ZERO HORA 11 de junho de 2015 | N° 18190
POR MAURICIO TONETTO*
O comentário do comandante do 9º BPM de Porto Alegre, tenente-coronel Francisco Vieira, que recomendou à população chamar o Batman para fazer o policiamento da Serenata Iluminada – evento que ocorreu no Parque da Redenção e discute a ocupação de locais públicos –, me fez lembrar de Bozo. Rodeado por violência e impunidade, e com meu direito de ir e vir limitado pela insegurança, é assim que eu me sinto ao ouvir esse tipo de resposta de um oficial graduado da Brigada Militar: um palhaço.
Por mais que Vieira argumente que os frequentadores da Serenata Iluminada não desejam a presença policial e que o comentário foi feito em um grupo fechado no WhatsApp, não é possível que um comandante, preparado para liderar num dos locais mais importantes da Capital, utilize o deboche para tratar de um assunto tão sério. Dois jornalistas haviam denunciado para ele, em tempo real, que assaltantes estavam atacando algumas pessoas que participavam da Serenata em pontos escuros do parque.
A reação de Vieira foi a seguinte: “Quem frequenta esse tipo de evento não quer BM perto. Agora aguentem! Que chamem o Batman! Gente do bem tá em casa agora”. Segundo Vieira, o único canal existente para denúncias é o 190, a BM tem sido hostilizada na Redenção e o evento não tinha permissão. Então, que chamem o Batman!
Se estivéssemos em uma cidade onde a polícia garantisse a segurança em qualquer local, a qualquer hora do dia, eu até iria pensar bem antes de criticar essa postura. Mas a segurança em Porto Alegre é muito limitada e eu pago caro para viver e ainda ter de ouvir que devo recorrer ao Batman para curtir em paz uma simples ida à Redenção. A BM tem carência de efetivo, é mal-paga e corre riscos demasiados? Pode ser, mas ela existe para proteger a população e se fazer presente, independentemente dos problemas. Porém, o que tenho visto é uma corporação focada em reprimir manifestações legítimas de professores, estudantes e trabalhadores. E quem não concordar, que chame o Batman. Assim, não há herói que salve uma cidade inteira tratada como espectadores do Bozo.
*Jornalista de Zero Hora
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Realmente, a "BM tem carência de efetivo, é mal-paga e corre riscos demasiados" e que "ela existe para proteger a população e se fazer presente, independentemente dos problemas", mas o jornalista se equivoca quando diz que vê "uma corporação focada em reprimir manifestações legítimas de professores, estudantes e trabalhadores, pois a realidade nos mostra as ações diárias da BM contra o crime, com prisões de muitos delinquentes, em que brigadianos em serviço e de folga arriscam a vida em defesa de terceiros no enfrentamento de bandidos que portam armas de guerra, que são soltos pela justiça, que fogem facilmente e que ficam impunes favorecidos pela permissividade das leis, leniência da justiça e execução penal falha e sem apuração de responsabilidade.
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