ZERO HORA 11/03/2015 | 05h02
Policiais militares soltos são recebidos com festa no batalhão. 25º BPM fez confraternização pela liberdade de quatros brigadianos envolvidos no homicídio de Maicon Doglas de Lima, 16 anos, em fevereiro, em São Leopoldo
por Carlos Ismael Moreira
Policiais foram recepcionados com bolo no batalhão Foto: Divulgação / ComSoc 25º BPM
Os quatro policiais militares (PMs) libertados na última sexta-feira, após ficarem presos por envolvimento na morte do torcedor do Novo Hamburgo Maicon Doglas de Lima, 16 anos, em fevereiro, foram recebidos com festa no 25º Batalhão de Polícia Militar (BPM), em São Leopoldo, na segunda-feira.
Os PMs Fabiano Assmann e Moyses Stein estavam detidos desde o dia 4 do mês passado e Angela Peppe Christofari e Ulisses de Matos Quos, desde o dia 13. A libertação foi determinada na última quinta-feira pelo titular da 1ª Vara Criminal de São Leopoldo, juiz José Antônio Prates Piccoli – o mesmo que havia decretado as prisões.
No perfil da Comunicação Social do 25º BPM no Facebook, foram publicadas fotos da confraternização com os PMs soltos. “Na ocasião, o Comandante e o Capitão Felipe, saudaram os colegas, e exaltaram o sentimento de união e de apoio, que parte tanto do Comando quanto dos colegas da unidade, salientando ainda, as qualidades dos bons profissionais que todos são, e do profissionalismo que sempre demonstraram nos serviços prestados enquanto servidores do 25° BPM”, diz o texto do post com imagens que mostram uma mesa com bolo e refrigerantes.
Postagem no Facebook registrou apoio dos colegas (Reprodução/Facebook)
O major André Luiz Stein, falando em nome do comando do 25º BPM, afirmou que a libertação dos colegas foi um “alívio”:
– A gente percebe sentimento de alívio. Esse episódio repercutiu muito negativamente no moral da tropa.
Segundo o major, a recepção teve o objetivo de tranquilizar os PMs no retorno ao trabalho, mesmo em funções administrativas.
– Lamentamos a perda da família. O objetivo não foi promover nenhum tipo de afronta, muito pelo contrário. Visamos o reflexo na autoestima da tropa como um todo, que reverte diretamente em melhor prestação de serviço à comunidade – afirmou Stein.
Maicon fazia parte de uma torcida organizada do Novo Hamburgo (Reprodução)
“Não teremos mais aniversários”, diz tia
Na segunda-feira, a promotoria entrou com recurso pedindo a prisão preventiva dos quatro PMs. Inquérito policial militar da BM sobre o caso deve ser concluído até o final da semana que vem, segundo o comandante do 3º BPM de Novo Hamburgo, tenente-coronel Luiz Fernando Rodrigues.
Uma tia de Maicon, que preferiu não ser identificada, criticou a confraternização dos PMs:
– Celebrar a volta de alguém que matou um inocente é revoltante. A gente nunca mais vai poder comemorar o aniversário do Maicon, e ele tinha só 16 anos. Era uma criança cheia de sonhos, mas não vai ter a chance de realizá-los.
Leia todas as últimas notícias de Zero Hora
CONTRAPONTO: o que diz o tenente-coronel Jefferson Jacques, corregedor-geral da BM
Ressalta que o evento não é um fato usual na Brigada Militar e classificou a confraternização como “equivocada”. Afirmou ainda que a conduta não reflete o pensamento do comando da corporação, que vai analisar, sem prejulgamento, o episódio, questionando aqueles que tenham protagonizado a confraternização.
“Nós nos solidarizamos com nossos policiais em determinados casos, mas, em respeito à família desse jovem, a situação não pode ser de festa para ninguém”, afirmou.
ENTENDA O CASO
- Em 1º de fevereiro, Maicon Doglas de Lima, 16 anos, foi baleado após briga entre torcedores dispersada pela BM, em São Leopoldo. Morreu no Hospital Centenário.
- No início da investigação, em depoimento à Polícia Civil, um PM admitiu ter feito disparos com munição comum, alegando legítima defesa. Surgiu ainda a suspeita de que um dos projéteis retirados com marcas de sangue do corpo do jovem teria sido trocado por outro com traços de concreto.
- No dia 3, a Polícia Civil divulgou vídeo de câmeras do hospital mostrando que quatro PMs entraram na sala onde o rapaz foi atendido. Veja:
- No dia 4, a Justiça decretou a prisão de dois PMs – Fabiano Francisco Assmann e Moyses Augusto Ribeiro Stein. No dia 13, outros dois foram presos: Angela Peppe Christofari e Ulisses de Matos Quos.
- No dia 26, a Polícia encerrou o inquérito indiciando nove brigadianos. Também foi pedida conversão da prisão temporária dos quatro PMs detidos em preventiva.
- Na quinta-feira, o pedido foi negado, e os quatro PMs foram soltos.
- Na segunda-feira, eles foram recepcionados em confraternização no 25º BPM. No mesmo dia, o MP entrou com recurso pedindo a prisão preventiva dos PMs.
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - LAMENTÁVEL E INOPORTUNO. Quando uma vida é perdida, ainda mais em ação policial, deve ser lamentada de forma solidária e os erros apurados com firmeza e transparência para apontar ou descartar responsabilidades. A união da tropa deve se exaltada na legalidade e na moralidade, nunca na suspeita.
