ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

INVESTIGADO POLICIAL QUE MATOU BANDIDO DO SEMIABERTO

ATENÇÃO: É MAIS UMA DO BRASIL SURREAL. BANDIDO MATA E FICA IMPUNE, POLICIAL REAGE, É PROCESSADO E PODE SER SUSPENSO.


ZERO HORA 07 de agosto de 2013 | N° 17515

JOSÉ LUIS COSTA

MORTE DE ASSALTANTE. Corregedoria investiga ação de policial civil


A Corregedoria-geral da Polícia Civil (Cogepol) instaurou sindicância administrativa para apurar a morte do assaltante Alberto Rafael Rodrigues Afonso, 29 anos. O bandido foi alvejado pelo inspetor Luiz Édson Gonçalves da Silva, 47 anos, no momento em que tentava roubar um carro na tarde de segunda-feira, na zona sul da Capital.

De folga do trabalho como plantonista em uma delegacia da Zona Norte, Silva estava parado em uma esquina do bairro Nonoai, dentro de uma caminhonete Freemont, ano 2012, quando reagiu a tiros ao ataque de Afonso. O veículo pertence ao jogador de futebol Diego Duran de Assis Moreira, 18 anos, filho do empresário Roberto de Assis Moreira e sobrinho de Ronaldinho Gaúcho.

No registro da ocorrência, o inspetor relatou que estava sentado ao volante, com a janela aberta, quando Afonso lhe apontou um revólver calibre 38, exigindo as chaves do veículo e o celular. Conforme o policial, ele pediu calma ao assaltante e avisou que o carro – único da família de Assis que não é blindado – era automático e que a chave estava no painel.

Quando o agente foi tirar o telefone da jaqueta, nervoso, pegou junto a carteira de policial. O criminoso teria percebido e tentado agarrá-lo. O inspetor disse que abriu a porta, tentando derrubar o agressor, começando uma troca de tiros. Um disparo passou de raspão, perfurando a jaqueta do inspetor. Já o assaltante levou ao menos dois tiros no peito e morreu na hora. Um comparsa conseguiu fugir.

À polícia, Luiz Édson da Silva contou que tinha ido, sozinho, ao bairro Nonoai “fazer um favor” ao amigo e ex-colega, o comissário aposentado da Polícia Civil Sílvio Almeida da Silva, 56 anos, chefe da equipe de segurança de Assis. O inspetor não foi localizado por Zero Hora, mas o comissário confirmou a versão de Silva, negando que o inspetor estivesse fazendo “bico” como guarda-costas do filho de Assis.

– Embora o carro esteja no nome do Diego, sou eu quem usa, e emprestei a ele (inspetor) para buscar uns papéis para mim. Ele não tem nenhuma relação com a equipe de segurança. Sou aposentado e trabalho só com aposentados – garantiu Sílvio.

Com antecedentes criminais, bandido estava no semiaberto

Natural de Porto Alegre, Alberto Rafael Rodrigues Afonso, 29 anos tinha antecedentes policiais por tráfico de drogas e receptação e duas condenações por roubo que somavam 10 anos e seis meses.

No último dia 2 de agosto, ele obteve progressão para o regime semiaberto, e recebeu autorização judicial para deixar o Presídio Central de Porto Alegre, devendo se apresentar em cinco dias (até amanhã) à Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) – onde seria incluído no programa de monitoramento eletrônico de apenados.


Agente pode ser suspenso caso tenha usado arma da corporação

Conforme o delegado Paulo Rogério Grillo, da Cogepol, o Estatuto dos Servidores da Polícia Civil não exige exclusividade na atividade policial. Assim, o trabalho particular seria permitido desde que para fins lícitos e sem a utilização de meios da corporação, como viatura, arma, colete, algema ou outro instrumento.

Neste aspecto, segundo entendimento da Cogepol, o inspetor teria violado uma das regras do estatuto, pois no episódio usava uma pistola calibre .40, que pertence à Polícia Civil. Por causa disso, responderá a uma sindicância. Por se tratar de transgressão disciplinar, o caso pode resultar na suspensão do policial por até 30 dias.

Para o advogado e delegado aposentado Nelson de Oliveira, o inspetor está autorizado a andar com a arma da corporação e tem direito a agir em legítima defesa.

– Ele é policial 24 horas por dia e se defendeu com os meios de que dispunha. Se tivesse um tijolo, certamente, ele teria usado contra o assaltante.

ZH telefonou para os celulares de Assis e do advogado dele, mas ambos não atenderam às ligações.

No caso de servidores da Brigada Militar, o regulamento disciplinar proíbe a atuação como segurança ou em qualquer outra atividade incompatível com a profissão. Mas, apesar de ilegal, são comuns os casos de PMs que complementam o salário com “bicos” (serviços fora do trabalho).

Segundo a Secretaria da Segurança Pública, não há projetos ou estudos para regulamentar atividades paralelas de policiais.

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