G1 FANTÁSTICO Edição do dia 23/08/2015
Imagens exclusivas mostram roubo de RS 20 milhões à fábrica da Samsung. Para a polícia, o crime está solucionado.
Um assalto milionário! Aconteceu em julho de 2014, no interior de São Paulo. Bandidos invadiram um depósito lotado de celulares e computadores e levaram o equivalente a R$ 20 milhões. Agora, um ano depois do crime, nossos repórteres tiveram acesso às imagens da ação dos criminosos. E vão contar a história de um homem, acusado de ser um dos assaltantes, que jura inocência e se diz vítima de um grande erro nas investigações.
Parece um dia normal de trabalho, mas não é. A sala começa a encher, até ficar lotada. São quase 100 funcionários. Todos reféns de uma quadrilha.
As imagens são exclusivas do roubo dentro da fábrica da Samsung, em 2014, em Campinas, interior paulista.
Os ladrões levaram R$ 20 milhões em celulares, tablets e computadores. Para a polícia, o crime está solucionado. Parte dos equipamentos foi recuperada.
Seis acusados estão presos. Cinco ainda não foram encontrados.
Fantástico: Seu nome todo?
Dalmo Arnaldo Pinto, microempresário: Dalmo Arnaldo Pinto.
Fantástico: Sua idade?
Dalmo Arnaldo Pinto: 48 anos.
Fantástico: Sua profissão?
Dalmo Arnaldo Pinto: Microempresário.
Dalmo tem uma revendedora de produtos de limpeza e equipamentos hospitalares há 22 anos. Há oito meses está preso, acusado de participar do assalto. Ele jura inocência.
“Eu sou um trabalhador. Um pai de família. E fui injustiçado por uma polícia que não investiga, prende”, afirma Dalmo Arnaldo Pinto.
“Ele está preso por uma falha dentro das investigações que foram feitas”, afirma Silvia Souza Carvalho, advogada de Dalmo.
Fim da noite de domingo, 6 de julho de 2014. Criminosos armados param uma van com nove funcionários da Samsung. Sete são levados para um cativeiro. Os ladrões pegam os crachás e vão para a fábrica, junto com dois reféns.
Se passando por trabalhadores, os bandidos conseguem entrar. E obrigam os seguranças a liberar a entrada de sete caminhões. Segundo a polícia, cerca de 20 homens participam do assalto. Nenhum usa capuz. O assalto dura três horas.
O Fantástico teve acesso a mais de 30 horas de imagens, feitas por 17 câmeras. O microempresário Dalmo Arnaldo Pinto, acusado de ser um dos ladrões, não foi identificado por essas imagens.
Dalmo Arnaldo Pinto: Não tem filmagem nenhuma porque eu não participei, não estava lá e sou inocente.
Fantástico: No dia que aconteceu o assalto, você estava aonde?
Dalmo Arnaldo Pinto: Em casa.
“Eu afirmo para o senhor que o meu marido estava comigo no dia, que ele nunca saiu do meu lado”, conta Rute Jesus Pinto, mulher de Dalmo.
Dezesseis funcionários que foram mantidos reféns são testemunhas. Um deles descreveu um dos ladrões assim: "negro, alto, magro e com bigode ralo, que operou uma empilhadeira".
A polícia mostrou uma foto de Dalmo para esse funcionário. A única foto do microempresário que consta no processo é a mostrada no vídeo acima. Segundo Dalmo, é antiga, de sete anos atrás.
A testemunha afirmou reconhecer o microempresário "sem sombra de dúvida".
Por causa desse depoimento, Dalmo foi preso em casa, na Zona Norte de São Paulo, cinco meses depois do roubo. Na delegacia, o mesmo funcionário viu o microempresário e confirmou o reconhecimento.
“Meu marido já não usa bigode há mais de três anos. Meu marido tem por volta de 1,77 metro. Ele estava pesando por volta de 110 quilos”, diz Rute Jesus Pinto.
O funcionário que reconheceu Dalmo também viu a foto de outro homem e também afirmou se tratar de um dos ladrões. Mas, era impossível este homem ter participado do assalto. Ele morreu em 2008, como mostra o atestado de óbito obtido pelo Fantástico.
“Sou leigo, mas essa testemunha perdeu força”, diz Dalmo Arnaldo Pinto.
Se Dalmo diz nunca foi assaltante, por que tinha uma foto nos arquivos da polícia? A defesa dele tem uma suspeita.
Segundo as investigações, dois outros homens, Erivaldo Alves de Souza e Ernandes Rodrigues dos Santos, participaram do roubo à Samsung. Eles foram presos cinco meses depois do crime.
Erivaldo e Ernandes já tinham vários antecedentes. Uma das condenações dos dois foi em 1993, por receptação.
Erivaldo e Ernandes negociavam uma carga roubada de medicamentos. A mercadoria estava guardada num depósito, na Zona Oeste de São Paulo. Quem trabalhava nesse lugar, 22 anos atrás? Dalmo Arnaldo Pinto.
