ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.

sábado, 12 de novembro de 2011

RELAÇÃO APROXIMADA DE POLICIAIS COM JOGOS ILEGAIS

POLICIAIS E JOGOS ILEGAIS. Uma relação próxima demais. Prisão de um delegado e de um agente suspeitos de acobertar um cassino remete a outros casos de ligação com bandidos - DIOGO VARGAS, DIÁRIO CATARINENSE, 12/11/2011

A prisão de policiais civis e militares suspeitos de acobertarem o jogo ilegal, nos últimos anos, mostra o quanto é estreita a relação entre essa atividade ilícita com quem deveria coibi-la. Uma associação que se fortaleceu no passado, quando o Estado era um dos poucos da federação que permitiam a exploração por legislação estadual.

Neste domingo, vencerá a prorrogação das prisões temporárias do ex-delegado-geral da Polícia Civil Ademir Serafim e do agente Irineu Veit. Os únicos dois alvos da Operação Jogo Duplo que permaneceram presos por mais de cinco dias no caso – outros sete envolvidos ganharam a liberdade – deverão ser soltos se não forem decretadas as prisões preventivas.

Serafim e Veit ficaram em salas improvisadas como “celas” no segundo andar da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic), na Capital. Os advogados deles afirmam que eles nunca receberam propina do cassino que funcionava no Hotel das Américas, no Centro de Balneário Camboriú. Mas o próprio responsável, o bingueiro Roberto Tena, admitiu em depoimento que efetuava pagamentos em dinheiro aos policiais.

Pelo menos desde 2008, o Estado foi palco de operações que investigaram e prenderam outros policiais com envolvimento com o jogo ilegal. Até 2007, o jogo funcionava com legislação estadual. Mas naquele ano a Justiça Federal decidiu que apenas a União poderia legislar sobre a liberação da exploração de jogos de azar. Isso fez com que a lei estadual que permitia a exploração do jogo de azar em SC deixasse de valer.

Mas as investigações mostraram que a relação continuou, só que na total ilegalidade e envolvida em corrupção. Houve operações marcantes, como a Game Over e a Arrastão, que em duas edições levou 23 policiais para a prisão.

– Em SC o jogo corria solto. A lei estadual autorizava. Alguns policiais se associavam aos bingueiros contratados como segurança nas casas. Faziam “bico” e acabavam se envolvendo com o negócio – ressalta o delegado da Polícia Federal Ildo Rosa.

O policial afirma que as estruturas do jogo ilícito podem encobrir outras atividades criminosas, como lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e tráfico de drogas (não foi o que houve na Jogo Duplo).

Segundo o delegado Albert Figueiredo, da Corregedoria da Secretaria de Segurança Pública, o número de policiais pegos por envolvimento com a jogatina aumentou também por causa do crescimento populacional de SC, mas está dentro da média nacional em relação a outros estados.


Em busca de mais provas

A investigação sigilosa do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) busca outros nomes com possíveis ligações com a jogatina em Balneário Camboriú. São pessoas que não foram investigadas, mas que apareceram nas gravações telefônicas de suspeitos autorizadas pela Justiça.

O promotor que comandou a investigação, Alexandre Graziotin, disse na semana passada que ainda não há provas em relação a essas pessoas. O DC apurou que há nomes de políticos citados em depoimentos dos presos.

Há também menção de um dos investigados que relatou ter doado, no ano passado, dinheiro do jogo ilegal para campanha política no Estado. Em interrogatório, o suspeito disse não saber para qual candidato os supostos R$ 4 mil teriam sido entregues. O Gaeco tem atuado em várias regiões do Estado no combate à exploração do jogo ilegal.

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