ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.

domingo, 21 de junho de 2015

POLICIAL MORRE BALEADA NA CABEÇA EM CONFRONTO COM BANDIDOS

DIÁRIO GAÚCHO Rio de Janeiro20/06/2015 | 18h41

Policial morre após ser baleada na cabeça. Drielle de Morais foi atingida durante troca de tiros com bandidos



Foto: Reprodução / Facebook


Uma soldado da Policia Militar de 25 anos morreu após baleada no rosto durante uma perseguição. Drielle Lasnor de Moraes estava internada desde o dia 25 de maio no Rio de Janeiro.

Drielle estava no banco do carona da viatura quando foi atingida, depois de trocar tiros com bandidos em Realengo, na Zona Oeste do Rio, durante um patrulhamento. A bala ficou alojada na sua cabeça.

Dois homens que estavam no carro que atirou contra os policiais — Gustavo Marques de Assunção, de 26 anos, e Rafael Paiva de Oliveira, de 22 — foram presos. Um terceiro suspeito conseguiu fugir.

Conforme o jornal Extra, Drielle ficou orfã aos 15 anos, com a morte do pai, também policial. Ela trabalhava no mesmo batalhão do pai.

Um dia antes de ser atingida, a policial publicou em seu perfil no Facebook uma foto com a hashtag "#MaisTardeServirEproteger!".









O DIA 20/06/2015 22:49:49

Morre PM baleada no rosto em perseguição na Zona Oeste. Soldado Drielle Lasnor de Moraes levou tiro na Estrada Água Branca. Ela corria o risco de ficar tetraplégica

Constança Rezende



Drielle foi baleada no rosto em perseguição na Estrada da Água Branca Foto: Reprodução

Rio - Depois de quase um mês de luta pela vida, a policial militar Drielle Lasnor de Morais, de 25 anos, morreu no início da manhã deste sábado. A soldado foi atingida por um tiro no rosto disparado por bandidos da Zona Oeste, quando ela fazia perseguição a um carro suspeito pela Estrada da Água Branca, em Bangu, dia 25. Desde então, Drielle estava internada no Hospital Alberto Torres, em São Gonçalo.

Na semana passada, amigos e familiares tinham iniciado uma campanha pedindo doação de sangue, na esperança da recuperação de Drielle. Segundo os médicos, caso ela sobrevivesse, corria risco de ficar tetraplégica. A soldado estava lotada no 14º BPM (Bangu). O enterro da jovem será hoje, às 14 horas, no Cemitério Jardim da Saudade de Sulacap.

O marido da policial, Blaier Doacre, fez uma homenagem a Drielle em sua página na rede social. Ele afirmou que ela realizou um sonho ao entrar para a polícia. “Em 2014, realizou mais um sonho: ingressar na PMERJ. Hoje, me despedindo da minha princesa que tanto amo. Nunca vou te esquecer, somos um só coração, você vai estar aqui para sempre”, escreveu.

A tia de Drielle, Olimpia Catarina, agradeceu em nome da família o apoio prestado por amigos e internautas na recuperação da policial, além das orações e palavras de carinho no período de vigília. “Deus sabe o que faz e o que é melhor para os seus filhos. Continuemos a orar para que a nossa soldado descanse em paz”, declarou.

O pai de Drielle, que também era policial, foi morto pelo mesmo motivo, vítima de bandidos durante o serviço, há cerca de dez anos.

Na noite de 25 de maio, Drielle e outros dois policiais perseguiram um Gol verde suspeito, depois que o motorista do veículo acelerou ao perceber que seria abordado pelos PMs. Os acusados atiraram contra a viatura, ferindo a soldado Drielle e outros dois militares, que sobreviveram. A fuga terminou quando o carro suspeito bateu contra o muro de uma igreja. Dois acusados foram presos. O terceiro, conseguiu escapar.




sexta-feira, 19 de junho de 2015

ESTRESSE E SEGURANÇA PÚBLICA



JORNAL DO COMÉRCIO 19/06/2015


Rozemery Paixão


No âmbito dos cuidados com a saúde do profissional que atua na segurança pública, há uma equação bastante difícil de ser resolvida, mas que exige urgente busca por soluções. Por um lado, em certa medida, o estresse é fundamental ao servidor desta área, pois age como fator mobilizador na obtenção de uma resposta adequada a situações de risco ou de conflito. De outro, em se tratando da profissão líder em estresse, segundo ranking da Isma-BR (International Stress Management Association no Brasil), seus profissionais precisam conhecer mecanismos para gerenciá-lo, evitando o surgimento de sintomas físicos, emocionais e psicológicos, que podem levar a um esgotamento físico e mental, como por exemplo: problemas cardíacos, depressão, transtornos do sono, ansiedade e ao consequente afastamento das atividades; e também ao que se conhece hoje como Síndrome de Burnout, que nada mais é que a exaustão emocional, despersonalização e redução da realização pessoal e profissional. Com ganho de popularidade a partir da década de 70, o Burnout responde à necessidade de tratar um mal que se instala em todas as profissões.

Como prevenir? Como em todos os casos, o meio mais eficaz de prevenção é conciliar ao dia a dia atividades que tragam mais qualidade de vida, valorizando momentos em família e com amigos, nutrindo o corpo com uma alimentação qualificada e praticando atividades físicas prazerosas. No caso específico do servidor da Segurança Pública, há elementos-chave a serem valorizados: o treinamento e o trabalho em equipe. É por esse viés que o policial e os demais servidores da área estarão mais preparados para enfrentar situações que causem estresse e para sair delas sem maiores prejuízos físicos e emocionais.

