ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.

domingo, 27 de dezembro de 2015

TÉCNICAS DE INTERROGATÓRIO POLICIAL





DISCOVERY BRASIL


Um aspecto importante do trabalho policial envolve falar com vítimas, testemunhas e suspeitos de um crime. Quer seja um acidente de trânsito ou um homicídio, o relato oculta a verdade que o investigador precisa descobrir para solucionar o caso. A linha de interrogatório depende de cada situação e do caráter dos envolvidos. Interrogar um suspeito de estupro não é a mesma coisa que entrevistar uma mulher ou uma criança.

Algumas técnicas de interrogatório vêm ganhando destaque nos últimos anos. Elas diferem quanto à observação do comportamento do suspeito e a condução do interrogatório. As principais são a técnica cinestética e a técnica de Reid.

TÉCNICA CINESTÉTICA

A técnica cinestética reconhece e interpreta uma ampla gama de comportamentos físicos e verbais, consistentes e inconsistentes, para verificar se o suspeito está mentindo ou dizendo a verdade. Nenhuma das indicações obtidas pode ser considerada prova conclusiva, mas o conjunto de reações do suspeito permite ao investigador interpretar, com certo grau de certeza, se ele está agindo de maneira evasiva ou falsa.


Em linhas gerais, a técnica consiste nos seguintes elementos:


1. Comportamento verbal

A técnica cinestética analisa sobretudo o modo de falar do suspeito: insegurança, silêncios repentinos, excesso de camaradagem, perguntas respondidas com outras perguntas, iniciar uma frase repetindo a pergunta ou invocando o nome de Deus.

2. Respostas divergentes.

As respostas de um interrogatório podem ser enquadradas em dois padrões de comportamento. O interrogador pode afirmar, por exemplo, que as impressões digitais do suspeito estavam na maçaneta da portam da vítima. Se o suspeito não estiver envolvido no fato, dirá que é impossível, caso contrário, inventará algum tipo de desculpa. O interrogador também pode criar armadilhas com perguntas falsas para obter uma confissão, uma prática que não é legal. Ele pode afirmar, por exemplo, que o suspeito foi visto entrando em uma sala quando isso não é verdade.

3. Comportamento não verbal

O interrogador observa a linguagem corporal do suspeito em perguntas difíceis e compara sua reação com a forma como responde a perguntas normais, não intimidadoras, para tentar determinar padrões de comportamento. Por exemplo, o suspeito pode estar mentindo se estiver relaxado e, em seguida, cruzar os braços após uma pergunta difícil, ou esfregar o nariz sempre que nega seu envolvimento no caso.



TÉCNICA REID - A técnica de Reid começa com uma entrevista descontraída, livre de acusações para, no momento adequado, dar lugar a uma linha de interrogatório que consiste em nove etapas.

1. Confrontação positiva

O investigador afirma que o suspeito é culpado, avalia sua reação e continua a fazer afirmações que permitam explicar e provar por que ele cometeu o crime. O método, chamado de “declaração de transição”, visa obter uma admissão de culpa do suspeito.

2. Desenvolvimento de um tema


O investigador interpreta o tipo de personalidade do suspeito e o induz a dar mais explicações sobre aspectos que minimizam ou justificam o crime. É provável que o suspeito confesse depois de racionalizar e perceber que pode ser responsabilizado pelos fatos. O investigador pode, por exemplo, afirmar que outras pessoas teriam feito o mesmo em seu lugar.


3. Controle de negação


O investigador tenta convencer o suspeito de que não é conveniente negar seu envolvimento no caso. A tentativa de negação do suspeito através de gestos para chamar a atenção, busca de contato visual ou abrindo a boca como se quisesse falar, deve ser interrompida pelo investigador com um comentário de reprovação.O investigador pode dizer algo como “antes que você diga qualquer coisa, deixe-me explicar a gravidade da situação”, fazendo um gesto com a mão para que pare de falar e evitando o contato visual com o suspeito.

4. Objeção iminente

O investigador deve racionalizar os argumentos do suspeito para descartar suas desculpas e motivos para negar a acusação.

5. Atenção

O investigador deve manter a atenção do suspeito. Permanecer em silêncio, evitar o contato visual ou cruzar as pernas pode indicar que o suspeito está pensando em outra coisa. Para atrair sua atenção, o interrogador deve utilizar técnicas invasivas de aproximação, como colocar a mão sobre o ombro do suspeito, aproximar a cadeira ou se movimentar dentro de seu campo visual. Também são utilizadas técnicas verbais para dominar e controlar a atenção do suspeito.

6. Passividade

O comportamento passivo do suspeito pode indicar que ele está pronto para admitir sua culpa. Nessas circunstâncias, o interrogador deve fazer um resumo dos motivos que levaram o suspeito a cometer o crime e observar atentamente suas reações de aprovação ou negação.

7. Perguntas alternativas

O investigador faz uma pergunta com duas respostas possíveis, ambas incriminadoras. Por exemplo, “Você pagou o que devia ou gastou o dinheiro se divertindo?”. Em qualquer caso, o suspeito admite a culpa.

