A MORTE DO POLICIAL CIVIL EM AÇÃO - O mesmo efetivo de 20 anos atrás - HUMBERTO TREZZI, ZERO HORA, 08/10/2011
A perplexidade pela morte prematura do policial civil Luis Antônio Medeiros de Matos, 42 anos, tomou conta da dezena de agentes e pelo menos sete delegados que foram à casa onde o inspetor foi morto. Policiais mais antigos reclamavam da falta de agentes para fazer operações em Caxias do Sul, principal cidade em uma das regiões mais acossadas pelo narcotráfico no Estado.
– A gente sempre dizia que um dia poderia acontecer uma tragédia como essa. Esperaram acontecer. Quero ver o que vão fazer agora – desabafou um escrivão.
Como não se tratava de uma operação especial, a delegacia distrital não solicitou reforço sob a alegação de que isso significaria comprometer o trabalho das outras delegacias, que também contam com um número escasso de agentes. Caxias conta com cem policiais, o mesmo efetivo de 20 anos atrás, quando a cidade tinha pelo menos a metade dos atuais 440 mil habitantes.
O chefe da Polícia Civil, delegado Ranolfo Vieira Júnior, reconhece o problema histórico no efetivo.
– A falta de pessoal é o nosso maior problema mas, agora, não posso fazer qualquer ligação disso com o fato. Nesse momento, estamos preocupados com o atendimento ao delegado e à família do agente morto – disse Ranolfo.
O chefe de polícia afirmou que um curso que deve iniciar em janeiro irá formar 250 inspetores e 250 escrivães. Ranolfo afirmou que estará em Caxias do Sul hoje. O secretário estadual de Segurança Pública, Airton Michels, também estará na cidade.
Conforme a assessoria de imprensa da secretaria, Michels não ficará para a cerimônia de cremação prevista para as 14h30min, no Memorial Crematório São José. O policial está sendo velado na Capela D do Memorial São José (Rua Vinte de Setembro, 3.167).
Antes de passar no velório, Michels fará uma visita ao delegado Marcelo Grolli, internado no Hospital Pompeia. Ainda segundo a assessoria de imprensa, Michels não anunciará reforço no efetivo. Ele irá exclusivamente para prestar solidariedade à família do policial morto e ao delegado ferido.
A Associação dos Delegados de Polícia do Estado do Rio Grande do Sul (Asdep) manifestou seu pesar ontem “pelos lamentáveis acontecimentos verificados em Caxias do Sul”. Em nota, a associação afirma que “designados para defenderem a sociedade, muitas vezes os policiais são forçados a se exporem a riscos, em sua luta diária contra a crescente criminalidade que preocupa a todos.”
O perfil - Agente passou pelo Exército e pelos bombeiros antes de ingressar na Polícia Civil:
- O policial civil Luis Antônio Medeiros de Matos, 42 anos, nasceu em Palmeira das Missões, na Região Norte.
- Depois de servir ao Exército em Ijuí, Matos transferiu-se para Caxias do Sul.
- Tornou-se bombeiro, função que exerceu por, pelo menos, três anos.
- Em 1993, passou no concurso para a Polícia Civil.
- Três anos depois, formou-se em Direito pela Universidade de Caxias do Sul (UCS).
- O inspetor trabalhou em praticamente todas as delegacias da cidade, mas passou mais tempo nos 1º e 3º Distritos e na Defrec.
- Matos tinha uma filha de 11 anos, que reside com a mãe.
- O policial civil morava com um sobrinho, que há um ano passou em um concurso na corporação.
Conheci o Matos... como um bom amigo, sereno, sensível... nada aparentava de arrogância, nem rudez de comportamento por ser policial, vivia sem misturar as coisas, não demonstrava jamais o peso provável da sua profissão... muitos pensam que policiais agem como os inconsequentes "agentes do cinema" mas certamente não ocorreu com ele, a sociedade não tem piedade, nem compromisso com os homens da lei... julgam sem saber, como se não fossem homens/mulheres com família... a mídia costuma dar muito enfoque a corrupção, e quando temos um herói, sua ação é motivo de dúvida e descrédito... Não há quem vá dizer nada que desabone o Matos a menos que nunca tenha olhado nos olhos dele. Saudade.
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