Psicóloga da Polícia Civil/RS

terça-feira, 16 de junho de 2015

TENTANDO FAZER FRACA A FORTE GENTE




Marcos Paulo Beck

A Brigada Militar, é maior que todos nós.


Face ao grave momento vivido pelo nosso Estado, e isso convém dizer, que é o próprio Poder Executivo que leva a situação ao conhecimento da sociedade. Enquanto, concomitantemente, esse mesmo Executivo faz uma verdadeira guerra psicológica, que aos tempos da Guerra Fria, tempos do tristemente lembrado "muro de Berlim", deixaria os peritos Russos e Americanos, com inveja.

Realmente, nosso Governador é o "Cara"; é o cara que está mexendo com a psique desses heróis anônimos, que são os brigadianos na atividade fim e comprometendo a já combalida segurança do cidadão.

Com essas ações, o Governo vem fazendo um terrorismo psicológico, diretamente com cada servidor, civil e militar da área de Segurança Pública, com ameaças como dentre outras, o parcelamento dos salários; depois a de atrasos de salários e não bastasse isso, apresentou a Assembléia Legislativa o Projeto de Lei 206/2015, onde dentre outras maldades, propõe que as reposições salárias devidas a essa área e conquistadas a duras penas, sejam extintas em seus percentuais faltantes.

Esse terrorismo, além de atingir diretamente a cada um dos integrantes da segurança pública, atinge-os, insisto, duplamente, pois há que se considerar o efeito psicológico dos atos de quem detém o Poder, sobre homens simples, heróis anônimos, como cada policial civil e militar, e além desses, a todo ser humano, a cada cidadão que compõem a sociedade gaúcha e que por atos do governo, vê a segurança de seus familiares e sua, comprometidas.

As medidas tomadas pelo governo do RS, retirando meios necessários ao cumprimento das atividades de segurança pública, bem primário e essencial a sociedade, como a retirada de combustível para viaturas de policia e de bombeiros; falta de pagamento comunicações, como telefones dessas instituições prestadoras de serviço; falta do justo e necessário pagamento das horas extras, que além de previstas constitucionalmente, faziam com que os policiais, mesmo com sacrifícios, cumprissem uma carga a maior a serviço da segurança nas ruas, logradouros e interland do RS, tentando com isso, compensar a histórica falta de efetivos.

Mas há ainda falta de armas, coletes antibalísticos, munição, etc, que a título de economia, comprometem e conspiram contra todo tecido social.

Menos mal que há verbas sobrando para a massiva campanha do Governo, junto aos órgão de comunicação!!!

O Governo atual, compreendendo mal o que é Estado mínimo, retira as mínimas condições de que seja provida a Segurança Pública.

Na realidade o setor público mais atingido pelos pacotes do Governo, aos quais prefiro chamar de "pacotes de maldade", é a segurança pública operacional, (para separar da segurança pública de gabinetes, onde pelos compromissos partidários e/ou as vantagens a ser incorporadas, calam-se seus integrantes ou dizem que esses pacotes e o projeto de Lei, nada influiu ou influi na segurança pública).

Para fazer frente a esse terrorismo do Executivo gaúcho, a Asof e a Asdep, uniram-se, para em alto nível, mas com força e determinação, mostrar que essas proposições e em especial ao PL 206, trará sérios prejuízos ao todo do Estado riograndense especialmente a já desassistida sociedade gaúcha.
Vamos mostrar não só ao Poder Executivo, mas aos Poderes Legislativo e Judiciário, e especialmente dar conhecimento a sociedade: ao empresariado, aos clubes de serviços, as organizações comunitárias, as organizações de bairros, a imprensa em geral, e outros, do grave erro, com reflexos futuros na já combalida segurança pública gaúcha, erro que o Gov Sartori e seus assessores diretos, estão cometendo.

Conhecendo in loco polícias de vários países do mundo, dentre tantos ensinamentos, observei naquelas instituições, americanas, alemãs, italianas, israelenses, etc, que face ao trabalho policial ser das atividades mais desgastantes, dito isso por sociólogos, psicólogos, estudiosos da segurança pública em todo o primeiro mundo, (evidentemente estamos longe disso), atividade que cria problemas de alcoolismo, de drogaditos, grandes problemas conjugais, administração família e educação dos filhos, etc, etc, além de que aqui nesse Rio Grande do Sul, também problemas face aos baixos salários dos policiais.

Há que se considerar, que todos os demais Poderes, além do Executivo, se apoiam e se valem da Brigada Militar; entretanto, eles pouco apoio tem dado, se omitindo, pois não se trata de direitos deles que está em jogo.

Trata-se de Direitos dos Policiais, que o Executivo tenta suprimir !

Essa condição, que chega as raias de ser quase sub humana, implica que policiais tenham que nos ônibus, trajarem a civil, pois se identificados como policiais, especialmente o brigadiano, sofrem ataques, que de resto os marginais, criminosos, normalmente ficam impunes; quando em casa, nas distantes vilas, os familiares dos brigadianos e policiais em geral, esposa, filhos, pais, devem esconder sua situação profissional, pois se descoberto brigadiano ele e/ou sua família, sofrerão duras consequência.