“Não participei disso. Eu era funcionário”, afirma o microempresário.
Na época, Dalmo ficou 20 dias preso. Mas o dono do depósito confirmou que Dalmo não sabia de nada. Ele foi solto e a denúncia arquivada.
O microempresário acha que a polícia o envolveu no roubo da Samsung porque ele aparece no boletim de ocorrência de 22 anos atrás, junto com os condenados por receptação Erivaldo e Ernandes.
“Não conheço esses homens. Eu sou um homem que está sendo injustiçado”, diz Dalmo Arnaldo Pinto.
A Secretaria de Segurança Pública informou que "todos os procedimentos da polícia seguiram rigorosamente a lei".
O Ministério Público disse que, "durante o processo, todas as provas serão analisadas com direito a ampla defesa".
Dalmo está preso há oito meses em um complexo de cadeias em Hortolândia, no interior de São Paulo. Ele divide uma cela de apenas 20 metros quadrados com 40 detentos. A capacidade é só para 12 homens. Dalmo tem quatro filhos e é pastor evangélico.
“Quando eu não estou pregando, eu estou lendo. Estou ocupando a minha mente”, conta o microempresário.
A Justiça já negou três pedidos de habeas corpus. Uma das decisões, de março afirma que ele tem "condenações por receptação, roubo, resistência e posse de arma".
“A minha ficha é limpa”, afirma Dalmo Arnaldo Pinto.
O Tribunal de Justiça de São Paulo confirma: "nada consta" na ficha de Dalmo.
No Sistema Nacional de Informações Criminais do Ministério da Justiça, ele também não tem registro de antecedentes.
O presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, da Secretaria de Justiça do governo de São Paulo, afirma:
“Estamos diante claramente de uma flagrante injustiça praticada e não observada corretamente pelo poder judiciário de São Paulo”, diz Rildo Marques de Oliveira, presidente da Condepe de São Paulo.
O Tribunal de Justiça de São Paulo informou que já consta no processo que Dalmo não tem antecedentes criminais. Mas não explicou de onde tirou a informação errada de que o microempresário tinha condenações.
Na nota, o tribunal também diz que a prisão preventiva de Dalmo é "necessária e imprescindível, mesmo sendo primário, com residência fixa e ocupação lícita".
Dalmo pode ser condenado a 20 anos de cadeia. Ainda não há previsão de quando ele será julgado para tentar provar a própria inocência.
Fantástico: Quando você sair daqui, qual vai ser a sua primeira atitude?
Dalmo Arnaldo Pinto: Vou para a igreja, agradecer a Deus e abraçar minha família.
Imagens exclusivas mostram roubo de RS 20 milhões à fábrica da Samsung. Para a polícia, o crime está solucionado.
Um assalto milionário! Aconteceu em julho de 2014, no interior de São Paulo. Bandidos invadiram um depósito lotado de celulares e computadores e levaram o equivalente a R$ 20 milhões. Agora, um ano depois do crime, nossos repórteres tiveram acesso às imagens da ação dos criminosos. E vão contar a história de um homem, acusado de ser um dos assaltantes, que jura inocência e se diz vítima de um grande erro nas investigações.
Parece um dia normal de trabalho, mas não é. A sala começa a encher, até ficar lotada. São quase 100 funcionários. Todos reféns de uma quadrilha.
As imagens são exclusivas do roubo dentro da fábrica da Samsung, em 2014, em Campinas, interior paulista.
Os ladrões levaram R$ 20 milhões em celulares, tablets e computadores. Para a polícia, o crime está solucionado. Parte dos equipamentos foi recuperada.
Seis acusados estão presos. Cinco ainda não foram encontrados.
Fantástico: Seu nome todo?
Dalmo Arnaldo Pinto, microempresário: Dalmo Arnaldo Pinto.
Fantástico: Sua idade?
Dalmo Arnaldo Pinto: 48 anos.
Fantástico: Sua profissão?
Dalmo Arnaldo Pinto: Microempresário.
Dalmo tem uma revendedora de produtos de limpeza e equipamentos hospitalares há 22 anos. Há oito meses está preso, acusado de participar do assalto. Ele jura inocência.
“Eu sou um trabalhador. Um pai de família. E fui injustiçado por uma polícia que não investiga, prende”, afirma Dalmo Arnaldo Pinto.
“Ele está preso por uma falha dentro das investigações que foram feitas”, afirma Silvia Souza Carvalho, advogada de Dalmo.
Fim da noite de domingo, 6 de julho de 2014. Criminosos armados param uma van com nove funcionários da Samsung. Sete são levados para um cativeiro. Os ladrões pegam os crachás e vão para a fábrica, junto com dois reféns.
Se passando por trabalhadores, os bandidos conseguem entrar. E obrigam os seguranças a liberar a entrada de sete caminhões. Segundo a polícia, cerca de 20 homens participam do assalto. Nenhum usa capuz. O assalto dura três horas.
O Fantástico teve acesso a mais de 30 horas de imagens, feitas por 17 câmeras. O microempresário Dalmo Arnaldo Pinto, acusado de ser um dos ladrões, não foi identificado por essas imagens.
