ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.

sábado, 8 de outubro de 2011

PC RS - O MESMO EFETIVO 20 ANOS ATRÁS

A MORTE DO POLICIAL CIVIL EM AÇÃO - O mesmo efetivo de 20 anos atrás - HUMBERTO TREZZI, ZERO HORA, 08/10/2011

A perplexidade pela morte prematura do policial civil Luis Antônio Medeiros de Matos, 42 anos, tomou conta da dezena de agentes e pelo menos sete delegados que foram à casa onde o inspetor foi morto. Policiais mais antigos reclamavam da falta de agentes para fazer operações em Caxias do Sul, principal cidade em uma das regiões mais acossadas pelo narcotráfico no Estado.

– A gente sempre dizia que um dia poderia acontecer uma tragédia como essa. Esperaram acontecer. Quero ver o que vão fazer agora – desabafou um escrivão.

Como não se tratava de uma operação especial, a delegacia distrital não solicitou reforço sob a alegação de que isso significaria comprometer o trabalho das outras delegacias, que também contam com um número escasso de agentes. Caxias conta com cem policiais, o mesmo efetivo de 20 anos atrás, quando a cidade tinha pelo menos a metade dos atuais 440 mil habitantes.

O chefe da Polícia Civil, delegado Ranolfo Vieira Júnior, reconhece o problema histórico no efetivo.

– A falta de pessoal é o nosso maior problema mas, agora, não posso fazer qualquer ligação disso com o fato. Nesse momento, estamos preocupados com o atendimento ao delegado e à família do agente morto – disse Ranolfo.

O chefe de polícia afirmou que um curso que deve iniciar em janeiro irá formar 250 inspetores e 250 escrivães. Ranolfo afirmou que estará em Caxias do Sul hoje. O secretário estadual de Segurança Pública, Airton Michels, também estará na cidade.

Conforme a assessoria de imprensa da secretaria, Michels não ficará para a cerimônia de cremação prevista para as 14h30min, no Memorial Crematório São José. O policial está sendo velado na Capela D do Memorial São José (Rua Vinte de Setembro, 3.167).

Antes de passar no velório, Michels fará uma visita ao delegado Marcelo Grolli, internado no Hospital Pompeia. Ainda segundo a assessoria de imprensa, Michels não anunciará reforço no efetivo. Ele irá exclusivamente para prestar solidariedade à família do policial morto e ao delegado ferido.

A Associação dos Delegados de Polícia do Estado do Rio Grande do Sul (Asdep) manifestou seu pesar ontem “pelos lamentáveis acontecimentos verificados em Caxias do Sul”. Em nota, a associação afirma que “designados para defenderem a sociedade, muitas vezes os policiais são forçados a se exporem a riscos, em sua luta diária contra a crescente criminalidade que preocupa a todos.”

O perfil - Agente passou pelo Exército e pelos bombeiros antes de ingressar na Polícia Civil:

- O policial civil Luis Antônio Medeiros de Matos, 42 anos, nasceu em Palmeira das Missões, na Região Norte.

- Depois de servir ao Exército em Ijuí, Matos transferiu-se para Caxias do Sul.
- Tornou-se bombeiro, função que exerceu por, pelo menos, três anos.

- Em 1993, passou no concurso para a Polícia Civil.

- Três anos depois, formou-se em Direito pela Universidade de Caxias do Sul (UCS).

- O inspetor trabalhou em praticamente todas as delegacias da cidade, mas passou mais tempo nos 1º e 3º Distritos e na Defrec.

- Matos tinha uma filha de 11 anos, que reside com a mãe.

- O policial civil morava com um sobrinho, que há um ano passou em um concurso na corporação.

Um comentário:

  1. Conheci o Matos... como um bom amigo, sereno, sensível... nada aparentava de arrogância, nem rudez de comportamento por ser policial, vivia sem misturar as coisas, não demonstrava jamais o peso provável da sua profissão... muitos pensam que policiais agem como os inconsequentes "agentes do cinema" mas certamente não ocorreu com ele, a sociedade não tem piedade, nem compromisso com os homens da lei... julgam sem saber, como se não fossem homens/mulheres com família... a mídia costuma dar muito enfoque a corrupção, e quando temos um herói, sua ação é motivo de dúvida e descrédito... Não há quem vá dizer nada que desabone o Matos a menos que nunca tenha olhado nos olhos dele. Saudade.

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