Quando sua esposa lava sua honrada, histórica e tradicional farda, deve seca-la atras de um velho refrigerador ou mesmo frente a um velho fogão a lenha, pois muitas vezes esse profissional tão exigido pela sociedade, nem dinheiro para comprar gás, possui.

Vejam então: a pressão do serviço; o desgaste do retrabalho, prendendo uma, duas, dezenas de vezes o mesmo marginal e a lei e/ou a justiça, reiteradamente o soltando; não raro, marginal traficante, filho de família abastada o acusa durante a ação, por exemplo, de furtar seu celular e esse policial é humilhado numa delegacia, frente a Imprensa, como ocorrido recentemente, a retirar toda sua farda e roupas íntimas.

O cidadão, normalmente só se lembra do brigadiano em serviço, quando apremio, necessita dos serviços dele, do seu socorro, proteção e auxílio; caso contrário, não lhe acena educadamente ao passar por ele; se parado numa barreira, antes de ser-lhe pedido algum documento se enche de razão: "sabe com quem está falando?"; não lhe demonstra amizade, respeito humano, nada.

Já no enfrentamento com bandidos que pululam em todo lugar público, quer na troca de tiros em condições de inferioridade em armamento, correndo risco de vida, sendo não raramente ferido, e vendo colegas serem mortos.

Ao ir para sua casa, vai se esgueirando para não ser visto, reconhecido por marginais, e não bastasse isso, ainda vai ter que conviver com as ameaças do Governo, que é quem deveria protegê-lo.

Pois bem, como dito acima, polícias que tem o governo e a sociedade como aliados, o que não é o caso da Brigada, neste momento histórico, tem seus gabinetes psicológicos e psiquiátricos para atenderem seus policias e suas famílias. E nossos policiais? bem nossos policiais tem o terrorismo do Estado, capitaneado pelo nosso Executivo.

Ressalto, que pelo menos esse terrorismo governamental, resultou num fato positivo; o fato das Associações: dos Oficias da Brigada militar e a dos Delegados de Polícia Gaúcha, terem se aproximado mais, para fazerem frente as "maldades de nosso Executivo estadual".

As duas Associações, representando o universo de seus associados estão unidas. Nunca estiveram tão próximas, embora nunca tenham estado separadas; cito isso, já que tantos, (pessoas bem situadas em alguns poderes e no setor da imprensa mais vinculado ao Forum de SP), forçam vê-las separadas.

Relembro, que quando o então candidato ao Governo, José Ivo Sartori, foi até a Associação dos Policiais Militares, eu estava presente, ele assumia o compromisso conosco, de efetivamente tratar a segurança pública como prioridade, em efetivo, meios, tratamento, inclusive se comprometendo a manter a necessária recomposição salarial, aprovada na Assembleia Legislativa, ha mais de um ano passado, aprovado pela grande maioria, inclusive pelo seu partido.

Assim, o que se espera, é que o Governo deixe de ameaças e comece de fato a governar e como uma de suas primeiras iniciativas, embora já tardia, seja a de valorizar a segurança pública, (e deve estar ciente de que o povo está cheio de falsas estatísticas, como a que dá a melhora dos índices de insegurança, quando quase não ha segurança pública em nosso estado; aliás, estatísticas trabalhadas, ele bem deve saber, pois sofreu na carne quando candidato).

Assim, a população sabe e sente a cada dia a insegurança aumentando e que saibam os governantes, estaremos, embora sem termos a poderosa máquina de imprensa e comunicação que o estado tem, alertando a cada cidadão, quer seja pelas redes sociais, pela informação boca a boca e até por sinal de fumaça, se necessário for, o quão nociva são as medidas até aqui tomadas pelo Governo, como as ameaças de atrasos não pagamentos, da PL 206, no que tange ao artigo 6º, paragrafo 3º e outros dispositivos desse mesmo Projeto de Lei.

Estaremos alertas, unidos e sempre prontos para o bom combate.

Sr Governador, o rei forte faz forte a fraca gente; já o Rei fraco, faz fraca a forte gente. Por favor, não tente mudar a história de honra, de glória e de excelentes serviços prestados pela Brigada Militar ao ESTADO do Rio Grande do Sul. A história não perdoa e a Força Gaúcha.

A Brigada Militar, é maior que todos nós.

Até onde nossas forças aguentarem, não permitiremos que esse Governo faça fraca, a forte gente brigadiana.


Marcos Paulo Beck Coronel RR da BM
Pres Conselho Deliberativo da Asof

domingo, 14 de junho de 2015

POLICIAIS BALEADOS EM FAVELAS COM UPP CHEGA A 200

VEJA ONLINE,  14/06/2015 às 10:53


Número de policiais baleados em favelas com UPP chega a 200. Desde 2008, 21 foram mortos e 2015 já tem a pior média desde a criação do projeto

Por: Leslie Leitão, do Rio de Janeiro



Policiais fazem a segurança durante o primeiro dia da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) no Morro dos Macacos, Rio de Janeiro(Felipe Dana/AP/VEJA)

Quando o projeto das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) foi lançado, em dezembro de 2008, o governo apostou todas as suas fichas nele. A ocupação de territórios tentada outras vezes em programas quase idênticos, desta vez, tinha mais investimento financeiro (até hoje foram contratados mais de 10 000 soldados) e, principalmente, de marketing. O efeito positivo inicial dessa retomada de favelas antes intransponíveis é inegável, mas a expansão com fins eleitoreiros das UPPs nos últimos anos fizeram o projeto naufragar mais rápido do que os mais pessimistas imaginavam. Um número assustador para comprovar isso foi atingido na semana passada, precisamente no dia 8, quando um soldado da UPP São Carlos, no Estácio, tornou-se o 200º policial militar baleado nessas regiões que a secretaria de segurança pública insiste em chamar de pacificadas.