Dalmo Arnaldo Pinto: Não tem filmagem nenhuma porque eu não participei, não estava lá e sou inocente.
Fantástico: No dia que aconteceu o assalto, você estava aonde?
Dalmo Arnaldo Pinto: Em casa.
“Eu afirmo para o senhor que o meu marido estava comigo no dia, que ele nunca saiu do meu lado”, conta Rute Jesus Pinto, mulher de Dalmo.
Dezesseis funcionários que foram mantidos reféns são testemunhas. Um deles descreveu um dos ladrões assim: "negro, alto, magro e com bigode ralo, que operou uma empilhadeira".
A polícia mostrou uma foto de Dalmo para esse funcionário. A única foto do microempresário que consta no processo é a mostrada no vídeo acima. Segundo Dalmo, é antiga, de sete anos atrás.
A testemunha afirmou reconhecer o microempresário "sem sombra de dúvida".
Por causa desse depoimento, Dalmo foi preso em casa, na Zona Norte de São Paulo, cinco meses depois do roubo. Na delegacia, o mesmo funcionário viu o microempresário e confirmou o reconhecimento.
“Meu marido já não usa bigode há mais de três anos. Meu marido tem por volta de 1,77 metro. Ele estava pesando por volta de 110 quilos”, diz Rute Jesus Pinto.
O funcionário que reconheceu Dalmo também viu a foto de outro homem e também afirmou se tratar de um dos ladrões. Mas, era impossível este homem ter participado do assalto. Ele morreu em 2008, como mostra o atestado de óbito obtido pelo Fantástico.
“Sou leigo, mas essa testemunha perdeu força”, diz Dalmo Arnaldo Pinto.
Se Dalmo diz nunca foi assaltante, por que tinha uma foto nos arquivos da polícia? A defesa dele tem uma suspeita.
Segundo as investigações, dois outros homens, Erivaldo Alves de Souza e Ernandes Rodrigues dos Santos, participaram do roubo à Samsung. Eles foram presos cinco meses depois do crime.
Erivaldo e Ernandes já tinham vários antecedentes. Uma das condenações dos dois foi em 1993, por receptação.
Erivaldo e Ernandes negociavam uma carga roubada de medicamentos. A mercadoria estava guardada num depósito, na Zona Oeste de São Paulo. Quem trabalhava nesse lugar, 22 anos atrás? Dalmo Arnaldo Pinto.
“Não participei disso. Eu era funcionário”, afirma o microempresário.
Na época, Dalmo ficou 20 dias preso. Mas o dono do depósito confirmou que Dalmo não sabia de nada. Ele foi solto e a denúncia arquivada.
O microempresário acha que a polícia o envolveu no roubo da Samsung porque ele aparece no boletim de ocorrência de 22 anos atrás, junto com os condenados por receptação Erivaldo e Ernandes.
“Não conheço esses homens. Eu sou um homem que está sendo injustiçado”, diz Dalmo Arnaldo Pinto.
A Secretaria de Segurança Pública informou que "todos os procedimentos da polícia seguiram rigorosamente a lei".
O Ministério Público disse que, "durante o processo, todas as provas serão analisadas com direito a ampla defesa".
Dalmo está preso há oito meses em um complexo de cadeias em Hortolândia, no interior de São Paulo. Ele divide uma cela de apenas 20 metros quadrados com 40 detentos. A capacidade é só para 12 homens. Dalmo tem quatro filhos e é pastor evangélico.
“Quando eu não estou pregando, eu estou lendo. Estou ocupando a minha mente”, conta o microempresário.
A Justiça já negou três pedidos de habeas corpus. Uma das decisões, de março afirma que ele tem "condenações por receptação, roubo, resistência e posse de arma".
“A minha ficha é limpa”, afirma Dalmo Arnaldo Pinto.
O Tribunal de Justiça de São Paulo confirma: "nada consta" na ficha de Dalmo.
No Sistema Nacional de Informações Criminais do Ministério da Justiça, ele também não tem registro de antecedentes.
O presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, da Secretaria de Justiça do governo de São Paulo, afirma:
“Estamos diante claramente de uma flagrante injustiça praticada e não observada corretamente pelo poder judiciário de São Paulo”, diz Rildo Marques de Oliveira, presidente da Condepe de São Paulo.
O Tribunal de Justiça de São Paulo informou que já consta no processo que Dalmo não tem antecedentes criminais. Mas não explicou de onde tirou a informação errada de que o microempresário tinha condenações.
Na nota, o tribunal também diz que a prisão preventiva de Dalmo é "necessária e imprescindível, mesmo sendo primário, com residência fixa e ocupação lícita".
Dalmo pode ser condenado a 20 anos de cadeia. Ainda não há previsão de quando ele será julgado para tentar provar a própria inocência.
Fantástico: Quando você sair daqui, qual vai ser a sua primeira atitude?
Dalmo Arnaldo Pinto: Vou para a igreja, agradecer a Deus e abraçar minha família.
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