ZERO HORA 11 de maio de 2015 | N° 18159
POLÍTICA + | Juliano Rodrigues
Não é por acaso que a sensação de insegurança tem aumentado nos últimos meses no Rio Grande do Sul. Um fato que tem contribuído para a onda de episódios violentos, com uma série infindável de ataques a bancos, assaltos e latrocínios à luz do dia, é a redução do número de policiais militares no Estado. A falta de reposição para aposentadorias e exonerações de policiais militares devido à suspensão das nomeações por meio dos decretos de cortes de gastos representou, para o já defasado efetivo da Brigada Militar, a perda de quase mil brigadianos em um ano. Em junho do ano passado, a corporação contava com 22.450 pessoas. Agora, são 21.507, 943 a menos, sendo 433 desde janeiro.
Amarrada pelos decretos do governador José Ivo Sartori, a Secretaria da Segurança Pública não pode assinar as nomeações dos mais de 2,5 mil policiais militares e bombeiros aprovados no último concurso. A resposta do governo para amenizar a redução de efetivo é historicamente a mesma: PMs que atuam em funções administrativas serão deslocados para o policiamento ostensivo. O problema é que essa medida parece ser inócua, já que a população não observa aumento da presença da BM nas ruas.
Não é segredo para ninguém que a crise financeira, que tem exigido uma ginástica financeira do Estado para manter os salários em dia, afeta todos os setores do serviço público. Porém, o que ainda não está claro é a estratégia do governo para melhorar algumas áreas, entre as quais, a segurança.
No sábado, durante o ato do Dia D de Mobilização da Vacinação contra a Gripe, Sartori foi questionado sobre o assunto pela repórter Maria Eduarda Fortuna, da Rádio Gaúcha, mas se esquivou de responder. Mandou a jornalista conversar com o secretário Wantuir Jacini e saiu rapidamente do local do evento. A reação do governador, além de incompatível com a postura de um líder em meio a um momento de crise, repete o seu comportamento durante a campanha eleitoral, quando foi evasivo sobre propostas.
ALIÁS
O Rio Grande do Sul está próximo de, pela primeira vez em sua história, ter mais policiais militares aposentados do que na ativa. Atualmente, são 21.507 PMs trabalhando e um total de 21.318 inativos.
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Não é a aposentadoria a maior causa da ausência de efetivos policias das ruas para ocupar todos os espaços de demanda pelo direito à justiça e segurança pública. As principais causas estão na falta de contratação de mais policiais, na evasão devido aos baixos salários e nos desvios de policiais da atividade fim e razão de ser da Brigada Militar para outras atividades, inclusive federais, prisionais, judiciais e políticas. Outras razões podem ser de descaso para com os riscos, estresse e dedicação exclusiva da atividade policial; de uma gestão que prioriza o atendimento de ocorrências e a resposta por guarnições motorizadas fortificadas em detrimento do policiamento preventivo; e de não empregar o quadro da reserva em atividades administrativas, de instrução e de planejamento estratégico.
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