Um levantamento feito pelo site de VEJA - com base em dados obtidos em batalhões, delegacias e hospitais - indica que, desde a inauguração da primeira UPP, em dezembro de 2008, 179 policiais ficaram feridos e outros 21 acabaram morrendo. A PM se recusa a passar informações oficiais sobre esta estatística, que pode ser ainda maior.

Dois dias após o confronto que fez a marca de baleados chegar ao número de 200, o secretário de segurança, José Mariano Beltrame, deu uma entrevista à Globonews e afirmou que o Estado não está perdendo o controle dessas 38 regiões onde UPPs foram instaladas. Uma análise desses policiais baleados ano a ano, porém, desmentem o discurso político do homem que comanda a pasta há oito anos e meio. Para se ter uma ideia, até o final de 2012, quando o programa completou quatro anos, as estatísticas cravavam cinco mortos e 15 feridos.

A partir do início de 2013 a situação degringolou e os números de confrontos armados e, consequentemente, de policiais atingidos foram aumentando gradativamente. Nesses últimos 30 meses houve16 mortos e 164 feridos, registrando uma assustadora média de seis baleados por mês.

O problema se agrava com o fato de que esta média vem piorando. Ano passado, o pior registrado desde o início das UPPs, teve 87 feridos e oito mortos. Se 2015 seguir o ritmo deste primeiro semestre, a tragédia se anuncia ainda pior: foram 58 baleados (quase dez por mês), sendo que cinco deles acabaram morrendo.

Os 200 policiais baleados ano a ano

2008 Nenhum

2009 Nenhum

2010 1 ferido

2011 5 feridos

2012 9 feridos e 5 mortos

2013 24 feridos e 3 mortos

2014 87 feridos e 8 mortos

2015 53 feridos e 5 mortos

TOTAL ​179 feridos e 21 mortos

APERFEIÇOAR AS RELAÇÕES ENTRE A POLÍCIA E OS CIDADÃOS É UM DESAFIO

ZERO HORA 13/06/2015 - 15h04min

Desde a nova ordem constitucional pós-ditadura, é possível citar dezenas de casos de violência e abusos praticados por policiais

Por: Rodrigo Ghiringhelli de Azevedo*


Pelotão BOE, da Brigada Militar, com novos equipamentos Foto: Ronaldo Bernardi / Agencia RBS



Os eventos que denotam a persistente incompatibilidade das nossas estruturas policiais para atuar em democracia parecem não ter fim. Desde que ingressamos em uma nova ordem constitucional pós-ditadura, é possível citar, de memória, dezenas de casos de violência e abusos praticados por policiais. A polêmica em torno da mensagem encaminhada por um Tenente-Coronel da Brigada Militar (que, diante de demanda de proteção policial contra assaltantes, encaminhada por jornalistas que cobriam um movimento de ocupação cidadã do espaço público no Parque da Redenção, sugeriu que chamassem o Batman, já que naquela hora “cidadãos de bem” não deveriam estar naquele local, e os que lá estavam “não gostavam da polícia”), traz novos contornos e possibilidades interpretativas para a compreensão de uma mentalidade policial que se constitui em uma barreira para a efetivação do direito à segurança pública.

Uma polícia capacitada e valorizada é elemento chave para a prevenção ao delito e a melhoria da sensação de segurança da população. Estabelecendo vínculos de confiança com a comunidade, coletando provas para o esclarecimento de crimes e a responsabilização de seus autores, administrando conflitos de proximidade e reprimindo facções armadas que dominam territórios, a polícia tem sido protagonista em países que tiveram sucesso na redução da violência. Na base dessas experiências, o reconhecimento da necessidade de reformas para aumentar o controle e a transparência da atividade policial.

No Brasil, experiências deste tipo têm sido vivenciadas desde meados dos anos 90, como os Grupamentos de Policiamento em Áreas Especiais, liderados pelo Tenente-Coronel Antônio Carlos Carballo Blanco, da PM carioca, e os diversos projetos de policiamento comunitário. Também no Rio Grande do Sul tivemos tentativas importantes de modernização das relações da polícia com a sociedade, como a aproximação com a Universidade promovida pelo secretário José Eichemberg, ou os cursos de formação integrada promovidos pelo secretário José Paulo Bisol. Buscava-se a sensibilização dos policiais para as demandas específicas por segurança e garantia de direitos de grupos sociais vulneráveis, como a comunidade LGBT, jovens negros e moradores de periferia, mulheres vítimas de violência e trabalhadores sexuais.

Apesar do esforço e do voluntarismo de alguns, as experiências inovadoras esbarram em uma cultura policial voltada ao combate e à supressão do “inimigo”. Fruto de um longo histórico institucional, que tem na sua origem a constituição de forças policiais em uma sociedade colonial e escravocrata, o caráter autoritário e violento das relações entre a polícia e determinados grupos sociais no Brasil foi reforçado, ao longo do período republicano, pela utilização da polícia como instrumento de governo para a repressão da dissidência política, durante o Estado Novo e a ditadura instaurada em 64.

