ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

DESASTRE TOTAL


ZERO HORA 10 de dezembro de 2013 | N° 17640


SUA SEGURANÇA | Humberto Trezzi


A sucessão de erros cometidos na malfadada ação que resultou na morte do policial civil Marcos Kaefer é tamanha que não há como atenuar: foi desastre total.

Primeiro, porque um PM que não é do serviço reservado estava atuando como se fosse, interrogando, investigando. Foi além de sua função. Para piorar, se envolveu numa discussão com parentes de suspeitos de assassinato que chegou a um descontrole tal que ele teve de sacar sua arma. E aí vem a pior parte: a arma disparou, matando seu colega da Polícia Civil.

Para quem conhece um pouco de armas, não custa clarear a situação: pistolas possuem uma trava, geralmente na lateral. Com ela travada, impossível disparar o gatilho. Mesmo que a arma caia no chão. Mesmo que seja usada para dar coronhadas, como dizem que ocorreu em frente ao hospital de Alvorada, nesse episódio. Ainda que se justifique sacar a arma e usá-la como tacape – algo que foge ao costumeiro – por que o PM estava com dedo no gatilho, e a pistola, destravada?

Imprudência ou imperícia, ao que tudo indica. Apavorado, o policial fugiu do local ao saber que atingira o colega. E, na culminância de um episódio desastroso, há suspeitas de que a arma do crime pode ser outra que não aquela que ele apresentou ao delegado que investiga o caso. O uso de calibre restrito seria mais um equívoco, na sucessão de erros cometidos. Qual o efeito de trocar a arma? É que se o calibre é permitido, o crime é afiançável. Se for restrito, não há fiança e a prisão acontece, de fato. Os testemunhos apontam para homicídio culposo, não intencional. Uma falta de treino ou destempero que se revelou fatal.

Nenhum comentário:

Postar um comentário