ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.

quinta-feira, 2 de julho de 2015

ESCRIVÃO FOI ASSASSINADO POR BANDIDO EM LIBERDADE CONDICIONAL, APESAR DE CONDENADO A 19 ANOS


ZERO HORA 02 de julho de 2015 | N° 18212

JOSÉ LUÍS COSTA

Ladrões que mataram escrivão são identificados


ANDRÉ KLEIN FERREIRA foi assassinado na noite de terça-feira, em Canoas. Ele chegava em casa de carro, com a mãe, quando foi atacado e baleado




Foram identificados quatro homens envolvidos na morte do escrivão da 17ª Delegacia da Polícia Civil da Capital André Klein Ferreira, 32 anos, executado por ladrões de carro na porta de casa, na noite de terça-feira, em Canoas, na Região Metropolitana.

Baleado pela vítima, um dos bandidos foi preso em flagrante. Trata-se de Cristiano da Rocha Fortes, 42 anos, condenado a 19 anos de prisão (até 2018) por dois assaltos e porte ilegal de arma. Ele estava em liberdade condicional.

Os nomes dos demais suspeitos são mantidos em sigilo para não atrapalhar as investigações. A Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos de Canoas solicitou à Justiça a prisão preventiva do trio.

Na noite de terça-feira, o escrivão deixou a 17ª DP, no centro da Capital, e embarcou em um trem para Canoas, onde morava. Ao descer, André pegou carona no Ka que a mãe dirigia, voltando juntos para casa no bairro Igara. A mulher estacionou o carro no pátio, mas deixou o portão aberto porque esperava a chegada da filha nos instantes seguintes.

Nesse meio tempo, quatro homens circulavam pelo bairro em uma Kombi, segundo a polícia, procurando veículos para roubar. Aproveitando o portão aberto, um dele invadiu o pátio da residência, armado. Ele ordenou que mãe e filho entrassem para dentro da casa. Quando as vítimas caminhavam para o interior da residência, outros dois homens teriam se aproximado e atirado contra o policial. Mesmo ferido por cinco disparos no braço e dois no peito, o escrivão reagiu, acertando um tiro na perna de Fortes.

TRABALHO NO CARTÓRIO E GOSTO POR INVESTIGAÇÕES

Os bandidos fugiram para São Leopoldo sem levar nada. Fortes foi deixado pelos comparsas no Hospital Centenário, mas logo em seguida foi capturado em flagrante pela polícia. O escrivão morreu no Hospital de Pronto Socorro de Canoas. A mãe dele não se feriu.

O assassinato de Ferreira consternou servidores, em especial da 17ª DP, onde ele trabalhava desde o final do ano passado, quando ingressou na Polícia Civil.

– Ele era um funcionário excepcional. Um jovem superdedicado ao trabalho, parceiro, sempre muito disposto a colaborar. Trabalhava no cartório, mas não se limitava às atividades internas, ajudava em investigações nas ruas – lamentou o delegado Hilton Müller, titular da 17ª DP.


Ser policial foi sonho alcançado em 2014

A quarta-feira que deveria ser marcada por uma festa de aniversário para três policiais da 17ª Delegacia da Polícia Civil de Porto Alegre se transformou em lamento com o enterro do jovem escrivão André Klein Ferreira. Ele completara 32 anos na segunda-feira e seria esperado ontem com uma festa surpresa promovida por colegas para ele e para outros dois aniversariantes.

– Ele era calmo, tranquilo, inteligente. Gostava muito de ler, seria um excelente policial para o resto da vida – desabafou a colega Ariane Winter, companheira de academia e de trabalho na 17ª DP.

Segundo colegas, apesar de ter sido aprovado em dois outros concursos, Ferreira perseguia o sonho de entrar para a Polícia Civil. Ele foi funcionário da Trensurb, e, depois, trabalhou no INSS, em Caxias do Sul. Foi aprovado para a polícia em 2013 e assumiu em dezembro de 2014. Empolgado com o trabalho, agora tinha uma nova meta: comprar um apartamento em Porto Alegre. No mês passado, havia sido contemplado em um consórcio e pretendia dar entrada para um imóvel.

– Ele estava sempre perguntando aos colegas sobre bairros bons para morar por aqui – recordou Ariane.

Apesar do estilo reservado e de evitar falar de assuntos do trabalho em casa, Ferreira dizia estar animado com a nova profissão. O escrivão morava em Canoas com a mãe e a irmã. É descrito como preocupado e carinhoso com a família e com a namorada, com a qual se relacionava havia oito anos. Foi com familiares que ele comemorou os 32 anos, completos na segunda-feira. O escrivão foi sepultado ontem no Cemitério São Vicente, em Canoas.


ADRIANA IRION


COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Fico extremamente indignado quando pessoas inocentes morrem pelas mãos da impunidade do crime, favorecida pelas permissividade das leis, pela leniência e descompromisso da justiça e pela execução penal falha e sem apuração de responsabilidade. E o pior é quando sofremos no nosso corpo este mesmo sentimento expressado pelos familiares destas vítimas na perda de um policial querido, admirado, corajoso e dedicado em defesa da sociedade.

Assim, tomo a liberdade de sugerir às associações que representam os policiais no RS e em todo o Brasil a reagirem contra este cenário que nos faz enxugar gelo, que inutiliza nossos esforços, que nos segrega como função essencial à justiça, que nos incapacita no combate ao crime, que nos torna serviçais de programas isolados e partidários, e que nos desacredita diante de uma população que clama por justiça e segurança pública. Está na hora de reagir, de mobilizar, de gritar e de mostrar à sociedade e aos poderes que não aceitamos este quadro de impunidade do crime.

SE HOUVER ESTA MOBILIZAÇÃO, COM CERTEZA TERÁ APOIO EM MASSA DA NAÇÃO BRASILEIRA. Está na hora de reagir. Os policiais não podem continuar subservientes a uma justiça criminal assistemática, corporativa e sem compromisso com a segurança pública.

Por esta e outras tantas que não cansarei e é propósito de vida, lutar quixotescamente com os instrumentos que tenho em mãos por mudanças, sem qualquer interesse particular se não transformar este país da impunidade, num Brasil melhor, mais justo e mais seguro, com justiça, qualidade de vida e paz social. O IMPOSSÍVEL PODE SER PROVÁVEL.

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