Depois de quase três décadas de construção democrática, o resultado é que temos, de um lado, uma sociedade mais complexa e diversificada, em que diferentes grupos e movimentos buscam direitos e reconhecimento, pretendendo ingressar em um espaço de cidadania que historicamente é acessível apenas aos detentores de privilégios. De outro lado, instituições policiais que ainda mantém uma estrutura arcaica, derivada da combinação de um modelo burocrático-cartorário com o militarismo no combate ao inimigo.

Não surpreende, portanto, que diante da falta de planejamento e de políticas consistentes de prevenção ao delito e redução da violência, da carência de estrutura, de valorização profissional e de efetivo, e pressionada por uma opinião pública cada vez menos tolerante com a insegurança pública, alguns policiais reajam explicitando uma mentalidade que simplifica a complexa realidade e separa a clientela em “cidadãos de bem” e “vagabundos”. Os primeiros, mais idealizados do que reais, merecem a atenção e o respeito dos agentes do Estado, embora devam mais obediência do que sejam merecedores de um efetivo serviço público. Aos segundos, o tratamento é o que ao longo da história a polícia brasileira foi orientada a oferecer aos subcidadãos: permanente desconfiança, abuso de autoridade, práticas violentas de obtenção de “confissões” e sujeição pela criminalização ou a sua ameaça.

Ultrapassar este cenário um tanto desolador nas relações entre as polícias e a cidadania no Brasil tem sido o desafio colocado para governantes e gestores da segurança desde a redemocratização. Passar a limpo um passado de arbítrio e discriminação, e compreender que a melhor forma de lidar com a diferença e a complexidade social é a incorporação de todos aos direitos de cidadania, talvez seja a lição que ainda mereça ser repetida nas academias de polícia. Sob pena de continuarmos sendo reprovados no mais elementar quesito da vida coletiva em democracia: o respeito ao outro e à diferença. Não queremos o Batman, mas uma polícia cidadã.


* Sociólogo, coordenador do PPG em Ciências Sociais da PUCRS e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública


COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - O professor Rodrigo está certo em dizer que queremos uma "polícia cidadã", e isto a polícia já é, pois exerce uma função de defesa de todo cidadão, da sociedade, das instituições, do Estado constituído,  dos direitos, da justiça e das leis quando os limites destas são ultrapassados. Ocorre que não podemos esquecer e nem misturar os tipos de policiamento executados pela polícia ostensiva, entre eles o policiamento comunitário (aproximado do cidadão e da população), o geral (patrulhamento e pronta resposta), o de contenção (forças de elite preparadas para o enfrentamento do crime) e os de controle de distúrbio (contingente especializado em conflitos de massa para evitar brigas generalizadas, vandalismo, atentados contra pessoas e prédios, etc.).

E para exercer com eficiência estes tipos , variáveis e circunstâncias para atender os princípios e características do policiamento ostensivo, a Brigada Militar precisa de policiais bem selecionados, bem formados, capacitados, treinados e especializados em cada tipo de policiamento, além de serem valorizados, bem pagos e reconhecidos na função social e essencial à judicial que exercem.

O sentimento de abandono, de insegurança e de ausência policial é outra coisa e tem origem na gestão política da segurança pública que desvia as forças policiais da função técnica e essencial à justiça; na falta de sistema que não estabelece comprometimento e objetivos; nas leis permissivas que devolvem os criminosos para as ruas; na execução penal desumana e sem apuração de responsabilidade; na justiça assistemática, leniente, morosa e cartorária que não se sente responsável pela segurança pública. entre outros fatores sociais, políticos e judiciais.

Que se desvinculem as polícias da gestão partidária que é um resquício totalitário; que reconheçam o valor dos policiais, a condição técnica e a função essencial à justiça; e que garantam autonomia e independência a elas com a aproximação do controlador externo. O Brasil é uma República Federativa e constitui-se num Estado Democrático de Direito, portando execute-se e aplique-se seus princípios, fundamentos, objetivos e direitos.

Aliás. De nada adianta uma "polícia cidadã", se as leis, a justiça e a execução penal não são pela segurança dos cidadãos.


A PROPÓSITO:
O policiamento comunitário é apenas um tipo de policiamento ostensivo (o de proximidade) que busca nas relações interpessoais atingir seu objetivo de prevenir crimes. A polícia sempre deve ser cidadã, voltada ao cumprimento e respeito às leis, à defesa das instituições democráticas e à defesa da vida, do patrimônio e do bem estar dos cidadãos e comunidades). A polícia de segurança, partidarizada, violenta, truculenta, sem controle externo, desviada da finalidade pública e sob gestão política é caminho para os modelos totalitários fascista, nazista e comunista.


sexta-feira, 12 de junho de 2015

POLICIAIS MILITARES REFORÇAM ATITUDE DE OFICIAL

ZERO HORA 12 de junho de 2015 | N° 18191


KYANE VIVES


PMs reforçam atitude de oficial. TENENTE-CORONEL DISSE a jornalistas para que chamassem o Batman após denúncia de crimes



Uma nota de apoio ao tenente-coronel Francisco Lannes Vieira está ganhando repercussão nas redes sociais. Até a noite de ontem, a publicação, feita no Facebook por uma servidora da Brigada Militar, havia recebido 588 curtidas, 1.358 compartilhamentos e 81 comentários.

