ZERO HORA 01 de março de 2016 | N° 18461
EDITORIAIS
A troca de comando no Ministério da Justiça tem potencial para agravar ainda mais a crise de credibilidade por que passa o governo da presidente Dilma Rousseff. Mais do que isso: tem potencial para mexer na autonomia da Polícia Federal e para comprometer o trabalho de depuração ética que a Operação Lava-Jato vem fazendo no país. José Eduardo Cardozo deixa o cargo por não suportar mais a pressão de integrantes do alto escalão petista, que defendem interferência nas investigações. Entre as prerrogativas do ministro da Justiça está a escolha do diretor-geral da Polícia Federal.
As preocupações dos policiais federais procedem. Tanto membros da direção do Partido dos Trabalhadores quanto o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vinham criticando o que consideram falta de pulso do ministro demissionário, em relação ao trabalho da Polícia Federal na apuração da corrupção na Petrobras. É inadmissível que um país às voltas com tantas denúncias simultâneas em tantas frentes corra o risco de recuar no combate à corrupção justamente por pressões políticas.
O Brasil só conseguiu garantir condições plenas de punir corruptos e corruptores, independentemente de seu grau de influência na política, na máquina pública e no setor privado, depois de assegurar autonomia para a ação das instituições. Qualquer tentativa de interferir nesse curso tem que ser encarada como crime, que pode ter efeito contrário ao pretendido por quem procura acobertar malfeitos. É esse o desafio que precisa ser assumido como prioridade pelo novo ministro da Justiça, o procurador baiano Wellington César.
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