ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

BOPE FALHOU EM OCUPAÇÃO QUE ANTECEDEU UPP DO FALLET

PACIFICAÇÃO - JORGE ANTÔNIO BARROS, REPÓRTER DE CRIME, O GLOBO, 04/11/2011

A bandidagem no Rio ainda resiste ao sopro de controle do estado. Hora depois de o governador Sérgio Cabral e a cúpula da segurança pública participarem da inauguração da 18ª UPP (Unidade de Polícia Pacificadora), a maior do Rio, com 403 policiais, no morro da Mangueira, bandidos armados de fuzis atacaram a sede da UPP Falett/Fogueiteiro, no Rio Comprido. Desperada, uma policial gritou pelo rádio que a UPP estava sendo atacada. Depois, ninguém conseguia mais contato. Na madrugada de hoje policiais da 5ª DP (Rua do Lavradio) garantiram que felizmente não houve feridos no ataque do tráfico. Hoje pela manhã a PM já localizou a casa de onde os traficantes fizeram mais de 30 disparos em direção à UPP. A situação aparentemente está sob o contole nesse exato momento em escrevo esse post, às 13h56m.

A Secretaria de Segurança do estado, porém, deve satisfações, sobretudo ao morador dos morros do Fallet e do Fogueteiro. A primeira pergunta que a secretaria deve buscar responder é como é possível ainda haver bandidos armados de fuzis numa comunidade pacificada? Como se sabe o projeto de pacificação de favelas tem sido bem-sucedido na retomada de territórios que durante mais de quatro décadas estiveram sob o domínio de criminosos -- primeiro eram os donos do morro, assaltantes perigosos que lá buscavam refúgio na década de 50, depois a área passou a ser dominada por traficantes bem-feitores e hoje são policiais e ex-policiais que também controlam favelas, por meio das milícias que têm o poder de calar testemunhas e parlamentares.

Pelo que tenho ouvido de moradores de favelas, não tenho dúvida de que o projeto de pacificação tem dado certo. Acabar com o tráfico de drogas é uma tarefa difícil. Mas o estado provou que é possível sim dominar o território e tirar a arma pesada da mão de criminosos. O caso da UPP do Falett é, portanto, a exceção que confirma a regra.

Mas não é possível tapar o sol com a peneira. Essa UPP é a mesma onde 30 policiais foram afastados acusados de receberem propina do tráfico. Existe ali uma raiz de cumplicidade entre bandidos e policiais. O episódio do ataque a meu ver é grave porque demonstra inclusive que a ocupação da comunidade pelo Bope pode ter sido muito mal feita, a ponto de não ter achado por lá armas pesadas como as usadas pelos traficantes ontem. Quando bandidos armados agem dessa forma é porque muitas vezes estão dizendo que os policiais ajoelharam e agora têm que rezar.

Cabe então ao poder público, no caso a Secretaria de segurança -- por meio da PM e da coordenação de UPPs -- dar a resposta firme que o tráfico no Fallet está pedindo. Mas para isso, antes, precisa passar em revista as tropas que lá estão.

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