O comandante do 9º BPM deu uma declaração polêmica na noite do último sábado, após receber denúncia de que estariam ocorrendo assaltos no Parque da Redenção durante a Serenata Iluminada. Em um grupo do WhatsApp, ele respondeu a jornalistas que “quem frequenta esse tipo de evento não quer BM perto. Agora aguentem! Que chamem o Batman! Ou o Super-homem”.

Na nota, acompanhada de uma foto do comandante (reproduzida acima), o público é convocado a fazer uma campanha de apoio ao oficial Vieira.

Presidente da Associação dos Sargentos, Subtenentes e Tenentes da Brigada Militar e dos Bombeiros do Rio Grande do Sul, Aparício Santelano diz que apoia a campanha no sentido “de que o oficial não seja punido”.

– Há um desestímulo para a nossa profissão, o que deixa os servidores insatisfeitos. Ele (Vieira) não fez isso por maldade. Nós apoiamos que ele não seja punido. Não é uma punição que vai resolver o problema da segurança pública. Temos coisas mais importantes na segurança para nos preocupar. Acho que nós temos de esquecer isso aí – declarou Santelano.

Leonel Lucas Lima, presidente da Abamf – associação de cabos e soldados –, também é a favor da campanha e diz que a declaração do oficial é “o que todos os servidores gostariam de falar”.

– A Brigada Militar é médica, psicóloga, parteira, mas não tem reconhecimento. Nós temos de ser onipresentes, mas ninguém pergunta quais são nossas condições. O oficial errou de personagem. Hoje, deveria ser o Homem de Ferro – afirmou Lima.

No domingo, o comandante do policiamento da Capital, Mário Ikeda, disse que a mensagem não foi uma resposta oficial da Brigada. Os organizadores da Serenata Iluminada garantiram ter comunicado a polícia sobre o evento.


A MENSAGEM QUE REPERCUTIU

Imagem ganhou as redes sociais com mais de 1,3 mil de compartilhamentos

quinta-feira, 11 de junho de 2015

BATMAN, BOZO OU A BRIGADA MILITAR?





ZERO HORA 11 de junho de 2015 | N° 18190


POR MAURICIO TONETTO*


O comentário do comandante do 9º BPM de Porto Alegre, tenente-coronel Francisco Vieira, que recomendou à população chamar o Batman para fazer o policiamento da Serenata Iluminada – evento que ocorreu no Parque da Redenção e discute a ocupação de locais públicos –, me fez lembrar de Bozo. Rodeado por violência e impunidade, e com meu direito de ir e vir limitado pela insegurança, é assim que eu me sinto ao ouvir esse tipo de resposta de um oficial graduado da Brigada Militar: um palhaço.

Por mais que Vieira argumente que os frequentadores da Serenata Iluminada não desejam a presença policial e que o comentário foi feito em um grupo fechado no WhatsApp, não é possível que um comandante, preparado para liderar num dos locais mais importantes da Capital, utilize o deboche para tratar de um assunto tão sério. Dois jornalistas haviam denunciado para ele, em tempo real, que assaltantes estavam atacando algumas pessoas que participavam da Serenata em pontos escuros do parque.

A reação de Vieira foi a seguinte: “Quem frequenta esse tipo de evento não quer BM perto. Agora aguentem! Que chamem o Batman! Gente do bem tá em casa agora”. Segundo Vieira, o único canal existente para denúncias é o 190, a BM tem sido hostilizada na Redenção e o evento não tinha permissão. Então, que chamem o Batman!

Se estivéssemos em uma cidade onde a polícia garantisse a segurança em qualquer local, a qualquer hora do dia, eu até iria pensar bem antes de criticar essa postura. Mas a segurança em Porto Alegre é muito limitada e eu pago caro para viver e ainda ter de ouvir que devo recorrer ao Batman para curtir em paz uma simples ida à Redenção. A BM tem carência de efetivo, é mal-paga e corre riscos demasiados? Pode ser, mas ela existe para proteger a população e se fazer presente, independentemente dos problemas. Porém, o que tenho visto é uma corporação focada em reprimir manifestações legítimas de professores, estudantes e trabalhadores. E quem não concordar, que chame o Batman. Assim, não há herói que salve uma cidade inteira tratada como espectadores do Bozo.


*Jornalista de Zero Hora


COMENTÁRIO DO BENGOCHEA -  Realmente, a "BM tem carência de efetivo, é mal-paga e corre riscos demasiados" e que "ela existe para proteger a população e se fazer presente, independentemente dos problemas", mas o jornalista se equivoca quando diz que vê "uma corporação focada em reprimir manifestações legítimas de professores, estudantes e trabalhadores, pois a realidade nos mostra as ações diárias da BM contra o crime, com prisões de muitos delinquentes, em que brigadianos em serviço e de folga arriscam a vida em defesa de terceiros no enfrentamento de bandidos que portam armas de guerra, que são soltos pela justiça, que fogem facilmente e que ficam impunes favorecidos pela permissividade das leis, leniência da justiça e execução penal falha e sem apuração de responsabilidade.

terça-feira, 9 de junho de 2015

A BRIGADA E O BATMAN



ZERO HORA 09 de junho de 2015 | N° 18188


EDITORIAIS




A resposta debochada do comandante do 9º BPM aos jornalistas que o informaram sobre assaltos no Parque Farroupilha, durante evento realizado na noite de sábado, revela falta de sensibilidade do oficial em relação à segurança dos cidadãos. Não cabe a um soldado julgar se os participantes de determinada festa querem a BM por perto ou mesmo se são gente de bem. Ao sugerir que as vítimas chamassem o Batman ou o Super-Homem, o tenente-coronel fez uma brincadeira infeliz como tantas que circulam diariamente nas redes sociais. Mais grave do que a gafe, porém, é o descaso com a proteção das pessoas. Pela omissão e não apenas pela brincadeira é que o oficial deve ser responsabilizado.

