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terça-feira, 30 de novembro de 2010

ABUSOS NA GUERRA DO RIO - Moradores denunciam policiais que fizerem varredura nas casas


Chefe da Civil admite denúncias de abuso de força policial em casas no Alemão - O Dia, 30/11/2010

Rio - O chefe de Polícia Civil, delegado Allan Turnowski, admitiu nesta terça-feira que existem denúncias de abusos por parte de agentes e policiais militares feitas durante operações para verificar a presença de drogas, armas e bandidos em residência do Conjunto de Favelas do Alemão.

"Temos denúncias de abusos sim, mas estamos investigando. Todos os maus policiais flagrados serão colocados na rua. Lutamos muito para ter esse apoio popular para que um mau policial estrague todo um trabalho. Esperamos que as corregedorias sejam energéticas nesse sentido", disse Allan Turnowski, em entrevista à Rádio CBN.


Agentes de prontidão em um dos acessos às favelas do Complexo do Alemão: chefe da Civil admite que maus policiais estão sendo investigados | Foto: Severino Silva / Agêbncia O Dia

O chefe de Polícia Civil afirmou também que toda a droga encontrada no Alemão será incinerada nos fornos da CSN, em Volta Redonda, Sul Fluminense, nesta quarta-feira. Allan Turnowski garantiu que não haverá desvio de material entorpecente e nem armas.

"Sempre que há uma apreensão são feitos documentos e, depois disso, não há como desviar nada. Quando existe desvio, isso é feito antes. Para evitar problemas, as polícias civil e militar colocaram representantes de altos cargos para fiscalizar a operação", afirmou.

Prioridade é a retomada de territórios, não a prisão de líderes do tráfico

As operações da Polícia Civil continuam, mas segundo Turnowski o foco é reconquuistar territórios dos complexos da Penha e do Alemão e não a prisão de líderes do tráfico de drogas em comunidades destes conjuntos. "Nosso foco é na retomada do Alemão e do Complexo da Penha e não a prisão de líderes de facções ou do comércio de drogas. Os líderes não vão para a rua para roubar, mas sim o segundo e o terceiro escalões de bandidos. Os chefes vão ser presos, não tenha dúvida, mas o que importa são os territórios", afirmou.

Turnowski afirmou também que a invasão dos complexos da Penha e do Alemão foi antecipada em decorrência da descoberta de que ordens para os ataques incendiários haviam partido de bandidos do Alemão. Mas as operações não aconteceram da noite para o dia. "Quando os ataques começaram no Rio, descobrimos que as ordens partiam do Alemão. Então não adiantava correr através deles (criminosos) por toda a cidade", completou.

Ataques começaram no domingo ao meio-dia

A onda de ataques violentos no Rio e Grande Rio começou no domingo 21 de novembro, por volta do meio-dia, na Linha Vermelha, quando seis bandidos armados com cinco fuzis e uma granada fecharam a pista sentido Centro, altura de Vigário Geral. Os criminosos, em dois carros, levaram pertences de passageiros e queimaram dois veículos, após expulsarem os ocupantes. Para o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, as ações criminosas são uma reação contra a política de ocupação de territórios do tráfico, por meio das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) e a transferências de bandidos para presídios federais em outros estados.

Na manhã da segunda-feira, cinco bandidos armados atacaram motoristas no Trevo das Margaridas, próximo à Avenida Brasil, em Irajá, também na Zona Norte. Os criminosos roubaram e incendiaram três veículos. No mesmo dia, criminosos armados com fuzis atiraram em uma cabine da PM na rua Monsenhor Félix, em frente ao Cemitério de Irajá. A PM acredita que o incidente tenha sido provocado pelos mesmos bandidos que haviam incendiado os três carros na mesma manhã. À noite, traficantes incendiaram dois carros na Rodovia Presidente Dutra, na altura da Pavuna. Foi o quinto ataque a motoristas em menos de 48 horas. Na Zona Norte, outra cabine da Polícia Militar foi metralhada.

No dia seguinte, as polícias Militar e Civil se uniram para reforçar o patrulhamento pelas ruas do Rio. O efetivo foi redobrado para controlar os ataques dos bandidos. A operação, que se chamou 'Fecha Quartel', suspendeu todas as folgas dos policiais militares do Rio de Janeiro. Mais de 20 favelas foram invadidas e armas e drogas foram apreendidas. Bandidos foram presos e alguns criminosos mortos em confronto com agentes.

Na quarta-feira 24 de novembro, novos ataques: ônibus, van e carros foram incendiados na Zona Norte do Rio, Baixada Fluminense e Niterói. Sérgio Cabral, governador do Rio, desafiou os bandidos: 'Não há paz falsa. Não negociamos'. Em uma reunião de cúpula da Segurança Pública do Estado, ficou decidido que a Marinha daria apoio logístico às operações de resposta aos ataques de bandidos.

Em mais um dia de veículos incendiados espalhados pela cidade, mais de 450 homens - entre polícias Militar e Civil e fuzileiros da Marinha, com o apoio de blindados de guerra da força naval, tomaram a Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha. Emissoras de tv mostraram, ao vivo, centenas de bandidos armados fugindo para comunidades vizinhas. Cenas históricas que mostraram a atual situação do Rio de Janeiro. Na sexta-feira 26 de novembro, o Exército e a Polícia Federal entraram na batalha. No sábado, uma chance para traficantes locais. A Polícia Militar tentou a rendição dos cerca de 600 bandidos que estariam no Complexo do Alemão. Exatamente às 7h59 deste domingo, o comando da PM ordenou a invasão e poucos mais de 1 hora depois, o Estado comunicava que o conjunto de favelas estava tomado.

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