ZERO HORA 08/06/2015 - 15h36min
"A respostinha malcriada do tenente-coronel é o menor dos problemas". Francisco Vieira, do 9º Batalhão da Polícia Militar, ironizou relato de assaltos na Redenção: "Que chamem o Batman"
Por: Caue Fonseca, especial*
Serenata Iluminada propõe ocupação da Redenção à noite, como aconteceu diversas vezes, entre elas em abril (na foto) e no último sábado Foto: Félix Zucco / Agencia RBS
Esta comparação não poderia vir em melhor hora.
Observem a declaração do Victor R. R. Mendes na matéria publicada no Caderno Proa ZH de domingo, sobre a teimosia dos porto-alegrenses de retomar as ruas e os parques da própria cidade:
– Uma coisa que aprendi é que, se você não tomar a rua, tomam ela de você. É claro que não vai ter segurança: por que a polícia vai passar ali se está todo mundo com medo trancado em casa? Ocupar a rua é também uma forma de tirar o poder público da zona de conforto. De obrigar ele a te dar segurança.
E agora a do tenente-coronel Francisco Vieira, do 9º Batalhão da Polícia Militar, sobre os assaltos em justamente um desses eventos citados na primeira matéria:
“Quem frequenta esse tipo de evento não quer BM perto. Agora aguentem! Que chamem o Batman! Ou o Super-Homem. (…) Gente do bem está em casa agora! Então que saiam dali. Eu não aconselho a ficar ali. Até porque se eu mandar uma viatura lá, com dois PMs, serão hostilizados.”
A resposta oficial da BM é que aquela não era a resposta oficial da BM. Só que a respostinha malcriada do tenente-coronel é de longe o menor dos problemas aqui. Há uma visão de mundo que precisa ser urgentemente desentortada.
Primeiro é achar que a Brigada Militar só precisa dar segurança para quem gosta dela. Lamento, amigos. Por mais hostilizada que a BM viesse a ser, segue sendo obrigação dela dar segurança para todo mundo. Torcida organizada também odeia a BM, e a polícia faz acordo com ela todo Gre-Nal e dá até escolta pela cidade.
Outro equívoco, já na resposta oficial, é dizer que bastaria acionar o 190 ali na Redenção para ser atendido normalmente. Nem o 190 nem o Batsinal, comandante. O simples agrupamento de pessoas e a possibilidade evidente de assaltos já recomendaria uma viatura por aquelas bandas.
Por fim, sobre os participantes “não quererem a Brigada por perto”. Eu também não quereria se para ela o vagabundo criminoso é sempre eu. Se os servidores públicos fardados frequentassem esse tipo de evento para servir ao público, aposto que seriam um pouco mais queridos por ele.
E só mais um PS: no mínimo uma dupla de brigadianos nas imediações da Serenata Iluminada está sempre confirmada. Ela fica ao lado do guincho do Detran, no Balada Segura. Quando é para arrecadar dinheiro nunca falta efetivo.
*Jornalista
"A respostinha malcriada do tenente-coronel é o menor dos problemas". Francisco Vieira, do 9º Batalhão da Polícia Militar, ironizou relato de assaltos na Redenção: "Que chamem o Batman"
Por: Caue Fonseca, especial*
Serenata Iluminada propõe ocupação da Redenção à noite, como aconteceu diversas vezes, entre elas em abril (na foto) e no último sábado Foto: Félix Zucco / Agencia RBS
Esta comparação não poderia vir em melhor hora.
Observem a declaração do Victor R. R. Mendes na matéria publicada no Caderno Proa ZH de domingo, sobre a teimosia dos porto-alegrenses de retomar as ruas e os parques da própria cidade:
– Uma coisa que aprendi é que, se você não tomar a rua, tomam ela de você. É claro que não vai ter segurança: por que a polícia vai passar ali se está todo mundo com medo trancado em casa? Ocupar a rua é também uma forma de tirar o poder público da zona de conforto. De obrigar ele a te dar segurança.
E agora a do tenente-coronel Francisco Vieira, do 9º Batalhão da Polícia Militar, sobre os assaltos em justamente um desses eventos citados na primeira matéria:
“Quem frequenta esse tipo de evento não quer BM perto. Agora aguentem! Que chamem o Batman! Ou o Super-Homem. (…) Gente do bem está em casa agora! Então que saiam dali. Eu não aconselho a ficar ali. Até porque se eu mandar uma viatura lá, com dois PMs, serão hostilizados.”
A resposta oficial da BM é que aquela não era a resposta oficial da BM. Só que a respostinha malcriada do tenente-coronel é de longe o menor dos problemas aqui. Há uma visão de mundo que precisa ser urgentemente desentortada.
Primeiro é achar que a Brigada Militar só precisa dar segurança para quem gosta dela. Lamento, amigos. Por mais hostilizada que a BM viesse a ser, segue sendo obrigação dela dar segurança para todo mundo. Torcida organizada também odeia a BM, e a polícia faz acordo com ela todo Gre-Nal e dá até escolta pela cidade.
Outro equívoco, já na resposta oficial, é dizer que bastaria acionar o 190 ali na Redenção para ser atendido normalmente. Nem o 190 nem o Batsinal, comandante. O simples agrupamento de pessoas e a possibilidade evidente de assaltos já recomendaria uma viatura por aquelas bandas.
Por fim, sobre os participantes “não quererem a Brigada por perto”. Eu também não quereria se para ela o vagabundo criminoso é sempre eu. Se os servidores públicos fardados frequentassem esse tipo de evento para servir ao público, aposto que seriam um pouco mais queridos por ele.
E só mais um PS: no mínimo uma dupla de brigadianos nas imediações da Serenata Iluminada está sempre confirmada. Ela fica ao lado do guincho do Detran, no Balada Segura. Quando é para arrecadar dinheiro nunca falta efetivo.
*Jornalista
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