O episódio também deixa outros ensinamentos que não devem ser negligenciados, entre os quais a atualização do sistema de denúncias e pedidos de socorro. Por que só o 190? Se a Brigada Militar pode ser acessada por outros canais de comunicação, não há razão para burocratizar o contato com o cidadão. Chegue por onde chegar, um pedido de socorro deve ser atendido com a agilidade que a situação exigir. Certamente a autoridade deve se precaver em relação a trotes, mas esse tipo de distorção também ocorre pelo 190.

Então, que o rumoroso caso sirva para a Brigada Militar aperfeiçoar seu sistema de atendimento ao público, a começar por uma advertência formal ao autor da brincadeira sem graça para que tal fato não se repita.

QUE CHAMEM O BATMAN

ZERO HORA 0 07/06/2015 - 20h33min

PM ironiza pedido de segurança na Redenção: "Que chamem o Batman". Tenente-coronel respondeu a denúncia de jornalista de que grupos estavam promovendo assaltos no parque na noite de sábado

Por: Mauricio Tonetto



Foto: Reprodução / Facebook

Um oficial da Brigada Militar, identificado como tenente-coronel Francisco Vieira, comandante do 9º BPM, deu uma declaração polêmica na noite do último sábado, após receber denúncia de que estariam ocorrendo assaltos no Parque da Redenção durante a Serenata Iluminada.

Em um grupo do WhatsApp, ele respondeu aos jornalistas Fernanda Pugliero, do Correio do Povo, e Eduardo Paganella, da Rádio Guaíba, que "quem frequenta esse tipo de evento não quer BM perto. Agora aguentem! Que chamem o Batman! Ou o super-homem".


Os jornalistas relataram que havia somente um carro da Brigada Militar para fazer o policiamento de toda região e que assaltantes estavam aproveitando para atacar as pessoas em locais mais escuros do parque. O evento cultural ocorre periodicamente para discutir a ocupação de locais públicos e tinha 22 mil participantes confirmados no Facebook na edição de sábado.


O tenente-coronel Vieira também afirmou que a serenata não tinha permissão para ocorrer e que os presentes não queriam a presença dos policiais na Redenção: "Gente do bem está em casa agora!" (...) Então que saiam dali. Eu não aconselho a ficar ali. Até porque se eu mandar uma viatura lá, com dois PMs, serão hostilizados".

Uma hora e meia depois das respostas irônicas, o comandante do 9º BPM disse que a conversa foi informal e que a BM nunca se negou a atender qualquer ocorrência: "Prezados, espero que entendam o que quis dizer em uma conversa informal antes. A BM nunca se negou e nunca se negará a atender qualquer ocorrência. Somente que deve ser usado o canal formal: 190".


Procurado por Zero Hora, ele reforçou o que havia postado no grupo, disse que fez uma analogia e que os jornalistas "denegriram a imagem e postura da BM".

– Esse tipo de reunião (Serenata Iluminada) não procura a Brigada porque não quer a presença dela. Nos hostiliza, nos afronta. Então, para não dar problema grave, opto por deixá-los à vontade. Fiz uma analogia e os jornalistas levaram para o lado pessoal, denegrindo a imagem e postura da BM – argumentou o comandante. No domingo, o comandante do policiamento da Capital, Mário Ikeda, disse que a mensagem não foi uma resposta oficial da Brigada. E os organizadores da Serenata Iluminada garantiram ter comunicado a polícia do evento.

 
Entrevista - "Não foi uma resposta oficial da Instituição", diz tenente-coronel Mário Ikeda, comandante do policiamento da Capital

Mensagem de WhatsApp do oficial da Brigada sugeriu "procurar o Batman" diante de um alerta sobre risco de assaltos num evento notuno no parque da Redenção, em Porto Alegre

Por: Cadu Caldas



Mensagem de whatsApp do oficial da Brigada sugeriu "procurar o Batman" diante de um alerta sobre risco de assaltos num evento notuno no parque da Redenção, em Porto Alegre Foto: Reprodução / Facebook


A Brigada Militar ainda não sabe dizer se o oficial que mandou jornalistas procurarem o Batman diante de um alerta sobre risco de assaltos num evento noturno no parque da Redenção será punido. Responsável pelo policiamento da Capital, tenente-coronel, Mário Ikeda, entede que a resposta foi inapropriada, mas ressalta que WhatsApp não é um canal oficial da instituição e que a população deve acionar o número 190 para ocorrências.

Tenente-coronel, em qual batalhão serve o Batman?
Ah, amigo, não vou lhe responder esta pergunta.

