ZERO HORA 09 de abril de 2015 | N° 18127
JOSÉ LUÍS COSTA
Sargento da BM tenta assaltar agência dos Correios e é preso
COMANDANTE DA BM LOCAL, Elton Bilinski foi gravado em ação por câmeras de segurança e acabou descoberto quando soldados encontraram uma bolsa com material utilizado por ele para o ataque
Uma sequência de trapalhadas levou para a cadeia o sargento da Brigada Militar Elton Antônio Bilinski Sbardelotto, 46 anos, após tentativa de assalto a agência dos Correios de Guabiju, município de 1,6 mil habitantes na serra gaúcha. Comandante do grupamento da BM na cidade, que fica na mesma rua e a cem metros do prédio dos Correios, o sargento foi preso depois que uma bolsa dele foi encontrada atrás do quartel com objetos utilizados para render funcionários da agência.
Câmeras de vigilância registraram o ataque. O sargento foi capturado por colegas e, em conversa informal com oficiais superiores, confessou a autoria do crime. Entretanto, em depoimento à Polícia Federal de Caxias do Sul, onde foi autuado em flagrante por roubo, Bilinski evitou falar.
A invasão à agência ocorreu por volta das 8h40min de terça-feira. Um homem com máscara de borracha cobrindo o rosto, vestindo casaco azul, calça e tênis preto, com um revólver e uma bolsa nas mãos, imobilizou um servidor que atendia no balcão.
O funcionário foi obrigado a deitar no chão de bruços e teve os punhos amarrados com lacres plásticos. Em seguida, o assaltante mandou a gerente dos Correios abrir o cofre. Nervosa, a mulher errou a digitação da senha, e a fechadura bloqueou. O mascarado desistiu do roubo e fugiu.
Alertado por gritos das vítimas, um soldado da BM que mora no mesmo prédio dos Correios, saiu à rua, procurando pelo ladrão. Em minutos, o soldado encontrou seu chefe imediato, o sargento Bilinski. De folga e à paisana, ele teria dito que já sabia do assalto – surpreendendo o soldado – e contou que perseguiu o ladrão por um matagal que fica próximo ao quartel, mas o bandido conseguira escapar em um carro escuro.
A versão divergia da relatada por transeuntes, que afirmavam ter visto no local apenas Bilinski. Dois PMs iniciaram buscas pela região e localizaram uma bolsa em um galpão atrás do terreno do quartel. Dentro, encontraram roupas, máscara, arma, lacres plásticos, uma placa bocal – possivelmente para alterar o timbre de voz – e um par de tênis. De pronto, os PMs reconheceram a bolsa e o calçado como sendo semelhantes aos que o sargento Bilinski usava quando ia jogar futebol com os colegas.
DIFICULDADES FINANCEIRAS SERIAM MOTIVO DO CRIME
O major Álvaro Martinelli, comandante do 3º Batalhão de Policiamento de Áreas Turísticas, responsável pela região, foi chamado a Guabiju. As suspeitas contra Bilinski cresceram com análise das imagens das câmeras da agência, revelando que os objetos apreendidos eram iguais aos usados pelo ladrão. PMs foram à casa do sargento que, ao ver os colegas, teria dito:
– Já sei, vieram me prender.
No quartel, Bilinski fez um desabafo. Contou ao major Martinelli que enfrenta dificuldades financeiras, já com ordem de despejo da moradia, sofre de depressão e que um dos três filhos tem sérios problemas de saúde.
– O clima é de consternação. Até então era um profissional dedicado, acima de qualquer suspeita. Alguns colegas choraram – lamentou Martinelli.
Bilinski é policial militar desde 1986, e trabalha em Guabiju há 24 anos. Ontem pela manhã, ele foi recolhido ao Presídio Policial Militar, em Porto Alegre.
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