8. Detalhamento de eventos

O investigador deve identificar discrepâncias e incoerências na história contada pelo suspeito para esclarecer detalhes incriminadores antes de obter uma confissão completa. O método consiste em utilizar palavras que reduzam a carga emocional dos fatos. O investigador pode perguntar quantas vezes o suspeito apertou o gatilho em vez de dizer quantas vezes atirou à queima-roupa.


9. Confissão escrita

Nesta etapa, é muito importante incluir uma confissão assinada pelo suspeito com detalhes sobre o crime que apenas ele conhece. O documento deve representar uma admissão de culpa espontânea do suspeito, para evitar que seja rejeitado em um tribunal, posteriormente.



OUTRAS TÉCNICAS


Silêncio


A maioria das pessoas não se sente pouco à vontade em silêncio e começa a falar apenas para quebrar a tensão.

Empatia

Minimizar o sentimento de culpa pelo comportamento ilícito para facilitar a obtenção da confissão. O interrogador pode, por exemplo, contar uma experiência pessoal.

Apelar para as emoções e a espiritualidade

A culpa pode pesar na consciência do suspeito, e o interrogador pode recorrer a afirmações como “sei que você é uma pessoa boa e isso está te afetando. Você vai se sentir melhor se desabafar”.

Mostrar sinais de culpa

Para aumentar a pressão, o interrogador informa que o suspeito está demonstrando sinais que revelam sua culpa.

Afirmar que sabe de tudo

Depois de fazer uma pergunta, o investigador pode dizer que já sabe a resposta. Pode afirmar, por exemplo, que já interrogou outras pessoas sobre o caso.

Oferecer uma chance para o acusado mentir

O interrogador pode sugerir um cenário e uma situação que ele sabe ser falsa para ver se o suspeito concorda. Um investigador deve conhecer, aprender e aplicar estas e outras técnicas para desenvolver seu próprio estilo de interrogatório.



Saiba mais sobre os métodos que arrancam a verdade de qualquer suspeito em “Motivos para Matar”, todos os sábados, às 21 horas, no ID.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

NO RIO, POLICIAIS DISPARARAM 63 DISPAROS CONTRA CARRO MATANDO CINCO JOVENS


ZERO HORA 3 de dezembro de 2015 | N° 18374


VIOLÊNCIA URBANA. PMs que mataram cinco jovens negros dispararam 63 vezes



Os quatro policiais militares que mataram cinco jovens negros em Costa Barros, na zona norte do Rio, no último sábado, acertaram 63 tiros no Palio onde estavam as vítimas, conforme conclusão da perícia da Polícia Civil realizada ontem. A viatura onde estavam os policiais também foi periciada. Os peritos encontraram duas marcas de tiros na lataria da caminhonete da PM, mas ainda não concluíram se foram disparados na noite da chacina.

Os peritos do Instituto de Criminalística Carlos Êboli, vinculado à Polícia Civil, também examina uma motocicleta que passava pelo local no momento em que os PMs atiraram no carro das vítimas. A moto não foi atingida pelos disparos de fuzil e pistola. A perícia ocorreu no pátio da 39ª Delegacia de Polícia (DP), na Pavuna, zona norte carioca.

Em uma primeira perícia realizada pelo Carlos Êboli, foi constatado que não foram feitos disparos de dentro do carro em que estavam Wilton Júnior, 20 anos, Wesley Rodrigues, 25, Cleiton Corrêa de Souza, 18, Carlos Eduardo da Silva de Souza, 16, e Roberto de Souza Penha, 16. Os cinco morreram dentro do Palio.

A Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos e o Ministério Público do Estado do Rio receberam ontem familiares dos jovens mortos para oferecer acompanhamento do caso na polícia e na Justiça. A secretaria esclareceu os procedimentos para a obtenção da indenização e o ressarcimento das despesas com os funerais.

O comando-geral da PM determinou, na segunda, a abertura do processo administrativo para julgar a expulsão dos quatro policiais militares envolvidos na chacina: os soldados Thiago Resende Viana Barbosa e Antônio Carlos Gonçalves Filho, o sargento Márcio Darcy Alves dos Santos e o cabo Fabio Pizza Oliveira da Silva, todos lotados no 41º Batalhão da Polícia Militar (BPM), no Irajá, zona norte. Isso significa que eles poderão ser excluídos da corporação antes mesmo do julgamento do crime pela Justiça.

POLICIAIS ALEGAM QUE CARRO SERIA ROUBADO


Os jovens foram mortos nas proximidades do Complexo da Pedreira, uma das áreas mais perigosas do Rio. Segundo a Polícia Civil, as vítimas tinham voltado de um passeio e resolveram sair novamente para fazer um lanche, quando foram surpreendidas pelos tiros disparados pelos PMs na Estrada João Paulo. Os policiais alegaram que o carro estaria ligado a um esquema de roubo de carga, o que não foi comprovado.

A chacina dos cinco rapazes causou comoção. O governador Luiz Fernando Pezão considerou o crime “abominável” e exigiu investigação rigorosa.

Rio de Janeiro


COMENTÁRIO DO BENGOCHEA -  Está claro que os policiais agiram com despreparo e força desproporcional neste caso e devem ser responsabilizados por isto e até expulsos da PM, mas colocar o fato como racismo extrapola a razão já que os fatos comprovam que foram mortos dentro do carro e os policiais não teriam como saber a cor da pele dos jovens.