Qual a orientação que é dada em caso de denúncias por WhatsApp?
A Brigada Militar deve ser acionada através do número 190. Esse é o número nacionalmente divulgado. Não que não possa ser feito alguma denúncia pelo WhatsApp, mas é a regra é o 190. Grupos de WhatsApp são feitos para as pessoas em que existe alguma relação próxima. Não é um canal oficial de relacionamento da instituição.

Então, a Brigada não deve aceitar denúncias pelo WhatsApp?
A BM não tem um canal de WhatsApp para receber ocorrências policiais. Não existe este canal oficial.


Mas é um canal de comunicação de qualquer maneira.
Mas não para a população em geral contatar a instituição. Respondemos mensagem por WhatsApp para quem mantemos uma relação. Foi dada uma divulgação exagerada sobre o fato. Acho que foi uma resposta equivocada mesmo não sendo um canal formal. Ele respondeu assim porque conhecia as pessoas. Mas que foi equivocado foi.

A resposta só foi em tom de brincadeira por que havia uma relação entre os interlocutores?
Certamente. Não foi uma resposta oficial da Instituição.

Haverá alguma mudança na orientação para responder mensagens por WhatsApp?
Este canal é uma postura de cada unidade que busca ter com um grupo de moradores ou jornalistas, por exemplo. Não é algo que a instituição regre.

Haverá alguma punição por conduta como essa?
Ainda vamos avaliar, amigo.

Há uma previsão para o pronunciamento oficial da BM sobre o caso?
Vamos avaliar a partir de segunda-feira e não temos prazo.Leia últimas notícias em Zero Hora

O Comando de Policiamento da Capital (CPC) enviou uma nota oficial no final da tarde deste domingo. Leia a íntegra:

Nota de esclarecimento do Comando de Policiamento da Capital (CPC)

As declarações do comandante do 9º Batalhão de Polícia Militar, tenente-coronel Vieira, foram feitas em ambiente virtual informal, que não constitui canal oficial de comunicação de ocorrências da Brigada Militar. Portanto não expressaram uma resposta Institucional. Ressaltamos ainda, que o 9º BPM sempre cumpriu com seus deveres de polícia ostensiva no sua área de atuação (Centro de Porto Alegre), procurando atuar preventivamente, como força de dissuasão, em locais ou áreas específicas, onde se presuma ser possível a perturbação da ordem pública.









CHAMAR O BATMAN É O MENOR DOS PROBLEMAS

ZERO HORA 08/06/2015 - 15h36min


"A respostinha malcriada do tenente-coronel é o menor dos problemas". Francisco Vieira, do 9º Batalhão da Polícia Militar, ironizou relato de assaltos na Redenção: "Que chamem o Batman"

Por: Caue Fonseca, especial*




Serenata Iluminada propõe ocupação da Redenção à noite, como aconteceu diversas vezes, entre elas em abril (na foto) e no último sábado Foto: Félix Zucco / Agencia RBS


Esta comparação não poderia vir em melhor hora.

Observem a declaração do Victor R. R. Mendes na matéria publicada no Caderno Proa ZH de domingo, sobre a teimosia dos porto-alegrenses de retomar as ruas e os parques da própria cidade:

– Uma coisa que aprendi é que, se você não tomar a rua, tomam ela de você. É claro que não vai ter segurança: por que a polícia vai passar ali se está todo mundo com medo trancado em casa? Ocupar a rua é também uma forma de tirar o poder público da zona de conforto. De obrigar ele a te dar segurança.

E agora a do tenente-coronel Francisco Vieira, do 9º Batalhão da Polícia Militar, sobre os assaltos em justamente um desses eventos citados na primeira matéria:

“Quem frequenta esse tipo de evento não quer BM perto. Agora aguentem! Que chamem o Batman! Ou o Super-Homem. (…) Gente do bem está em casa agora! Então que saiam dali. Eu não aconselho a ficar ali. Até porque se eu mandar uma viatura lá, com dois PMs, serão hostilizados.”

A resposta oficial da BM é que aquela não era a resposta oficial da BM. Só que a respostinha malcriada do tenente-coronel é de longe o menor dos problemas aqui. Há uma visão de mundo que precisa ser urgentemente desentortada.


Primeiro é achar que a Brigada Militar só precisa dar segurança para quem gosta dela. Lamento, amigos. Por mais hostilizada que a BM viesse a ser, segue sendo obrigação dela dar segurança para todo mundo. Torcida organizada também odeia a BM, e a polícia faz acordo com ela todo Gre-Nal e dá até escolta pela cidade.

Outro equívoco, já na resposta oficial, é dizer que bastaria acionar o 190 ali na Redenção para ser atendido normalmente. Nem o 190 nem o Batsinal, comandante. O simples agrupamento de pessoas e a possibilidade evidente de assaltos já recomendaria uma viatura por aquelas bandas.

Por fim, sobre os participantes “não quererem a Brigada por perto”. Eu também não quereria se para ela o vagabundo criminoso é sempre eu. Se os servidores públicos fardados frequentassem esse tipo de evento para servir ao público, aposto que seriam um pouco mais queridos por ele.

E só mais um PS: no mínimo uma dupla de brigadianos nas imediações da Serenata Iluminada está sempre confirmada. Ela fica ao lado do guincho do Detran, no Balada Segura. Quando é para arrecadar dinheiro nunca falta efetivo.

*Jornalista