar reforça segurança nos Arcos da Lapa, cetro do Rio de Janeiro (Foto: Tânia Rêgo / Agência Brasil)
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Muito bom. No Brasil, os "soldados" que enfrentam esta guerra suja contra o crime são e estão abandonados pelos seus gestores políticos, pelas leis e pela justiça. A formação é a jato para atender a necessidade política; o treinamento é precário por falta de recursos; os soldos são vergonhosos para quem coloca a vida em risco; as estratégias são mudadas a cada governo; as leis permissivas enfraquecem a autoridade policial; a leniência da justiça segrega e desmoraliza todos os esforços contra o crime; e a execução penal falha e sem apuração de responsabilidade triplica o trabalho policial que prende sempre os mesmos e se comove com uma população injustiçada sofrendo a impunidade daqueles que tiram vidas, patrimônio, liberdade e bem estar das pessoas.
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