ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.

terça-feira, 1 de março de 2016

AUTONOMIA AMEAÇADA




ZERO HORA 01 de março de 2016 | N° 18461


EDITORIAIS




A troca de comando no Ministério da Justiça tem potencial para agravar ainda mais a crise de credibilidade por que passa o governo da presidente Dilma Rousseff. Mais do que isso: tem potencial para mexer na autonomia da Polícia Federal e para comprometer o trabalho de depuração ética que a Operação Lava-Jato vem fazendo no país. José Eduardo Cardozo deixa o cargo por não suportar mais a pressão de integrantes do alto escalão petista, que defendem interferência nas investigações. Entre as prerrogativas do ministro da Justiça está a escolha do diretor-geral da Polícia Federal.

As preocupações dos policiais federais procedem. Tanto membros da direção do Partido dos Trabalhadores quanto o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vinham criticando o que consideram falta de pulso do ministro demissionário, em relação ao trabalho da Polícia Federal na apuração da corrupção na Petrobras. É inadmissível que um país às voltas com tantas denúncias simultâneas em tantas frentes corra o risco de recuar no combate à corrupção justamente por pressões políticas.

O Brasil só conseguiu garantir condições plenas de punir corruptos e corruptores, independentemente de seu grau de influência na política, na máquina pública e no setor privado, depois de assegurar autonomia para a ação das instituições. Qualquer tentativa de interferir nesse curso tem que ser encarada como crime, que pode ter efeito contrário ao pretendido por quem procura acobertar malfeitos. É esse o desafio que precisa ser assumido como prioridade pelo novo ministro da Justiça, o procurador baiano Wellington César.

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