Policiais militares soltos são recebidos com festa no batalhão. 25º BPM fez confraternização pela liberdade de quatros brigadianos envolvidos no homicídio de Maicon Doglas de Lima, 16 anos, em fevereiro, em São Leopoldo
por Carlos Ismael Moreira
Policiais foram recepcionados com bolo no batalhão Foto: Divulgação / ComSoc 25º BPM
Os quatro policiais militares (PMs) libertados na última sexta-feira, após ficarem presos por envolvimento na morte do torcedor do Novo Hamburgo Maicon Doglas de Lima, 16 anos, em fevereiro, foram recebidos com festa no 25º Batalhão de Polícia Militar (BPM), em São Leopoldo, na segunda-feira.
Os PMs Fabiano Assmann e Moyses Stein estavam detidos desde o dia 4 do mês passado e Angela Peppe Christofari e Ulisses de Matos Quos, desde o dia 13. A libertação foi determinada na última quinta-feira pelo titular da 1ª Vara Criminal de São Leopoldo, juiz José Antônio Prates Piccoli – o mesmo que havia decretado as prisões.
No perfil da Comunicação Social do 25º BPM no Facebook, foram publicadas fotos da confraternização com os PMs soltos. “Na ocasião, o Comandante e o Capitão Felipe, saudaram os colegas, e exaltaram o sentimento de união e de apoio, que parte tanto do Comando quanto dos colegas da unidade, salientando ainda, as qualidades dos bons profissionais que todos são, e do profissionalismo que sempre demonstraram nos serviços prestados enquanto servidores do 25° BPM”, diz o texto do post com imagens que mostram uma mesa com bolo e refrigerantes.
Postagem no Facebook registrou apoio dos colegas (Reprodução/Facebook)
O major André Luiz Stein, falando em nome do comando do 25º BPM, afirmou que a libertação dos colegas foi um “alívio”:
– A gente percebe sentimento de alívio. Esse episódio repercutiu muito negativamente no moral da tropa.
Segundo o major, a recepção teve o objetivo de tranquilizar os PMs no retorno ao trabalho, mesmo em funções administrativas.
– Lamentamos a perda da família. O objetivo não foi promover nenhum tipo de afronta, muito pelo contrário. Visamos o reflexo na autoestima da tropa como um todo, que reverte diretamente em melhor prestação de serviço à comunidade – afirmou Stein.
Maicon fazia parte de uma torcida organizada do Novo Hamburgo (Reprodução)
“Não teremos mais aniversários”, diz tia
Na segunda-feira, a promotoria entrou com recurso pedindo a prisão preventiva dos quatro PMs. Inquérito policial militar da BM sobre o caso deve ser concluído até o final da semana que vem, segundo o comandante do 3º BPM de Novo Hamburgo, tenente-coronel Luiz Fernando Rodrigues.
Uma tia de Maicon, que preferiu não ser identificada, criticou a confraternização dos PMs:
– Celebrar a volta de alguém que matou um inocente é revoltante. A gente nunca mais vai poder comemorar o aniversário do Maicon, e ele tinha só 16 anos. Era uma criança cheia de sonhos, mas não vai ter a chance de realizá-los.
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CONTRAPONTO: o que diz o tenente-coronel Jefferson Jacques, corregedor-geral da BM
Ressalta que o evento não é um fato usual na Brigada Militar e classificou a confraternização como “equivocada”. Afirmou ainda que a conduta não reflete o pensamento do comando da corporação, que vai analisar, sem prejulgamento, o episódio, questionando aqueles que tenham protagonizado a confraternização.
“Nós nos solidarizamos com nossos policiais em determinados casos, mas, em respeito à família desse jovem, a situação não pode ser de festa para ninguém”, afirmou.
ENTENDA O CASO
- Em 1º de fevereiro, Maicon Doglas de Lima, 16 anos, foi baleado após briga entre torcedores dispersada pela BM, em São Leopoldo. Morreu no Hospital Centenário.
- No início da investigação, em depoimento à Polícia Civil, um PM admitiu ter feito disparos com munição comum, alegando legítima defesa. Surgiu ainda a suspeita de que um dos projéteis retirados com marcas de sangue do corpo do jovem teria sido trocado por outro com traços de concreto.
- No dia 3, a Polícia Civil divulgou vídeo de câmeras do hospital mostrando que quatro PMs entraram na sala onde o rapaz foi atendido. Veja:
- No dia 4, a Justiça decretou a prisão de dois PMs – Fabiano Francisco Assmann e Moyses Augusto Ribeiro Stein. No dia 13, outros dois foram presos: Angela Peppe Christofari e Ulisses de Matos Quos.
- No dia 26, a Polícia encerrou o inquérito indiciando nove brigadianos. Também foi pedida conversão da prisão temporária dos quatro PMs detidos em preventiva.
- Na quinta-feira, o pedido foi negado, e os quatro PMs foram soltos.
- Na segunda-feira, eles foram recepcionados em confraternização no 25º BPM. No mesmo dia, o MP entrou com recurso pedindo a prisão preventiva dos PMs.
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - LAMENTÁVEL E INOPORTUNO. Quando uma vida é perdida, ainda mais em ação policial, deve ser lamentada de forma solidária e os erros apurados com firmeza e transparência para apontar ou descartar responsabilidades. A união da tropa deve se exaltada na legalidade e na moralidade, nunca na suspeita.
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