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sábado, 19 de janeiro de 2013

DEVER POLICIAL FAZ ESQUECER FILHA BEBÊ EM CARRO

ZERO HORA 18 de janeiro de 2013 | N° 17316

DRAMA FAMILIAR. Bebê morre após ser esquecido em carro no Noroeste. Pai deveria ter levado filha de 11 meses para a creche, mas se deslocou direto ao trabalho


Uma criança de 11 meses morreu na tarde de ontem em Santa Rosa, na região noroeste do Estado, após ser esquecida dentro do carro pelo pai, o delegado titular da 2ª Delegacia da Polícia Civil do município. José Enilvo Soares de Bastos esqueceu de levar a filha única para a creche e foi direto ao trabalho. Ele lembrou que o bebê estava no veículo cerca de quatro horas depois.

Foi o telefonema da mulher de Bastos que o fez correr para ver a menina que havia sido esquecida no Golf estacionado na delegacia, no bairro Cruzeiro. Segundo o delegado Márcio Steffens, da regional de Santa Rosa, o colega de profissão chegou por volta das 14h no trabalho e trancou o veículo. Quando saía para uma ocorrência, a mulher telefonou para saber informações da filha, e ele correu para o veículo.

– Está todo mundo muito abalado com o que aconteceu – disse Steffens.

De acordo com informações do Hospital Vida & Saúde, Alice de Bastos chegou às 18h10min na instituição e, durante quase uma hora, foram realizados procedimentos na tentativa de reanimá-la. Em estado de choque, o pai, que é natural de Santiago e trabalha há dois anos como delegado em Santa Rosa, foi internado e medicado com calmantes. Até as 23h45min de ontem, ele permanecia no hospital.

O delegado Márcio Steffens relata que um inquérito foi instaurado para apurar as circunstâncias da morte da menina.


ZERO HORA 19 de janeiro de 2013 | N° 17317

TRAGÉDIA FAMILIAR. Morte de bebê expõe falhas da vida moderna. Menina de 11 meses morreu na quinta após ser esquecida dentro de carro

ITAMAR MELO

A morte de uma menina de 11 meses, deixada por quatro horas dentro de um automóvel em Santa Rosa, no noroeste do Estado, provocou consternação ao colocar um provedor no papel de responsável pela tragédia. O bebê foi esquecido no carro pelo pai, delegado de polícia no município.

Ainda que casos similares tenham se repetido nos últimos anos, no Brasil e no Exterior, o episódio da quinta-feira causa comoção por abalar noções profundamente arraigadas. Segundo o psicólogo e psicanalista Leonardo Della Pasqua, presidente da Sociedade de Psicologia do Rio Grande do Sul, o caso de Santa Rosa choca porque lesa nossos conceitos sobre família e meio social.

– A criança é vista como um ser inocente e indefeso, que deve ser objeto de proteção. Quando os pais não conseguem oferecer os cuidados básicos, tememos pela própria sociedade. Provavelmente, tratava-se de um pai atencioso, mas de repente ele tem um ato de esquecimento quase inexplicável. Ficamos perplexos e perguntamos: como isso pode acontecer? – diz Della Pasqua.

O especialista observa que a comoção também é alimentada pelo temor de que qualquer um de nós esteja sujeito a viver algo tão terrível:

– Diante de um caso desses, temos medo de que o mesmo possa acontecer conosco e com os nossos filhos. Temos medo pela própria estrutura da sociedade quando as crianças são vítimas de violência.

O psiquiatra José Ovídio Copstein Waldemar, que dirige o Instituto da Família de Porto Alegre, acredita que episódios como o de Santa Rosa e outros similares geram abalo porque nos confrontam com as falhas do modo de vida moderno. Ele sugere que toda a sociedade partilha da responsabilidade pela tragédia.

– Todos nós temos tendência a viver no piloto automático. As pessoas estão sempre correndo, produzindo, tentando fazer mais. A cabeça está a maior parte do tempo no passado ou no futuro. Esse pai provavelmente estava com a cabeça em alguma coisa importante. O problema não é apenas desse pai, é de toda a sociedade. Nos serve de alarme.

Vera Maria Pereira de Mello, psicóloga e psicanalista, lamenta a situação com a qual o pai terá de lidar:

– Se ele tinha o cuidado de levar a criança à escolinha, significa que se envolvia. Penso no sofrimento desse pai, que tende a se perpetuar. Dificilmente ele conseguirá perdoar a si próprio.

Menina foi sepultada ontem em Giruá

O sepultamento de Alice de Bastos, a menina de 11 meses que morreu depois de ser esquecida dentro do carro, ocorreu ontem à tarde em Giruá, município situado a 24 quilômetros de Santa Rosa.

Alice morreu no final da tarde de quinta-feira, depois de permanecer cerca de quatro horas trancada no automóvel do pai, o delegado José Enilvo Soares de Bastos, que há dois anos atua como titular da 2ª Delegacia da Polícia Civil de Santa Rosa. Bastos levaria a criança à creche no começo da tarde, mas esqueceu-se de fazê-lo e foi direto para o trabalho, onde chegou por volta das 14h. Próximo das 18h, um telefonema da mulher perguntando pela filha fez Bastos correr para o estacionamento da delegacia, onde deixara Alice dentro do seu Golf.

A menina foi levada ao Hospital Vida & Saúde, onde foram realizados durante uma hora procedimentos para reanimá-la. A morte teria sido causada por desidratação aguda, motivada pelo calor. Em estado de choque, o pai foi internado e medicado com calmantes. Segundo o hospital, ele foi liberado ao meio-dia de ontem, para comparecer ao velório, no salão paroquial da Igreja Matriz.

O delegado Márcio Steffens, da regional de Santa Rosa, afirma que um inquérito foi aberto para apurar as circunstâncias da morte.

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